28 abril 2020

O DOGMA DA SEGUNDA VINDA DE CRISTO NA IGREJA CATÓLICA APOSTÓLICA ROMANA: SAGRADA ESCRITURA, SAGRADA TRADIÇÃO E SAGRADO MAGISTÉRIO.


                                                                                  Por Cássio José



A Igreja Católica tem como Doutrina de Fé a Segunda Vinda de Cristo! Essa verdade bebe tanto da Sagrada Escritura, da Sagrada Tradição e do Sagrado Magistério da Igreja.

1. A SAGRADA ESCRITURA E A SEGUNDA VINDA DE CRISTO.

Ø  FOI PROMESSA DE JESUS:
Na casa de meu Pai há muitas moradas. Não fora assim, e eu vos teria dito; pois vou preparar-vos um lugar. Depois de ir e vos preparar um lugar, voltarei e tomar-vos-ei comigo, para que, onde eu estou, também vós estejais.
(João 14, 2-3)
            Além de o próprio Senhor Jesus ter feito essa promessa aos seus apóstolos no episódio da última Ceia, o próprio Jesus fez um sermão escatológico quando foi indagado pelos seus próprios apóstolos acerca das últimas coisas ou do Fim do Mundo:
  • Mateus 24-25; Marcos 13, Lucas 21, 5-36.
Ø  Algumas passagens sobre a Segunda Vinda:
Não são poucas as passagens que alertam quanto ao retorno glorioso de Jesus. Trouxemos algumas para você ler:
Dn 2, 44-45; 7,9-14; 12,1-3/ Zc 12,10; 14,1-15/ Mt 13,41; 24,15-31; 26,64/ Mc 13,14-27; 14, 62/ Lc 21,25-28/ At 1,9-11; 3,19-21/ 1 Ts. 3, 13/ 2 Ts. 1, 6-10; 2,8/ 1 Pd 4,12-13/ 2 Pd 3, 1-14/ Jd 14-15 / Ap 1,7; 19,11; 20, 6; 22,7.12.20.

2. A SAGRADA TRADIÇÃO E A SEGUNDA VINDA DE JESUS.

Em toda a história da Igreja Católica, percebemos que o desejo da volta de Jesus é grande. Seja pela liturgia de todos os tempos, seja pela vida dos santos, seja pelos discursos dos Papas ao longo da história da Igreja, conforme os tempos em que o povo ia vivendo.

 A VIDA DOS SANTOS É UM ANÚNCIO DE QUE JESUS VAI VOLTAR. Um aspecto fundamental quando afirmamos que a Sagrada Tradição declara que Jesus vai voltar, é na vida dos santos! A busca da santidade por muitos homens e mulheres de todas as épocas, lugares e realidades provam que Jesus vai voltar. Afinal de contas, o santo é aquele que teve uma experiência pessoal com o Senhor e Salvador Jesus Cristo, abandonou as práticas mundanas para proclamar a este mundo Jesus de Nazaré para assim todos se converterem a Jesus também e um dia morarem no Céu por toda a eternidade. O livro Os Santos do Calendário Romano depois de apresentar os principais santos da história da Igreja, traz as Quatro Dimensões da Santidade. São as seguintes:

1º.    Dimensão crístico-pneumatológica;
2º.    Dimensão eclesiológica;
3º.    Dimensão escatológica;
4º.    Dimensão antropológica.
Quando a Igreja traz a DIMENSÃO ESCATOLÓGICA para a vida dos santos ela traz as seguintes características para os mártires, pastores, doutores, virgens e santos e santas:
ü   A dimensão escatológica, essencial à santidade como sinal do reino (cf. LG 50), brilha principalmente nos mártires, os quais, por uma morte chamada PRECIOSA E GLORIOSA, já são herdeiros do reino dos céus;
ü  Eles são denominados de ESTRELAS NA ETERNIDADE, as quais perpetuam seus nomes pelos séculos;
ü   A nota escatológica é no sentido de que eles já são participantes da coroa eterna na cidade celeste.

O próprio Calendário Romano dos Santos diz que São Vicente Ferrer é mencionado explicitamente pelo fato de ter sido um PREGADOR ESCATOLÓGICO e que anunciou na terra o JUIZ que vem. O Calendário Romano dos Santos ainda diz (p.644) o seguinte:

Em todo caso, o pastor, especialmente se missionário do Evangelho, é também anunciador da espera vigilante do encontro definitivo com o Senhor.

