29 setembro 2023

IMAGEM VERSUS ÍDOLO: A IGREJA CATÓLICA É IDÓLATRA POR TER IMAGENS?


 Por Cássio José*

Essa pergunta é tão antiga quanto a arca de Noé! Quero esclarecer suas dúvidas a respeito de tais ataques com a própria Palavra de Deus e as orientações da Igreja. Pegue sua Bíblia e me acompanhe nesse estudo bíblico:

ESTUDO APOLOGÉTICO (EM DEFESA DA FÉ)

 IMAGEM VERSUS ÍDOLO: A IGREJA CATÓLICA É IDÓLATRA POR TER IMAGENS?

 

 

01. PRESSUPOSTOS INICIAIS.

 

Há uma grande confusão na cabeça de muitos católicos quando, abordados por protestantes, eles afirmam que a Igreja Católica é idólatra e que nós já estamos todos no inferno, por conta de termos imagens em nossos templos. Esse tem sido um questionamento e estratégia usados por partes dos protestantes para arrastarem muitos católicos desconhecedores da Palavra de Deus, para suas denominações. Muitos, dessa forma, têm caído no erro, deixando a única Igreja fundada por Jesus Cristo, ao acharem que ela é a besta do Apocalipse, que o Papa é o seu anticristo e que as práticas da Igreja Católica são contrárias ao que está escrito na Bíblia Sagrada. Tudo pura ilusão e engano!!!

Vejamos uma passagem bíblica, muito usada por eles, para a nossa reflexão e estudo:

            “Não farás para ti imagem esculpida, nem figura alguma do há em cima no céu, nem embaixo na terra nem nas águas debaixo da terra. Não te prostrarás diante delas e não lhes prestarás culto”. (Ex 20,4)

            A primeira vista, temos a impressão de que de fato existe alguma coisa de errado em colocar imagens em igrejas e outros lugares. Todavia, quando examinamos as Sagradas Escrituras e também a prática dos primeiros cristãos transmitida até os nossos dias, pelo ensinamento da Igreja, encontramos algo diferente: Deus permitiu em determinados casos o uso de imagens, e nunca a Igreja Católica levou seus fiéis a adorá-las.

 

            Desde os primeiros séculos dos cristãos (muitos mártires) pintaram e esculpiram imagens de Jesus, de Nossa Senhora, dos Santos e dos Anjos, inicialmente nas Catacumbas, não para adorá-las, mas para venerá-las.

            As Catacumbas e as igrejas de Roma, dos primeiros séculos, são testemunhas disso. Só para citar um exemplo, podemos mencionar aqui o fragmento de um afresco da Catacumba de Priscila, em Roma, do início do século III. É a mais antiga imagem da Santíssima Virgem, uma das mais antigas da arte cristã, sobre o mistério da Encarnação do Verbo. O Catecismo da Igreja traz uma cópia dessa imagem (Ed. de bolso, Ed. Loyola, pág. 19).

            Este exemplo mostra que desde os primeiros séculos, como já foi afirmado acima, os primeiros cristãos já tinham o salutar costume de representar os mistérios da fé por imagens, ícones ou estátuas.

            É o caso de se perguntar, então: Será que foram eles (muitos mártires!) “idólatras” por cultuarem essas imagens? É claro que não! Eles foram santos, mártires, derramaram, muitos deles, o sangue em testemunho da fé, exatamente para não praticarem a idolatria queimando incenso ao deus imperador César.     

            Seria blasfêmia acusar os primeiros mártires da fé, de idólatras. Eles fizeram e pintaram as primeiras imagens.

 

 

02. ENTENDENDO O SIGNIFICADO DE IDOLATRIA: ÍDOLO DIFERENTE DE IMAGEM

 

            Idolatria é formada por duais palavras de origem grega: eidolon (ídolo) e latreia (adoração). Desse modo, significa que o ídolo é transformado em objeto de adoração ou morada de uma divindade. Num sentido mais amplo, também indica outras realidades que acabam ocupando o lugar de Deus: dinheiro, poder, lazer, pessoa, sexo, status, seita, demônios etc.

            O Catecismo da Igreja Católica assim define a idolatria que é pecado contra o primeiro mandamento:

O primeiro mandamento condena o politeísmo. Exige do homem que não acredite em outros deuses além de Deus, que não venere outras divindades além da única. A Sagrada Escritura está constantemente a lembrar esta rejeição dos «ídolos, ouro e prata, obra das mãos do homem, que «têm boca e não falam, têm olhos e não vêem...». Estes ídolos vãos tornam vão o homem: «sejam como eles os que os fazem e quantos põem neles a sua confiança» (Sl 115, 4-5.8) (40). Deus, pelo contrário, é o «Deus vivo» (Js 3, 10) (41), que faz viver e intervém na história.

 A idolatria não diz respeito apenas aos falsos cultos do paganismo. Continua a ser uma tentação constante para a fé. Ela consiste em divinizar o que não é Deus. Há idolatria desde o momento em que o homem honra e reverencia uma criatura em lugar de Deus, quer se trate de deuses ou de demônios (por exemplo, o satanismo), do poder, do prazer, da raça, dos antepassados, do Estado, do dinheiro, etc., «Vós não podereis servir a Deus e ao dinheiro», diz Jesus (Mt 6, 24). Muitos mártires foram mortos por não adorarem «a Besta» (42), recusando-se mesmo a simularem-lhe o culto. A idolatria recusa o senhorio único de Deus; é, pois, incompatível com a comunhão divina” (CIC, n. 2112-2113).

