22 novembro 2020

O QUE É ORAR E VIGIAR?

 



Essa foi a pergunta que me fizeram nesta manhã quando uma pessoa do Grupo Renascer ao fazer leituras de Mt 24 e 25 com outros irmãos, se perguntaram: O que é orar e vigiar? Reflitamos juntos nesta postagem:

São essas as expressões que nós encontramos na Palavra de Deus quando Jesus conversando com seus discípulos, após estes lhes mostrarem as construções do templo de Jerusalém, narra todo um vasto conjunto de acontecimentos que precedem a sua Segunda Vinda. Acompanhe:

“Vigiai, pois, por que não sabeis a hora em que virá o Senhor”. (Mt 24, 42)

“Vigiai, pois, por que não sabeis nem o dia nem a hora” (Mt 25, 13)

“Ficai de sobreaviso, vigiai; por que não sabeis quando será p tempo”. (Mc 13, 33)

“Vigiai, pois visto que não sabeis quando o Senhor da casa voltará, se a tarde, se a meia-noite, se ao cantar do galo, se pela manhã, para que, vindo derepente, não vos encontre dormindo. O que vos digo, digo a todos: vigiai”. (Mc 13, 35-37)

“ Vigiai pois, em todo o tempo, orando, para que possais escapar de todas essas coisas que hão de acontecer, e estar em pé na presença do Filho do homem” ( Lc 21, 36)


Nós cristãos não precisamos ter medo quanto a Segunda Vinda de Cristo! A final de contas, Jesus voltará para nos buscar por que ele mesmo está preparando um lugar para nós, os seus eleitos, no céu ( Jo 14,2-3).
Só um detalhe, já pra iniciar-mos a nossa conversa: Jesus virá como justo juiz. Não mais com relação ao pecado, e sim, para buscar os seus eleitos: aqueles que o esperam (Hb 9,28), e trazer-lhes a salvação. Por tanto, nada de ter medo! Você está esperando por Jesus e por sua Segunda Vinda?

Os que estiverem com medo, ou que no Grande Dia do Senhor (II Pd 3,10) estarão tão apavorados como nunca, certamente são os que não querem hoje compromisso com o Senhor Jesus e vivem um evangelho meio-termo e um catolicismo desmantelado: dia vou a Missa, dia não vou. Hoje, eu rezo, amanhã quem sabe... e assim por diante. A esses, no dia não haverá temo e nem permissão para o arrependimento, uma vez que tem que ser hoje, agora, nesse momento. (Você já pode aproveitar agora mesmo para pedir perdão a Deus dos teus pecados e procurar um sacerdote para confessar tudo e pedir a absorvição dos teus pecados. Dessa maneira, você estará voltando para os braços de Deus semelhante ao filho pródigo).

ORAR é ter intimidade com Deus! É você ser guiado pelo Espírito Santo. Basta vermos que o próprio Jesus orava sem cessar: tudo o que fazia era-lhe ordenado pelo próprio Deus e ministrado pelo Espírito Santo.

Aprendemos com certeza na catequese ou em algum movimento ou pastoral da Igreja, que é na oração que somos fortes, que a oração é conversar com Deus. É tratá-lo como o nosso melhor amigo: aquele que podemos conversar de tudo e até pedir os seus ombros pra chorar.

A oração é o alimento da alma. Assim como você necessita de alimento para estruturar o teu corpo e mantê-lo de pé; assim, na oração temos o combustível para enfrentarmos os dias difíceis e manter-mos inabaláveis nas situações complicadas.

Todo o que ora, é guerreiro e vitorioso. Orar, é também, subir no monte de Deus para conversar com ele “face a face” e descer com um rosto resplandecente da glória de Deus. É na oração que derrotamos os nossos inimigos espirituais e depositamos diante de Deus todo o nosso ser como oferta viva e agradável ao Senhor. Ela é a nossa arma! Talvez, uma das mais poderosas que muitas pessoas não usam-na.