(Os Santos do Calendário Romano, pág. 644quando trata da Dimensão Escatológica na vida dos santos) 

Quando o Calendário Romanos dos Santos traz a vida de São Vicente Ferrer, páginas 129-131, ele nos detalha as seguintes informações:

Ø  Ele é celebrado no dia 5 de abril;
Ø  São Vicente Ferrer era sacerdote e pregador dominicano;
Ø  Ele era um pregador escatológico e muito usado por Deus para realizar milagres;
Ø  Esse santo foi suscitado por Deus na Igreja como pregador infatigável do evangelho, a fim de chamar os homens para a espera vigilante do Juízo;
Ø  Em Salamanca, as pessoas lhe perguntavam pelos sinais do juízo final e respondia que NÃO HAVIA MELHOR SINAL DO QUE A MISERICÓRDIA DE DEUS, a qual até então operara mais de três mil milagres por meio do pecador que estava diante delas. 

O pedido final do Oremos ou Coleta, da Memória de São Vicente Ferrer, destaca que ele foi um ANUNCIADOR DA SEGUNDA VINDA DE JESUS CRISTO COMO JUIZ e convida-nos a nos preparar para a vinda do Senhor, a fim de o contemplarmos na glória celeste:

Ó Deus, que suscitastes na Igreja o presbítero são Vicente Ferrer para a pregação do vosso evangelho, daí-nos a alegria de contemplar no céu o Cristo, nosso rei, cuja vinda como juiz foi por ele anunciada. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 [Oremos em comemoração facultativa da vida de São Vicente Ferrer: Liturgia Diária, Abril de 2019: págs. 28 e 29]

Santo Agostinho, Bispo e Doutor da Igreja, já no século V, exortava os cristãos quanto aos que receiam a Segunda Vinda de Cristo:

“Quem não tem inquietação aguarda a segunda vinda de seu Senhor. Pois que amor a Cristo é esse que teme a sua chegada? Irmãos, não nos envergonhemos! Amamos e temos medo de sua vinda. Será que amamos? Ou amamos muito mais nossos pecados? Odiemos, por tanto, estes mesmos pecados e amemos aquele que virá castigar os pecados. Ele virá, quer queiramos, quer não. Se ainda não veio, não quer dizer que não virá. Virá em hora que não sabes; se te encontrar preparado, não haverá importância não saberes”.
 [Do livro Alimento Sólido, professor Felipe Aquino, pág. 61]


O Papa Bento XVI, assim afirmou na sua Homilia da Missa de inauguração da V Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe:


O Espírito acompanha a Igreja no longo caminho que se estende entre a primeira e a segunda vinda de Cristo: “vou, e volto a vós”(Jo 14,28), disse Jesus aos apóstolos. Entre a “ida” e a “volta” de Cristo está o tempo da Igreja, que é o seu corpo, estão esses dois mil anos (2009) transcorridos até agora”.

                [Homilia da Missa de Inauguração da V Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe. Ver Documento de Aparecida, p. 277, 5. edição, 2008]


3. O SAGRADO MAGISTÉRIO E A SEGUNDA VINDA DE CRISTO.

A teologia da Igreja Católica declara como DOGMA DE FÉ a doutrina e realidade sobre a Segunda Vinda de Jesus.
Desde a Ascensão, o desígnio de Deus entrou na sua consumação. Estamos já na «última hora» (1 Jo 2, 18). Portanto, a era final do mundo já chegou para nós, e a renovação do mundo já está irrevogavelmente realizada e, de certo modo, já está antecipada nesta terra. Pois já na terra a Igreja se reveste de verdadeira santidade, embora imperfeita.

(Catecismo da Igreja Católica, n. 670)
            
A Igreja sabe que a partir da Ascensão de Cristo na glória pode acontecer a qualquer momento, diz o nosso Catecismo, embora ninguém saiba quando será.

A partir da Ascensão, o advento de Cristo na glória é iminente, embora não nos «caiba conhecer os tempos e os momentos que o Pai fixou com a sua própria autoridade» (At 1, 7). Este acontecimento escatológico pode ocorrer a qualquer momento, ainda que estejam «retidos», tanto ele como a provação final que há de precedê-lo.