Há quem confunda imagem com ídolo. Muitas vezes, a palavra imagem é usada de forma inapropriada. Quando ela tem o sentido de deus, ou quando ela ocupa o lugar de Iahweh, torna-se ídolo. Além de que a concepção de ídolo leva em conta que o mesmo possua um espírito. Para os povos vizinhos dos hebreus, os deuses se manifestavam por intermédio de seus ídolos. Quebrar um ídolo era um escândalo digno de morte. Para abrandar a ira dos deuses, eram-lhes oferecidos sacrifícios.

O fato de os hebreus não aceitarem ídolos os tornou um povo peculiar. Até mesmo os seus templos mostravam esse lado peculiar: Deus não era representado em forma de esculturas. Eles não possuíam ídolos. Os povos vizinhos não conseguiam entender um povo que era fiel a um Deus invisível.    
  

Quantas vezes uma pessoa se escandaliza com o uso das imagens por parte dos católicos e não percebe a presença da idolatria em sua mente e em seu coração, influenciando hábitos e costumes a ponto de fazer sombra ao próprio amor de Deus. Este é o ensinamento de Paulo em Cl 3,5:

 

Mortificai, pois, os vossos membros no que têm de terreno: a devassidão, a impureza, as paixões, os maus desejos, a cobiça, que é uma idolatria”.

A idolatria é um dos mais graves pecados da criatura contra seu criador. Por quê? Significa a invasão de Deus sobre o mundo, uma diminuição da Sua glória e de Seu poder.

Comparar a proibição bíblica aos ídolos pagãos com as imagens ou estátuas usadas Igreja Católica é forçar os textos bíblicos, para levar a conclusões erradas e pecar contra a verdade. Deus condenou a adoração e o culto aos deuses pagãos. Em nenhuma Igreja Católica há estátuas ou imagens de deuses antigos ou novos. Pelo contrário, as estátuas e imagens, em nossas igrejas, recordam pessoas que realmente existiram, ás quais não se presta nenhuma adoração. Os santos representam pessoas que, em algum momento da historia cristã, tornaram conhecido, pelo exemplo de vida e palavras, o Deus único e verdadeiro. Olhando para as imagens ou estátuas e conhecendo o modo como praticaram a fé, somos desafiados a dizer: “Se eles e elas puderam viver a alavra de Deus, eu também posso”.

Até mesmo o nosso dicionário afirma que ídolo, diferenciando-o de imagem, “é uma estátua cultuada como deus ou deusa; objeto no qual se julga habitar um espírito”.

 (LEXIKON INFORMÁTICA LTDA. Ídolo. In: O dicionário Aurélio eletrônico-século XXI. Versão 3.0).

A expressão ‘imagem’ refere-se primeiro à imagem esculpida na madeira ou talhada na pedra, somente mais tarde também à imagem de fundação (Is 40,19; 44,10)”.

A religião dos judeus acabou proibindo a confecção de ídolos tanto de pessoas como de animais, apesar de alguns arqueólogos identificarem algumas imagens em sinagogas dos séculos 3 a 6 d.C. O AT proíbe a confecção de ídolos de Deus que uma pessoa poderia fabricar para si. O primeiro e o segundo mandamento não condenam os artistas plásticos da época, muito menos suas conseqüentes obras de arte. “O que se proíbe, isso sim, é que o homem fabrique uma imagem de Deus e lhe preste culto”. Em outras palavras, eles proibiam a confecção de ídolos que uma pessoa pudesse adorar como se fosse um Deus.

 

 

 

 

 

03.O OBJETIVO DA PROIBIÇÃO DA CONFECÇÃO DE ÍDOLOS

 

 

Na Torah, justamente no complemento do mandamento no decálogo e na introdução do Deuteronômio, é que o objetivo da proibição da confecção de ídolos fica mais claro. A complementação referida em Ex 20,4: Não farás para ti imagem esculpida, nem figura alguma do há em cima no céu, nem embaixo na terra nem nas águas debaixo da terra. Não te prostrarás diante delas e não lhes prestarás culto“enumera os âmbitos dos quais a imagem não deve ser tomada e estende, com isso, a proibição de imagens expressamente a todas as esferas do mundo, pois a tripartição circunscreve a totalidade do mundo” (SCHMIDT,W.H. Opus citatum, 146). 

Nesse mesmo sentido, o Deuteronômio destaca ainda o mandamento, quando proíbe a confecção de qualquer ídolo de homem, mulher ou animal (Dt 4,12-20); por mais que o Senhor Deus os tenha feito à sua imagem e semelhança.

                                                                                                             

 

A BÍBLIA E A QUESTÃO DAS IMAGENS

 

“Não farás para ti imagem de escultura representando o que quer que seja do que está em cima no céu, ou embaixo na terra, ou nas águas debaixo da terra. Não te prostrarás diante delas para render-lhes culto, porque eu, o Senhor, teu Deus, sou um Deus zeloso, que castigo a iniqüidade dos pais nos filhos, até a terceira e a quarta geração daqueles que me odeiam

 

(Deuteronômio 5, 8-9).

 

Outras: Lv 19,4; Nm 33,51-52; Dt 4,25-26; 27,14s; Sl 115,4-8; Is 2,20; 31,7... Esta é a proibição de se fabricar imagens esculpidas.

            Podemos destacar 2 aspectos principais do porquê de entender as Palavras dessa passagem bíblia, dentre outras demais, quanto a proibição de se fabricar imagens:

 

1.    DEUS NUNCA SE REVELOU DE MODO VISÍVEL, por isso seria difícil representá-lo por meio de alguma figura:

 

As narrações que aparecem no AT, nos deixa muito claro que Iahweh não permite que o ser humano o veja face a face, ele foge do olhar das pessoas. (Conf. Gn 2,21;15,12; Ex 12,22-23; 2Rs 4,4.33)

Além de os homens mais íntimos de Deus, como Moisés (Ex 3,6) e o profeta Elias (I Rs 19,13), esconderem o seu rosto da presença de Deus, os próprios serafins (Is 6,2), temem olhar para o rosto glorioso de Deus e desviam dele o olhar.