A oração na categoria em que Jesus fala nesses textos da Sagrada Escritura, é muito voltada para nos preparar-mos. Para estar-mos prontos, afiados para voltar-mos pro nosso lugar: o céu! Se ele vai voltar para buscar os seus, e nós estamos neste mundo sabendo que não é o nosso lugar, por que somos estrangeiros aqui, e nele (este mundo) há tudo o que não compete a nós cristãos buscar-mos e seguir-mos, por tanto, é na oração que receberemos de Deus orientação para proceder-mos corretamente.

O Espírito Santo, certamente, é aquele que ministra a nossa oração bem como toda a nossa vida para em tudo glorificar-mos (I Cor 10,31) a Deus e obedecer-mos a sua santa vontade (I Ts 4,3). Então, pra ficar bem claro, quando Jesus pede pra que oremos, no caso, aqui com relação Sua Segunda Vinda, é uma precaução pra que estejamos preparados em todas as coisas caso ele volte hoje: Orar para se preparar! É nela que saberemos fazer a vontade de Deus e como agradar aquele que por nós deu a vida!

O "VIGIAR" é uma espécie de estar alerta mesmo! Comparemos com algumas situações:

Um vigia de escola, por exemplo, estar ali preparado para tudo! Ele fica logo bem no portão. Todos sabem que ele é o responsável pela segurança da escola naquele horário. Cada movimento estranho, ele já está ali para ter as devidas atitudes e os corretos procedimentos. E assim a escola ou o local que está sob sua responsabilidade fica em paz, na tranquilidade e em total segurança.

TODOS NÓS SOMOS VIGIAS! vigias do Senhor Jesus que está voltando a qualquer piscar de olhos e vigia, sobretudo, dos nossos atos para saber-mos se são do agrado do Senhor. Somos vigias esperando a aurora como afirma o salmista. Estamos esperando ansiosamente o amanhecer do novo céu e da nova terra que Jesus trará para os seus eleitos!

O que as pessoas mais fazem hoje vigiar o próximo: são fofólogos! Mas, não é nessa categoria de vigias que devemos ser!

Não há nenhuma profecia bíblica em que Satanás virá uma segunda vez com todos os seus demônios ao toque das trombetas infernais ao abrir-se os portões do inferno, onde subirão das tormentas onde há choro e ranger de dentes para buscar os seus. Porém, muitos não estão se comportando como vigias que esperam o Senhor, mas, se comportam como estivessem se preparando para descerem com Satanás com o objetivo de morar eternamente com ele. Diga-se aqui de passagem que o inferno foi preparado para Satanás e seus anjos decaídos (Mt 25,41), e não para nós, filhos de Deus!

Meu querido, é hora de vigiar! E vigiar mesmo! Muitos estão brincando com Deus! São vigias de quinta categoria. Vigias do inferno e não dos céus! Aliás, não há necessidade de se vigiar pra ir pro inferno! Vigie! Vigie! e vigie!...

Somente que ora e vigia conseguirá se manter de pé quando o Filho do homem voltar! Pois são armas que os eleitos de Deus usam para não se perderem e não vacilarem quando Jesus estiver vindo por sobre as nuvens. Todo vigia se alegra bastante quando amanhece e tem que voltar pra sua casa. É! É essa maravilhosa alegria em dobro que teremos quando os nossos olhos avistarem Jesus Cristo voltando com milhares de anjos para nos buscar! Pois estamos vigiando em meio as trevas e escuridão deste mundo tenebroso! Mas como somos luz e filhos da luz, não será para as trevas que iremos!

A ordem de sempre é essa mesma: VIGIAR E ORAR! Era como se Jesus dissesse: Preste bem atenção e tome muito cuidado, por que a qualquer hora e venho buscar os meus. Por isso, é hora de VIGIAR E ORAR!


Que Deus te conceda a graça de ser um vigia esperando a aurora desse novo céu e dessa nova terra para os que Deus predestinou desde toda a eternidade! Ei? Preste bem muita atenção: Orai e vigiai... Fica com Deus!