(Catecismo da Igreja Católica, n. 673)

Vejamos alguns exemplos nos documentos oficiais do Magistério da Igreja pertinentes ao anúncio dogmático sobre a Segunda Vinda de Cristo:
Ø  CREDO – PROFISSÃO DE FÉ:
·         SÍMBOLO APOSTÓLICO:
Subiu aos céus; está sentado à direita de Deus-Pai, todo-poderoso, donde HÁ DE VIR (i.e: VOLTARÁ) a julgar os vivos e os mortos.
·         SÍMBOLO NICENO-CONSTANTINOPOLITANO:
E de novo HÁ DE VIR, EM SUA GLÓRIA, para julgar os vivos e os mortos; e o seu reino não terá fim.
Ø  CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA:
v  Ele voltará na glória: CIC, parágrafos: 668, 669, 670, 671, 672;
v  O Dia e a hora e a Provação Final estão no desconhecimento (retidos): CIC, parágrafos 673;
v  Israel precisa reconhecer a Jesus como Messias enviado e se converter: CIC, parágrafo 674: Uma parte de Israel se endureceu na incredulidade para com Jesus. Os judeus precisam se converter a Jesus Cristo antes de sua Segunda Vinda;
v  Provação derradeira (Grande Tribulação) que a Igreja enfrentará: CIC, parágrafo 675 e 676:
Nesses 2 parágrafos a Igreja nos alerta para os seguintes acontecimentos escatológicos:
A Igreja passará por uma Provação Final que abalará a fé de muitos crentes, acontecerá a perseguição dos cristãos, o mundo vai receber o mistério da iniqüidade através da impostura religiosa e do surgimento do Anticristo (o pseudo-messianismo) que fará sinais enganadores (2 Ts 2,4-12; I Ts 5, 2-3; II Jo 7; I Jo 2, 18.22).   
v  Jesus voltará para julgar os vivos e os mortos: parágrafos 678, 679, 680, 681, 682.
v  Parágrafo 1040: O Juízo Final acontecerá por ocasião da volta gloriosa de Cristo.
v  A Igreja fala sobre o Juízo Particular: parágrafos do CIC 1021-1022;
v  A Igreja fala sobre o Céu:  parágrafos do CIC 1023-1029;
v  A Igreja fala sobre a purificação final ou Purgatório: parágrafos do CIC 1030-1032;
v  A Igreja fala sobre o Inferno: parágrafos do CIC 1033-1037;
v  A Igreja fala sobre o Juízo Final: parágrafos do CIC 1038-1041;
v  A Igreja fala sobre a esperança dos céus novos e da terra nova: parágrafos do CIC 1042-1050.

Ø  A MISSA ANUNCIA A VINDA DE CRISTO E ANTECIPA AS NÚOCIAS DO CORDEIRO.
·         Catecismo da Igreja Católica, n. 671:
Por este motivo os cristãos oram, sobretudo na Eucaristia, para apressar a volta de Cristo, dizendo-lhe: Vem, Senhor (Ap 22,20).
·         CIC, n. 1111:
Por meio de suas ações litúrgicas a Igreja peregrina já participa, por antecipação, da liturgia celeste.
·         CIC, n. 1354:
Na anamnese (na Oração Eucarística) que segue, a Igreja faz memória da Paixão, da Ressurreição e DA VOLTA GLORIOSA DE CRISTO JESUS; ela apresenta ao Pai a oferenda de seu Filho que nos reconcilia com ele.
·         CIC, nos parágrafos 1137, 1138 e 1139 fala sobre OS CELEBRANTES DA LITURGIA CELESTE:
 1137. O Apocalipse de São João, lido na liturgia da Igreja, revela-nos, primeiramente, um trono preparado no céu, e Alguém sentado no trono, «o Senhor Deus» (Is 6, 1). Depois, o Cordeiro «imolado e de pé» (Ap 5, 6): Cristo crucificado e ressuscitado, o único Sumo-Sacerdote do verdadeiro santuário, o mesmo «que oferece e é oferecido, que dá e é dado»(5). Enfim, «o rio da Vida [...] que corre do trono de Deus e do Cordeiro» (Ap 22, 1), um dos mais belos símbolos do Espírito Santo.
1138. «Recapitulados» em Cristo, tomam parte no serviço do louvor de Deus e na realização do seu desígnio: os Poderes celestes, toda a criação (os quatro viventes), os servidores da Antiga e da Nova Aliança (os vinte e quatro anciãos), o novo povo de Deus (os cento e quarenta e quatro mil), em particular os mártires, «degolados por causa da Palavra de Deus» (Ap 6, 9) e a santíssima Mãe de Deus (a Mulher; a Esposa do Cordeiro enfim, «uma numerosa multidão que ninguém podia contar e provinda de todas as nações, tribos, povos e línguas» (Ap 7, 9).
1139. É nesta liturgia eterna que o Espírito e a Igreja nos fazem participar, quando celebramos o mistério da salvação nos sacramentos.
·         CIC, n. 1402: a Eucaristia é a antecipação da glória celeste.
·         CIC, n. 1403:
Na última ceia, o próprio Senhor chamou a atenção dos seus discípulos para a consumação da Páscoa no Reino de Deus: «Eu vos digo que não voltarei a beber deste fruto da videira, até o dia em que beberei convosco o vinho novo no Reino do meu Pai» (Mt 26, 29) . Sempre que a Igreja celebra a Eucaristia, lembra-se desta promessa, e o seu olhar volta-se para «Aquele que vem» (Ap 1, 4). Na sua oração, ela clama pela sua vinda: «Marana tha» (1Cor 16, 22), «Vem, Senhor Jesus!» (Ap 22, 20), «que a Tua graça venha e que este mundo passe!».
·         CIC n, 1404:
E é por isso que nós celebramos a Eucaristia «expectantes beatam spem et adventum Salvatoris nostri Jesu Christi – enquanto aguardamos a feliz esperança e a vinda de Jesus Cristo nosso Salvador.