Não é possível fazer uma imagem de alguém que não se viu (Dt 4,15-18; Ex 20, 19.22; Dt 4,12; 5,23). Segundo a tradição judaica, qualquer pessoa que visse a Deus (Iahweh) face a face poderia morrer (Ex 21,19; 33,20; Jz 6,22s; 13,22; Is 6,5; Jr 30,21). Moisés viu Deus, mas pelas costas (Ex 33,23).   

 

2.    Além disso, existia A REALIDADE RELIGIOSA DOS POVOS COM OS QUAIS OS ISRAELITAS TINHAM CONTATO:

 

As nações circunvizinhas do povo israelita era politeísta e suas divindades eram representadas pelas mais diferentes imagens. Deus não queria ser confundido com nenhuma delas.

Em muitas religiões da Antiguidade, as pessoas acreditavam que as divindades se revelavam por intermédio de uma presença permanente nos ídolos que as representavam. Até mesmo os hebreus poderiam cometer tal erro. Muitas vezes essas religiões “não entendiam as imagens como o lugar onde Deus reside, mas como o próprio Deus”. (SCHMIDT,W.H. Opus citatum, 146).

 

É importante não perder de vista o fato de que a proibição diz respeito a imagens ou estátuas das divindades pagãs ou ídolos, principalmente por se tratarem de representações de seres humanos que nunca existiram, animais, astros ou outros elementos da natureza:

 

“Tende cuidado com a vossa vida. No dia em que o Senhor, vosso Deus, vos falou do seio do fogo em Horeb, não vistes figura alguma. Guardai-vos, pois, de fabricar alguma imagem esculpida representando o que quer que seja, figura de homem ou de mulher, representação de algum animal que vive na terra ou de um pássaro que voa nos céus, ou de um réptil que se arrasta sobre a terra, ou de um peixe que vive nas águas, debaixo da terra. Quando levantares os olhos para o céu, e vires o sol, a lua, as estrelas, e todo o exército dos céus, guarda-te de te prostrar diante deles e de render um culto a esses astros, que o Senhor, teu Deus, deu como partilha a todos os povos que vivem debaixo do céu.” (Dt 4,15-19).

 

Mais tarde, por meio dos profetas, foi condenado o culto ou a adoração a homens vivos, aos quais se atribuía origem divina. Por exemplo, os reis da Babilônia, os faraós do Egito e mais tarde os imperadores romenos.

Percebemos assim a diferença entre ídolo e imagem. A idolatria existe quando se atribui a divindade ou poderes sobrenaturais a uma imagem. O verdadeiro católico sabe que as imagens não têm poderes divinos, nem virtudes pelas quais devem ser adoradas. O uso de imagens ou estátuas na Igreja Católica segue a orientação bíblica dada pelo próprio Deus em diversas ocasiões. Nesses casos o uso era para efeito decorativo e para utilizar a arte como meio para despertar a atenção para Deus.

O povo de Deus vivia na terra de Canaã, cercado de povos pagãos que adoravam ídolos em forma de imagens (Baals, Moloc, etc). Era isso que Deus proibia terminantemente. 

A prova de que Deus não condena a fabricação de imagens e sim de ídolos, é que nós encontramos na Palavra de Deus; onde o próprio Deus, em alguns momentos da história do povo israelita, dá ordens para que se faça a confecção de imagens e não de ídolos. Vejamos algumas passagens bíblicas para o nosso estudo:

 

-Quando foi construída a arca da aliança, foi dito a Moisés:

 

“Farás também uma tampa de ouro puro, cujo comprimento será de dois côvados e meio, e a largura de um côvado e meio. Farás dois querubins de ouro; e os farás de ouro batido, nas duas extremidades da tampa, um de um lado e outro de outro, fixando-os de modo a formar uma só peça com as extremidades da tampa. Terão esses querubins suas asas estendidas para o alto, e protegerão com elas a tampa, sobre a qual terão a face inclinada. Colocarás a tampa sobre a arca e porás dentro da arca o testemunho que eu te der. Ali virei ter contigo, e é de cima da tampa, do meio dos querubins que estão sobre a arca da aliança, que te darei todas as minhas ordens para os israelitas.” (Êxodo 25,17-22; Ex 37,7; I Rs 6,23; II Cr 3,10).

 

Observações: A cinco capítulos atrás, Deus já não havia proibido terminantemente a confecção de imagens esculpidas (Ex 20,4)? Como agora, o mesmo Deus manda Moisés fazer 2 querubins, ainda mais de ouro? Não seria contradição de Deus? Além disso, Deus iria falar do meio dos querubins para instruir os israelitas? Por Que Deus não fala de outro lugar? Tem que ser do meio dos querubins? Ele não é um Deus invisível?

            Outro exemplo:

“Farás o tabernáculo com dez cortinas de linho fino retorcido de púrpura violeta, púrpura escarlate e de carmesim, sobre as quais alguns querubins serão artisticamente bordados.” (Ver Ex 26, 1-31)

 

 

Também recebeu a ordem de fazer uma serpente de bronze para que os israelitas, ao olharem para ela, fossem curados do veneno das serpentes:

 

“E o Senhor disse a Moisés: “Faze para ti uma serpente ardente e mete-a sobre um poste. Todo o que for mordido, olhando para ela, será salvo.” Moisés fez, pois, uma serpente de bronze, e fixou-a sobre um poste. Se alguém era mordido por uma serpente e olhava para a serpente de bronze, conservava a vida” (Nm 21, 8-9).