VOCÊ SABIA QUE ATÉ ALGUNS SANTOS DA IGREJA CATÓLICA TENTARAM DATAR A SEGUNDA VINDA DE CRISTO ?

A aspiração sobre o retorno de Jesus frente aos acontecimentos de cada época fez muitos santos proclamarem a Sua volta! Toda vez quando aconteciam fatos pavorosos, calamidades de extensão mundial ou sinais na natureza, além de outros, logo se esperava que Jesus já estivesse às portas na Sua Segunda Vinda. Muitos se enganaram sobre a data da Parusia e levaram outros ao engano e ao desespero. Até grandes santos da Igreja erraram neste ponto. Podemos citar alguns exemplos dados por Dom Estêvão Bettencourt no seu Curso de Escatologia (p.118-119):

Ø  O pseudo Barnabé, em fins do século I, afirmava que o ano 6000 após a criação do mundo, seria o fim da História (epist. 15,4);

Ø  Santo Irineu (202), de Lião confirmava esta tese errada (Adv. Haer. 5, 23, 2);

Ø  Santo Hipólito de Roma (235) – chegou a afirmar que o final do mundo seria o ano 500... (In Danielen 4, 23);

Ø  Santo Ambrósio (397), (In LC 7,7) e Santo Hilário de Poitiers (367), (In Mt 17,2) – apoiaram a mesma tese anterior e erraram;

Ø  São Gaudêncio de Bréscia (405) – indicava o ano 7000 após a criação, como o final do mundo;

Ø  No século V, com a queda de Roma (476), São Jerônimo, São João Crisóstomo e São Leão Magno defendiam que face à queda de Roma, o fim do mundo estava próximo;

Ø  No século XVI e XVII, São Gregório Magno, afirmava como próxima a vinda de Cristo.     

Muitas vezes as profecias sobre a vinda de Cristo iminente são sugeridas pela necessidade que temos de encontrar uma saída para os tempos difíceis em que se vive. A Igreja, no entanto, é muito cautelosa nesse ponto, e sempre nos lembra o que Jesus disse.

Antes da segunda vinda de Cristo a Igreja passará por uma fortíssima provação final.  

Diz o Catecismo da Igreja Católica que sobre a Grande Tribulação:

Antes da vinda de Cristo, a Igreja deverá passar por uma prova final, que abalará a fé de numerosos crentes (639). A perseguição, que acompanha a sua peregrinação na Terra (640), porá a descoberto o «mistério da iniquidade», sob a forma duma impostura religiosa, que trará aos homens uma solução aparente para os seus problemas, à custa da apostasia da verdade. A suprema impostura religiosa é a do Anticristo, isto é, dum pseudo-messianismo em que o homem se glorifica a si mesmo, substituindo-se a Deus e ao Messias Encarnado.

 

(CIC, n. 675)

O que devemos fazer é mantermo-nos vigilantes e em oração, para que não segamos pegues de surpresa quando o Senhor da casa (a Igreja) voltar (Marcos 13, 33-17)! O Novo Testamento nos apresenta muitas passagens bíblicas acerca do desconhecimento sobre o Dia do Senhor.

    O Catecismo da Igreja diz que “O Juízo Final acontecerá por ocasião da volta gloriosa de Cristo. Só o Pai conhece a hora e o dia desse Juízo, só ele decide do seu advento” (n.1040). “Quanto àquele dia e àquela hora, ninguém os conhece, nem mesmo os anjos do céu, nem mesmo o Filho, mas, sim, o Pai só” (Mc 13,32).

INTERPRETAÇÃO DAS SAGRADAS ESCRITURAS NA PERSPECTIVA DA IGREJA CATÓLICA.

 Formação ministrada para os pregadores da Diocese de Tianguá em 20 de outubro de 2020, através da plataforma Google Meet.