·         Na LITURGIA DO ADVENTO encontramos a seguinte oração:



Na verdade, é justo e necessário, é nosso dever e salvação dar-vos graças, sempre e em todo lugar, Senhor, Pai santo, Deus eterno e todo-poderoso, por Cristo, Senhor nosso.

Revestido de nossa fragilidade, ele veio a primeira vez para realizar seu eterno plano de amor e abrir-nos o caminho da salvação.
Revestido de sua glória, ele virá uma segunda vez para conceder-nos em plenitude os bens prometidos que hoje, vigilantes, esperamos.

Por essa razão, agora e sempre, nós nos unimos aos anjos e a todos os santos, cantando (dizendo) a uma só voz....”
(Prefácio do Advento I).

NA ORAÇÃO EUCARÍSTICA ANUNCIAMOS A SEGUNDA VINDA DE CRISTO:

·         Oração Eucarística I (Missal, página 469), Oração Eucarística II (Missal, página 477):
Eis o mistério da fé!
AS: Todas as vezes que comemos deste pão e bebemos deste cálice, anunciamos, Senhor, a vossa morte e enquanto esperamos a vossa vinda!
·         Oração Eucarística III (Missal, página 482):
Eis o mistério da fé!
AS: Todas as vezes que comemos deste pão e bebemos deste cálice, anunciamos, Senhor, a vossa morte enquanto esperamos a vossa vinda!
PR: Celebramos agora, ó Pai, a memória do vosso Filho, da sua paixão que nos salva, da sua gloriosa ressurreição e de sua ascensão ao céu, e enquanto esperamos A SUA NOVA VINDA, nós vos oferecemos em ação de graças este sacrifício de vida e santidade.
·         Oração Eucarística V (Missal, página 495):
Tudo isto é mistério da fé!
AS: Toda vez que se come deste pão, toda vez que se bebe deste vinho, se recorda a paixão de Jesus Cristo e se fica esperando a sua volta! 

·         Rito da Comunhão:

PR: O Senhor nos comunicou o seu Espírito. Com a confiança e a liberdade de filhos e filhas, digamos juntos:
AS: Pai nosso que estais nos céus...
PR: Livrai-nos de todos os males, ó Pai, e dai-nos hoje a vossa paz. Ajudados pela vossa misericórdia, sejamos sempre livres do pecado e protegidos de todos os perigos, enquanto, vivendo a esperança, AGUARDAMOS A VINDA DO CRISTO SALVADOR.
AS: Vosso é o reino, o poder e a glória para sempre!

Ø  Oração do Pai Nosso

O Catecismo da Igreja Católica (CIC, n. 2818) nos ensina ao refletir sobre o SEGUNDO PEDIDO DO PAI NOSSO, que é VENHA A NÓS O VOSSO REINO (Mateus 6, 10) que nesse pedido da Oração do Senhor, trata-se principalmente da vinda final do Reinado de Deus mediante o RETORNO DE CRISTO:
Na oração do Senhor, trata-se principalmente da vinda final do Reinado de Deus mediante O RETORNO DE CRISTO. Mas este desejo não distrai a Igreja da sua missão neste mundo, antes a empenha nela. Porque, desde o Pentecostes, a vinda do Reino é obra do Espírito do Senhor, «para continuar a sua obra no mundo e consumar toda a santificação».
(Catecismo da Igreja Católica, n. 2818)

Vale a pena assistir ao vídeo que resumo esse Dogma de Fé no âmbito Católico acerca da Segunda Vinda de Cristo:

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