 

Observação: Será que Deus não tinha outra maneira para curar o povo que havia sido picado por serpentes? Moisés não realizou as dez pragas com o seu cajado? Não saiu água da rocha com o poder de Deus, através do cajado de Moisés? E o mar vermelho não foi aberto com o poder de Deus, através do cajado de Moisés? Além disso, não seria estranho o poder de Deus manifestar o seu poder através de uma serpente de bronze? Estranhíssimo não???

 

 

Davi dá ao seu filho Salomão os planos de Deus para a construção do Templo Santo de Jerusalém:

 

Dentre todos os meus filhos - pois o Senhor me deu muitos - ele escolheu meu filho Salomão, para fazê-lo assentar sobre o trono do reinado do Senhor em Israel. É Salomão, teu filho, disse-me ele, que construirá minha casa e meus átrios, porque eu o escolhi por filho e ser-lhe-ei um pai. do altar dos perfumes, em ouro fino, com o peso; o modelo do carro, dos querubins de ouro que estendem suas asas para cobrir a arca da aliança do Senhor. Tudo isso, disse Davi, todos os modelos destas obras, foi o Senhor quem me ensinou por um escrito de sua mão. Disse Davi a Salomão, seu filho: Sê forte e, corajosamente, mete mãos à obra! Não temas nada e não te amedrontes; pois o Senhor Deus, meu Deus, estará contigo; ele não te desamparará, nem te abandonará até que tenhas acabado tudo o que se deve fazer para o serviço do templo”. (I Cr 28, 5-6.18-20)

 

Observação: Temos aqui as ordens dadas pelo próprio Deus para a construção do Templo de Jerusalém. Era Davi, quem queria construí-lo. Mas, o próprio Deus manda que seja Salomão. Entendamos: Foi o próprio Deus quem deu todos os modelos do templo escrito pela própria mão de Deus.

 

 

 O Templo de Jerusalém, segundo a Palavra de Deus, ficou detalhadamente decorado com imagens:

 

“Fez no santuário dois querubins de pau de oliveira, que tinham dez côvados de altura. Cada uma das asas dos querubins tinha cinco côvados, o que fazia dez côvados da extremidade de uma asa à extremidade da outra. Mandou esculpir em relevo em todas as paredes da casa, ao redor, no santuário como no templo, querubins, palmas e flores abertas”. (I Rs 6, 23-24.32)

 

Nos painéis enquadrados de molduras, havia leões, bois e querubins, assim como nas travessas igualmente. Por cima e por baixo dos leões e dos bois pendiam grinaldas em forma de festões”.

 

Observação: Temos aqui no Templo de Jerusalém, imagens de querubinsplantas (palmas e flores), leõesbois... Acaso não são imagens esculpidas? E Salomão por acaso não conhecia as ordens de Deus da proibição de se fabricar imagens? Por que Deus não pôs fogo no Templo de Jerusalém por ter imagens esculpidas?

 

No templo de Jerusalém havia uma bacia de bronze para a purificação dos sacerdotes. Nessa bacia havia 12 imagens de touros:

 

Hirão fez também o mar de bronze, que tinha dez côvados de uma borda à outra, perfeitamente redondo, e com altura de cinco côvados; sua circunferência media-se com um fio de trinta côvados. Por baixo de sua borda havia coloquíntidas em número de dez por côvado; elas rodeavam o mar, dispostas em duas ordens, formando com o mar uma só peça. Este apoiava-se sobre doze bois, dos quais três olhavam para o norte, três para o ocidente, três para o sul e três para o oriente. O mar repousava sobre eles, e suas ancas estavam para o lado de dentro. A espessura do mar era de um palmo; sua borda assemelhava-se à de um copo em forma de lírio; sua capacidade era de dois mil batos” (I Rs 7,23-26).

 

Observação: Salomão pede para Harã (um amigo que faz trabalhos em bronze) construir dentro do Templo, 12 bois. Era necessário construir um tanque para os sacerdotes purificarem as mãos e os pés antes de entrar no lugar sagrado, senão poderiam morrer. Hirão construiu um, que parecia uma piscina (mar de bronze). Em cada lado, erigiu três imagens de bois. São quatro lados, por tanto, 12 imagens. Neste caso, não se tratava de ídolos. Salomão manda fazer representações aceitáveis para o culto. Veja também: Ex 20,17-21; II Cr 4,1-5.  

 

04.O CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA ESCLARECE SOBRE A PROIBIÇÃO DE SE FABRICAR IMEGME ESCULPIDA (ÍDOLOS)

 

Transcrevemos abaixo o texto que está no Catecismo da Igreja Católica com relação ao primeiro mandamento, no que diz respeito às imagens esculpidas. Acompanhe:

 

«Não farás para ti nenhuma imagem esculpida...»

 

2129. Esta imposição divina comportava a interdição de qualquer representação de Deus feita pela mão do homem. O Deuteronômio explica: «Tomai muito cuidado convosco, pois não vistes imagem alguma no dia em que o Senhor vos falou no Horeb do meio do fogo. Portanto, não vos deixeis corromper, fabricando para vós imagem esculpida» do quer que seja (Dt 4, 15-16). Quem Se revelou a Israel foi o Deus absolutamente transcendente. «Ele é tudo», mas, ao mesmo tempo, «está acima de todas as suas obras» (Sir 43, 27-28). Ele é «a própria fonte de toda a beleza criada» (Sb 13, 3).

 

2130. No entanto, já no Antigo Testamento Deus ordenou ou permitiu a instituição de imagens, que conduziriam simbolicamente à salvação pelo Verbo encarnado: por exemplo, a serpente de bronze a arca da Aliança e os querubins.