1.      Pressupostos Iniciais.



Temos visto nos dias de hoje um verdadeiro comportamento desonesto no que se trata de interpretação das Escrituras Sagradas. Ao seu próprio bel prazer, muitos usam e deturpam das Escrituras para incluir em suas mensagens conteúdos que nunca foi inspiração do Espírito Santo e também defesa de teses distorcidas do que o próprio texto sagrado traz. Desta forma, sua hermenêutica está muito distante do que foi concepção da própria essência das Sagradas Escrituras.

Tendo isso como pressuposto, achamos por bem tomar o que o próprio Catecismo da Igreja Católica e documentos como a Dei Verbum nos diz para esboçarmos a formação de hoje.

A Pontifícia Comissão Bíblica do Vaticano, no seu pronunciamento documental, intitulado por A Interpretação da Bíblia na Igreja, afirma que a própria Bíblia contém textos compreensíveis, mas também textos de difícil compreensão. E o problema da interpretação da Bíblia não é dos tempos modernos como muitos pensam.   

2. O que a própria Bíblia diz sobre a Interpretação Bíblica 

A Bíblia mesma atesta que sua interpretação apresenta dificuldades. Ao lado de textos límpidos, ela comporta passagens obscuras. Lendo certos oráculos de Jeremias, Daniel se interrogava longamente sobre o sentido deles (Dn 9,2). Segundo os Atos dos Apóstolos, um etíope do primeiro século encontrava-se na mesma situação a propósito de uma passagem do livro de Isaías (Is 53,7-8) e reconhecia ter necessidade de um intérprete (At 8,30-35). A segunda carta de Pedro declara que « nenhuma profecia da Escritura resulta de uma interpretação particular » (2 Pd 1,20) e ela observa, de outro lado, que as cartas do apóstolo Paulo contêm « alguns pontos difíceis de entender, que os ignorantes e vacilantes torcem, como fazem com as demais Escrituras, para sua própria perdição » (2 Pd 3,16). 

A Igreja ao longo dos tempos educou o seu povo quanto à interpretação da Bíblia. Muitos métodos científicos de interpretação surgiram. O grande problema é que esses métodos eram contrários à Doutrina Cristã. Mas uma evolução positiva surgiu, marcada por uma série de documentos pontifícios, desde encíclica Providentissimus Deus de Leão XIII (18 novembro 1893 até a encíclica Divino afflante Spiritu de Pio XII (30 setembro 1943), e ela foi confirmada pela declaração Sancta Mater Ecclesie (21 abril 1964) da Pontifícia Comissão Bíblica e sobretudo pele Constituição Dogmática Dei Verbum do Concilio Vaticano II (18 novembro 1965).

Apesar de numerosos cristãos julgarem deficiente do ponto de vista da fé e em discussão, o método científico mais divulgado para o estudo e a interpretação bíblica é o que se chama de método histórico-crítico. Ele é praticado na exegese, inclusive na exegese católica. Como o seu próprio nome indica, esse método se atenta com a evolução histórica dos textos ou das tradições através dos tempos.

            Vemos muitos espetáculos no âmbito do Cristianismo pelo fato de terem incoerência de interpretação bíblica. Isso faz com que o povo de Deus não acolha a genuína mensagem da salvação em detrimento de vãs, falsas e mentirosas pregações que passam longe de serem bíblicas ou cristãs. O Documento do Vaticano Interpretação da Bíblia na Igreja aponta alguns problemas dessa prática:

* Procura na Bíblia de um Cristo pessoal;

* Satisfação da religiosidade espontânea ou coletiva;

* Leitura dita espiritual, guiada unicamente pela inspiração pessoal subjetiva e que alimente esta inspiração pessoal e subjetiva;

Numerosas seitas porpõe como única verdadeira uma interpretação da qual elas afirmam terem tido a inspiração. 

De antemão, vale a pena ressaltarmos e seguirmos o que nos diz a Dei Verbum, n. 12 sobre a Interpretação da Sagrada Escritura: 

Como, porém, Deus na Sagrada Escritura falou por meio dos homens e à maneira humana, o intérprete da Sagrada Escritura, para saber o que Ele quis comunicar-nos, deve investigar com atenção o que os hagiógrafos realmente quiseram significar e que aprouve a Deus manifestar por meio das suas palavras.  