 

2131. Com base no mistério do Verbo encarnado, o sétimo Concílio ecumênico, de Niceia (ano de 787) justificou, contra os iconoclastas, o culto dos ícones: dos de Cristo, e também dos da Mãe de Deus, dos anjos e de todos os santos. Encarnando, o Filho de Deus inaugurou uma nova «economia» das imagens.

 

2132. O culto cristão das imagens não é contrário ao primeiro mandamento, que proíbe os ídolos. Com efeito, «a honra prestada a uma imagem remonta ao modelo original» e «quem venera uma imagem venera nela a pessoa representada». A honra prestada às santas imagens é uma «veneração respeitosa», e não uma adoração, que só a Deus se deve:

«O culto da religião não se dirige às imagens em si mesmas como realidades, mas olha-as sob o seu aspecto próprio de imagens que nos conduzem ao Deus encarnado. Ora, o movimento que se dirige à imagem enquanto tal não se detém nela, mas orienta-se para a realidade de que ela é imagem».

 

05.A IGREJA CATÓLICA E A IDOLATRIA

 

          Desde sua origem a Igreja católica condenou de modo veemente qualquer tipo de idolatria. Uma das dificuldades do Cristianismo durante o Império romano foi justamente a sua posição contrária às divindades pagãs e ao culto ao imperador como sendo deus.

O Cristianismo foi considerado inimigo de Roma, seus seguidores foram perseguidos. Por causa da fidelidade ao Deus único, revelado por Jesus Cristo, muitos cristãos forma condenados à morte, os quais formam chamados de mártires. No século II d.C. começa o costume de celebrar cerimoniais religiosas junto ao túmulo dos mártires, e de modo especial era celebrado o dia do seu nascimento para a glória (dies natalis). Esse procedimento era para manter vivo o testemunho do martírio sofrido pela fidelidade ao Deus vivo e verdadeiro, que em Jesus Cristo nos salvou.

Uma das provas históricas do culto prestado aos mártires ficou preservada nas catacumbas de Roma. Eram apenas cemitérios subterrâneos, mas guardaram um tesouro riquíssimo de pinturas, esculturas e inscrições. Todo esse patrimônio ajuda-nos a entender os hábitos e costumes dos primeiros cristãos. As catacumbas são definidas como “o berço do Cristianismo e o arquivo das origens”.

Nelas não encontramos somente a descrição histórica das perseguições sofridas pela Igreja primitiva, mas são um dos melhores modos para voltar às raízes ou origens do Cristianismo. Nos túmulos dos cristãos e mártires encontram-se inscrições como: “Mártires santos, bons e benditos, ajudai a Ciríaco”, “Santos Mártires, lembrai-vos de Maria”; “Genciano, fiel em paz... Que me tuas orações, rogues por nós porque sabemos que estás em Cristo”.

              

 

06.CONSIDERAÇÕE FINAIS:

 

      A proibição do Ex 20,4 e do Dt 4,15-16 aplica-se às imagens culturais. Tanto no Êxodo como no Deuteronômio, a proibição de imagens refere-se às imagens de deuses estrangeiros e não de qualquer espécie de desenho, pintura ou escultura. Trata-se de ídolos e de figuras de deuses falsos que tomavam formas de pessoas, animais, astros, etc.

Tanto é assim que o mesmo Deus mandou Moisés fazer uma serpente de bronze. Essa imagem de serpente era prefiguração de Jesus pregado na cruz: João 3,14-15. Além disso, Deus determinou a Moisés fazer dois querubins para cobrirem o propiciatório: Ex 25,18-20. Salomão, quando construiu o templo, mandou fazer também querubins e outras figuras variadas, entre elas leões e bois: I Re 7,29.

Nem por isso, o templo foi desagrado de Deus. Com essas proibições, Deus procurava proteger o pequeno povo de Israel, cercado de tantos povos idólatras e ele mesmo propenso à idolatria, do perigo dessa mesma idolatria. Portanto, ao recriminar os católicos, os protestantes deveriam primeiramente provar que as imagens de Jesus Cristo, Maria Santíssima e dos santos são realmente imagens daqueles deuses estrangeiros. Uma coisa é imagem, outra é ídolo. O mesmo Deus que proibiu fazer imagens (de ídolos) mandou fazer imagens (não de ídolos), como a serpente de bronze, os querubins.   

 

07. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

 

AQUINO, Felipe Rinaldo Queiroz. De 1949 – Por que sou católico? – 17. ed. Lorena: Cleofas, 2008.

 

Bíblias usadas:

Ave Maria, 

CNBB,

Bília de Jerusalém,

Nova Tradução na Linguagem de Hoje: Tradução de João Ferreira de Almeida.

 

Catecismo da Igreja Católica

 

LIMA, Cleodon Amaral de. A proibição de fabricar ídolos: estudo exegético de Êxodo 20,1-6 e Deuteronômio 5,5-1 – 1. ed. – São Paulo: Rideel, 2006.

__________________________________________________________

*Graduado com Licenciatura Plena em Letras – Português pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e Especialista em Língua Portuguesa com Ênfase em Literatura Brasileira  pela Universidade da Aldeia de Carapicuíba, FALC. É também graduado em Pedagogia pela Uniderp – Anhaguera. Cursando Especialização em Língua Portuguesa e Filosofia pela FACIBA, Fortaleza. Membro da Renovação Carismática Católica de Camocim, servo do Grupo de Oração Renascer. Faz parte do ministério de Pregação e é Ministro da Palavra da Diocese de Tianguá.

SAGRADAS ESCRITURAS: AUTORIA/INSPIRAÇÃO, DIVISÃO BÍBLICA E GÊNEROS LITERÁRIOS

 



Por Cássio José*

 

1.      INTRODUÇÃO.

No estudo de hoje, nos deteremos a esses 3 (três) assuntos relacionados ao bloco temático INTRODUÇÃO ÀS SAGRADAS ESCRITURAS. Todo livro, tem sua autoria, isto é, quem o escreveu.

No caso da Bíblia, todos os autores pelas quais foram usados por Deus para escreverem os livros que a compõem, não escreveram o que quiseram! Registraram, no entanto, por inspiração bíblica. Sob a ação do Espírito Santo é que se deu o processo de trazer a mensagem que a Escritura Sagrada hoje registra. Claro que isso, de acordo com os vários gêneros literários que a Bíblia se apresenta.

2.      AUTORIA/INSPIRAÇÃO E VERDADE BÍBLICAS.

A característica mais importante da Bíblia não é sua estrutura e sua forma, mas o fato de ter sido inspirada por Deus. Não se deve interpretar de modo errôneo a declaração da própria Bíblia a favor dessa inspiração. Quando falamos de inspiração, não se trata de inspiração poética, mas de autoridade divina.

Muitos homens e mulheres foram escolhidos pelo Senhor para escrever as Sagradas Escrituras. Gente de muitas partes, culturas e realidades. Homens que viajaram muito e outros que não saíram de sua terra. Pessoas cultas e analfabetas contribuíram para a composição das Sagras Escrituras. Todos eles tiveram um Encontro Pessoal com Deus e mudaram de vida. Dessa forma, foram inspirados pelo Espírito de Deus para escreverem os Livros Sagrados. Claro, antes, a Revelação era transmitida através da Tradição Oral. De geração a geração a Palavra de Deus, os acontecimentos vivenciados pelo povo de Israel eram narrados para os filhos e os filhos dos filhos, e assim por diante.


2.1. ENTENDENDO A INSPIRAÇÃO DIVINA DA BÍBLIA:

Assim escreveu Paulo a Timóteo: "Toda Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça" (2Tm 3,16). Em outras palavras, o texto sagrado do

Antigo Testamento foi "soprado por Deus" (gr., theopneustos) e, por isso, dotado da autoridade divina para o pensamento e para a vida do cristão. A passagem correlata de 1Coríntios 2,13 realça a mesma verdade. Disto também falamos", escreveu Paulo, "não com palavras de sabedoria humana, mas com as que o Espírito Santo ensina, comparando as coisas espirituais com as espirituais."

Quaisquer palavras ensinadas pelo Espírito Santo são palavras divinamente inspiradas. Em 2Pedro 1,21. "Pois a profecia nunca foi produzida por vontade dos homens, mas os homens santos da parte de Deus falaram movidos pelo Espírito Santo." Em outras palavras, os profetas eram homens cujas mensagens não se originaram de seus próprios impulsos, mas foram "sopradas pelo Espírito". Pela revelação, Deus falou aos profetas de muitas maneiras (Hb 1,1): mediante anjos, visões, sonhos, vozes e milagres. Inspiração é a forma pela qual Deus falou aos homens mediante os profetas. Mais um sinal de que as palavras dos profetas não partiam deles próprios, mas de Deus é o fato de eles sondarem seus próprios escritos a fim de verificar "qual o tempo ou qual a ocasião que o Espírito de Cristo, que estava neles, indicava, ao dar de antemão testemunho sobre os sofrimentos que a Cristo haviam de vir, e sobre as glórias que os seguiriam" (l Pe 1,11).

O autor principal é um só: DeusDeus se serviu de diversos autores humanos (hagiógrafos) para escrever a Bíblia. São homens e mulheres, jovens e idosos, pais e mães de família, sacerdotes, profetisas e profetas, agricultores e pastores, artesãos e pescadores, justos e pecadores. Junto com Deus, o autor da Bíblia é o povo.

Os autores bíblicos não se isolaram em seus “escritórios” e, diantedo seu “computador”, redigiram seus livros. Os textos bíblicos antesde serem escritos, foram memória oral durante muito tempo. Antes de virar texto, a experiência de Deus era contada, celebrada, atualizada a novos tempos. Aos poucos, essa memória oral foi sendo colocada por escrito. Nesse processo todo, muitas pessoas, até gerações inteiras, deram sua contribuição. De fato, a Bíblia é um livro que é fruto de um grande mutirão.

Os autores costumam atribuir suas obras a personagensimportantes do passado: Moisés, Davi, Salomão, Isaías, Paulo...

O Catecismo da Igreja Católica, citando a Dei Verbum afirma sobre a Inspiração e Verdade da Sagrada Escritura nos parágrafos 105, 106, 107 e 108:

CIC, nº 105:

Deus é o autor da Sagrada Escritura. "As coisas divinamente reveladas, que se encerram por escrito e se manifestam na Sagrada Escritura, foram consignadas sob inspiração do Espírito Santo".

"A santa Mãe Igreja, segundo a fé apostólica, tem como sagrados e canônicos os livros completos tanto do Antigo como do Novo Testamento, com todas as suas partes, porque, escritos sob a inspiração do Espírito Santo, eles têm Deus como autor e nesta sua qualidade foram confiados à própria Igreja."

 

CIC, nº 106:

Deus inspirou os autores humanos dos livros sagrados.. "Na redação dos livros sagrados, Deus escolheu homens, dos quais se serviu fazendo-os usar suas próprias faculdades e capacidades, a fim de que, agindo ele próprio neles e por meio deles, escrevessem, como verdadeiros autores, tudo e só aquilo que ele próprio queria."