Para descobrir a intenção dos hagiógrafos, devem ser tidos também em conta, entre outras coisas, os «gêneros literários». Com efeito, a verdade é proposta e expressa de modos diversos, segundo se trata de gêneros histéricos, proféticos, poéticos ou outros. Importa, além disso, que o intérprete busque o sentido que o hagiógrafo em determinadas circunstâncias, segundo as condições do seu tempo e da sua cultura, pretendeu exprimir e de fato exprimiu servindo se os gêneros literários então usados. Com efeito, para entender retamente o que autor sagrado quis afirmar, deve atender-se convenientemente, quer aos modos nativos de sentir, dizer ou narrar em uso nos tempos do hagiógrafo, quer àqueles que costumavam empregar-se frequentemente nas relações entre os homens de então.

Mas, como a Sagrada Escritura deve ser lida e interpretada com o mesmo espírito com que foi escrita, não menos atenção se deve dar, na investigação do reto sentido dos textos sagrados, ao contexto e à unidade de toda a Escritura, tendo em conta a Tradição viva de toda a Igreja e a analogia da fé. Cabe aos exegetas trabalhar, de harmonia com estas regras, por entender e expor mais profundamente o sentido da Escritura, para que, mercê deste estudo de algum modo preparatório, amadureça o juízo da Igreja. Com efeito, tudo quanto diz respeito à interpretação da Escritura, está sujeito ao juízo último da Igreja, que tem o divino mandato e o ministério de guardar e interpretar a palavra de Deus.

3. Alguns pontos importantes no Catecismo da Igreja Católica: parágrafos 109 a 119: O Espírito Santo, intérprete da Escritura e os Sentidos da Escritura.

 

 O ESPÍRITO SANTO, INTÉRPRETE DA ESCRITURA: Parágrafos 109 a 114.

109. Na Sagrada Escritura, Deus fala ao homem à maneira dos homens. Portanto, para bem interpretar a Escritura, é necessário prestar atenção ao que os autores humanos realmente quiseram dizer, e àquilo que aprouve a Deus manifestar-nos pelas palavras deles (DV 12). 

110. Para descobrir a intenção dos autores sagrados, é preciso ter em conta as condições do seu tempo e da sua cultura, os «gêneros literários» em uso na respectiva época, os modos de sentir, falar e narrar correntes naquele tempo. «Porque a verdade é proposta e expressa de modos diversos, em textos históricos de vária índole, ou proféticos, ou poéticos ou de outros gêneros de expressão» (DV 12).

111. Mas, uma vez que a Sagrada Escritura é inspirada, existe outro princípio de interpretação reta, não menos importante que o anterior, e sem o qual a Escritura seria letra morta: «A Sagrada Escritura deve ser lida e interpretada com o mesmo espírito com que foi escrita» (DV 12). 

O Concílio do Vaticano II indica três critérios para uma interpretação da Escritura conforme ao Espírito que a inspirou (DV 12):

112. 1. Prestar grande atenção «ao conteúdo e à unidade de toda a Escritura». Com efeito, por muito diferentes que sejam os livros que a compõem, a Escritura é una, em razão da unidade do desígnio de Deus, de que Jesus Cristo é o centro e o coração, aberto desde a sua Páscoa (df. Lc 24, 25-27.44-46). 

«Por coração (Sl 22,15) de Cristo entende-se a Sagrada Escritura que nos dá a conhecer o coração de Cristo. Este coração estava fechado antes da Paixão, porque a Escritura estava cheia de obscuridades. Mas a Escritura ficou aberta depois da Paixão e assim, aqueles que desde então a consideram com inteligência, discernem o modo como as profecias devem ser interpretadas» (São Tomás de Aquino, Expositio in Psalmos, 21,11).