CIC, nº107:

Os livros inspirados ensinam a verdade. "Portanto, já que tudo o que os autores inspirados (ou hagiógrafos) afirmam deve ser tido como afirmado pelo Espírito Santo, deve-se professar que os livros da Escritura ensinam com certeza, fielmente e sem erro a verdade que Deus em vista de nossa salvação quis fosse consignada nas Sagradas Escrituras."

 

CIC, nº 108:

Todavia, a fé cristã não é uma "religião do Livro". O Cristianismo é a religião da "Palavra" de Deus, "não de uma palavra escrita e muda, mas do Verbo encarnado e vivo". Para que as Escrituras não permaneçam letra morta, é preciso que Cristo, Palavra eterna de Deus vivo, pelo Espírito Santo nos "abra o espírito à compreensão das Escrituras".

 

3.      DIVISÃO BÍBLICA (ORGANIZAÇÃO DA BÍBLIA).

 

A Bíblia é formada pelos seguintes livros:

·                  Antigo Testamento: Gênese, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio, Josué, Juízes, Rute, 1Samuel, 2Samuel, 1Reis, 2Reis, 1Crônicas, 2Crônicas, Esdras, Neemias, Tobias, Judite, Ester, 1Macabeus, 2Macabeus, Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes (ou Coélet), Cântico dos Cânticos, Sabedoria, Eclesiástico (ou Sirácida), Isaías, Jeremias, Lamentações, Baruc, Ezequiel, Daniel, Oséias, Joel, Amós, Abdias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuc, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias.

·                  Novo Testamento: Mateus, Marcos, Lucas, João, Atos dos Apóstolos, Romanos, 1Coríntios, 2Coríntios, Gálatas, Efésios, Filipenses, Colossenses, 1Tessalonicenses, 2Tessalonicenses, 1Timóteo, 2Timóteo, Tito, Filêmon, Hebreus, Tiago, 1Pedro, 2Pedro, 1João, 2João, 3João, Judas e Apocalipse.

Portanto, o Antigo Testamento é formado por 46 livros e o Novo Testamento reúne 27 livros.

A Bíblia foi escrita em três línguas diferentes: o hebraico, o aramaico e o grego (Koiné). Quase a totalidade do Antigo Testamento foi redigida em hebraico, embora existam algumas palavras, trechos ou livros em aramaico e grego. Quanto ao Novo Testamento, este foi completamente redigido em grego - a única exceção parece ser o livro de Mateus, originariamente escrito em aramaico, contudo esse original foi perdido de maneira que resta-nos hoje a versão em grego.

 

3.1. A BÍBLIA HEBRAICA

 

Bíblia hebraica compreende 39 livros, escritos antes de Cristo, sendo subdividida em três seções:

Torah ou Lei: compreende os cinco livros, Gêneses, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio.

Profetas anteriores: compreende os livros de Josué, Juízes, 1-2 Samuel e 1-2 Reis.

Profetas posteriores: Isaías, Jeremias, Ezequiel e doze profetas menores, isto é, de Oseias a Malaquias.

Escritos: Salmos, Provérbios, Jó, Cântico dos Cânticos, Rute, Lamentações, Eclesiastes (Qoelet), Ester, Daniel, Esdras, Neemias, 1-2 Crônicas.

 

3.2.A BÍBLIA CRISTÃ

 

A Bíblia Católica possui 73 livros (a bíblia protestante possui 66 livros apenas, dado que Martinho Lutero adotou tão somente o Cânon da Palestina), estando 46 deles no Antigo Testamento (AT) e 27 no Novo Testamento (NT). O que separa o Antigo Testamento do Novo Testamento é a Encarnação de Nosso Senhor Jesus Cristo, Salvador do mundo. Todo o Antigo Testamento irá antever e preparar a vinda do Messias, do Salvador dos homens. Já o Novo Testamento retrata todo o ensinamento de Jesus e perpetua toda a sua revelação.

O Antigo Testamento é um livro que se formou num período de tempo de aproximadamente 1250 anos. Era a Bíblia de Jesus e seus Apóstolos. Mas no tempo de Jesus o AT ainda não tinha sido fixado na sua extensão definitiva. Só no Sínodo judaico da Jammia (cerca do ano 100 d.C.) chegou-se a formação do cânon veterotestamentário (AT).

O AT, além de ser a parte mais importante da literatura hebraica, pertence aos documentos mais veneráveis da humanidade. Não pode ser compreendido se se prescinde da história do povo de Israel, da legislação que regulava sua vida e das suas formas de expressão. Nele está uma variedade de literaturas. Contém 46 livros divididos em 4 grandes grupos:

 

1.      PENTATEUCO: Palavra grega que significa cinco livros. São chamados também de Torá (Lei)porquecontém a Lei da Antiga Aliança. Fazem parte do Pentateuco os seguintes Livros Sagrados:Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio.

2.      LIVROS HISTÓRICOS: São 16 livros que narram a história do povo e seus líderes: Josué, Juízes, Rute, I e II Samuel, I e II Reis, I e II Crônicas, Esdras, Neemias, Tobias, Judite, Ester, I e II Macabeus.

3.      LIVROS SAPIENSIAIS OU DE SABEDORIA E POÉTICOS: São 7 livros que encontramos a expressão da sabedoria e dos sentimentos do Povo: ditados, poesias, cantos, orações, hinos, provérbios, nos quais o povo registra seu sentimentos e expressa sua sabedoria tirada da experiência da vida. São eles: Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes, Cântico dos cânticos, Sabedoria, Eclesiástico.

4.      LIVROS PROFÉTICOS: São 18 livros que trazem a vida e a mensagem de Deus pelos profetas, narram a formação do povo da Bíblia com a vida, nome, lutas e a fé de seus heróis e do próprio povo. São: Isaías, Jeremias, Lamentações, Baruc, Ezequiel, Daniel, Oséias, Joel, Amós, Abdias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuc, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias.

 

O Antigo Testamento era o livro lido por Jesus e pelas primeiras comunidades cristãs.

No Novo Testamento temos:

·         Evangelhos: Mateus, Marcos, Lucas e João.

·         Atos dos Apóstolos.

·         Cartas Paulinas: Romanos, I e II Coríntios, Gálatas, Efésios, Filipenses, Colossenses, I e II Tessalonicenses, I e II Timóteo, Tito, Filemon, Hebreus*.

·         Cartas Católicas (ou universais): Tiago, I e II Pedro, I, II e III João, Judas.

·         Apocalipse de São João (Livro da Revelação). 

 

Aceita-se a seguinte divisão para fins didáticos:

1.      LIVROS HISTÓRICOS: 4 Evangelhos + Atos dos Apóstolos.

2.      LIVROS DOUTRINAIS: 21 Epístolas (Paulo, Tiago, Pedro, João e Judas).

3.      LIVRO PROFÉTICO: Apocalipse.

3.3.OS DOIS TESTAMENTOS (A.T./N.T.) E A SUA UNIDADE EM CRISTO JESUS

Estudiosos cristãos frisaram a unidade existente entre esses dois testamentos da Bíblia sob o aspecto da Pessoa de Jesus Cristo, que declarou ser o tema unificador da Bíblia.1 Agostinho dizia que o Novo Testamento acha-se velado no Antigo Testamento, e o Antigo, revelado no Novo. Outros autores disseram o mesmo em outras palavras: "O Novo Testamento está no Antigo Testamento ocultado, e o Antigo, no Novo revelado". Assim, Cristo se esconde no Antigo Testamento e é desvendado no Novo.

4.      GÊNEROS LITERÁRIOS E SUA IMPORTÂNCIA

A mensagem da salvação, da qual a Bíblia se faz porta-voz, vem proposta e expressa nos textos sob variadas formas: indo de relatos históricos a textos poéticos, de cânticos de vitórias a lamentações proféticas, de textos jurídicos a hinos litúrgicos, das parábolas às genealogias, de trechos dogmáticos a exortações fraternas.

Essas diversas “técnicas” expressivas são chamadas pelos estudiosos de gêneros literários. Trata-se de antigas formas linguísticas ligadas às diferentes maneiras de informar; os cânticos de vitórias; os códigos legais. Fazendo uma classificação sumária, podemos distinguir dois grandes gêneros literários: poesia e prosa. Dentre eles, são classificados outros gêneros menores.

 

4.1. Textos em poesia

Dentre eles, distinguem-se poemas de amor (por exemplo, o Cântico dos Cânticos), as bênçãos, os cânticos de agradecimento, as súplicas, as lamentações, os hinos de louvor, os oráculos proféticos. Cada gênero adota uma linguagem específica a ser decifrada à luz do contexto específico: um trecho poético apresentado no Cântico dos Cânticos é diferente de uma lamentação profética. A este gênero pertence também a literatura sapiencial, cujo objetivo é transmitir às gerações futuras a reflexão e a experiência dos sábios. É expressa por adágios, ditos populares, sentenças, poemas temáticos, pequenos tratados.

4.2. Texto em prosa.

A classificação dos textos em prosa é mais ampla e complexa. Encontramos documentos de caráter histórico, como os anais; as crônicas; as genealogias; os evangelhos; as narrações didáticas, como as parábolas; as cartas, como as de Paulo, Pedro, Tiago, João, Judas; tratados teológicos; os relatos dos milagres; os relatos da infância e os discursos proféticos, nos quais mensagens singulares, em nome de Deus, remetem a destinatários preciosos com alocuções, vaticínios, palavras fortes.

Cada gênero literário comunica uma mensagem precisa. É quando o ato de escrever torna-se uma arte. O tema pode ser o mesmo, ou seja, um assunto pode ser tratado por um filósofo, um poeta, um historiador, um cientista. Cada uma dessas áreas aborda um mesmo tema com linguagem específica, recortando-o a seu modo, conferindo a ele uma característica particular.

Os gêneros literários não podem ser ignorados no aprendizado da arte da escrita e de sua leitura.

Para descobrir a intenção dos hagiógrafos, devem-se levar em conta entre outras coisas, também os gêneros literários. Pois a verdade é apresentada e expressa de maneiras diferentes nos textos que são de vários modos históricos, proféticos ou poéticos, ou nos demais gêneros de expressão (Dei Verbum, 12).


____________________________________________________________

Graduado com Licenciatura Plena em Letras – Português pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e Especialista em Língua Portuguesa com Ênfase em Literatura Brasileira  pela Universidade da Aldeia de Carapicuíba, FALC. É também graduado em Pedagogia pela Uniderp – Anhaguera. Cursando Especialização em Língua Portuguesa e Filosofia pela FACIBA, Fortaleza. Membro da Renovação Carismática Católica de Camocim, servo do Grupo de Oração Renascer. Faz parte do ministério de Pregação e é Ministro da Palavra da Diocese de Tianguá.


REFERÊNCIAS:


- Bíblias: de Jerusalém, Bíblia TEB de estudo, Tradução da CNBB, Bíblia Ave Maria;

- Catecismo da Igreja Católica;

- Constituição Dogmática Dei Verbum.

Cássio José: blog 100% Católico

IMAGEM VERSUS ÍDOLO: A IGREJA CATÓLICA É IDÓLATRA POR TER IMAGENS?

 Por Cássio José* Essa pergunta é tão antiga quanto a arca de Noé! Quero esclarecer suas dúvidas a respeito de tais ataques com a própria Pa...

Total de visualizações de página