113. 2. Ler a Escritura na «tradição viva de toda a Igreja». Segundo uma sentença dos Padres,«Sacra Scriptura principalius est in corde Ecclesiae quam in materialibus instrumentis scripta» – «A Sagrada Escritura está escrita no coração da Igreja, mais do que em instrumentos materiais» (cf. Santo Hilário de Poitiers, Liber ad Constantium Imperatorem 9: CSEL 65,204; São Jerônimo, Commentarius in epistulam ad Galatas I 1,11-12: PL 26,347). Com efeito, a Igreja conserva na sua Tradição a memória viva da Palavra de Deus, e é o Espírito Santo que lhe dá a interpretação espiritual da Escritura («secundum spiritualem sensum quem Spiritus donat Ecclesiae» «segundo o sentido espiritual que o Espírito Santo dá à Igreja») (Orígenes, Homiliae in Leviticum 5,5: SC 286,228).

114. 3. Estar atento «à analogia da fé» (cf. Rm 12,6). Por «analogia da fé» entendemos a coesão das verdades da fé entre si e no projeto total da Revelação. 

v  OS SENTIDOS DA ESCRITURA: Parágrafos 115 a 119.

115. Segundo uma antiga tradição, podemos distinguir dois sentidos da Escritura: o sentido literal e o sentido espiritual, subdividindo-se este último em sentido alegórico, moral e anagógico. A concordância profunda dos quatro sentidos assegura a sua riqueza à leitura viva da Escritura na Igreja: 

116. O sentido literal. É o expresso pelas palavras da Escritura e descoberto pela exegese segundo as regras da reta interpretação. «Omnes sensus fundantur super litteralem» – «Todos os sentidos (da Sagrada Escritura) se fundamentam no literal» (São Tomás de Aquino, Summa theologiae I, q.1, a.10, adI).

117. O sentido espiritual. Graças à unidade do desígnio de Deus, não só o texto da Escritura, mas também as realidades e acontecimentos de que fala, podem ser sinais.

1. O sentido alegórico. Podemos adquirir uma compreensão mais profunda dos acontecimentos, reconhecendo o seu significado em Cristo: por exemplo, a travessia do Mar Vermelho é um sinal da vitória de Cristo e, assim, do Batismo (cf. 1Cor 10,2). 

2. O sentido moral. Os acontecimentos referidos na Escritura podem conduzir-nos a um comportamento justo. Foram escritos «para nossa instrução» (1Cor 10,11; cf. Hb 3-4,11).

3. O sentido anagógico. Podemos ver realidades e acontecimentos no seu significado eterno, o qual nos conduz (em grego: «anagoge») em direção à nossa Pátria. Assim, a Igreja terrestre é sinal da Jerusalém celeste (cf. Ap 21,1-22,5). 

118. Um dístico medieval resume a significação dos quatro sentidos:

 

«Littera gesta docet, quid credas allegoria.

Moralis quid agas, quo tendas anagogia».

 

«A letra ensina-te os fatos (passados), a alegoria o que deves crer,

a moral o que deves fazer, a anagogia para onde deves tender» (Agostinho de Dácia, Rotulus pugillaris, I).


119. «Cabe aos exegetas trabalhar, de harmonia com estas regras, por entender e expor mais profundamente o sentido da Sagrada Escritura, para que, mercê deste estudo, de algum modo preparatório, amadureça o juízo da Igreja. Com efeito, tudo quanto diz respeito à interpretação da Escritura, está sujeito ao juízo último da Igreja, que tem o divino mandato e o ministério de guardar e interpretar a Palavra de Deus» (DV 12):

«Ego vero Evangelio non crederem, nisi me catholicae Ecclesiae commoveret auctoritas» – «Quanto a mim, não acreditaria no Evangelho se não me movesse a isso a autoridade da Igreja católica» (Santo Agostinho, Contra Epistulam Manichaei quam vocant fundamenti 5,6: CSEL 25,197).


BIBLIOGRAFIA 

(Observação: Não está de acordo com as normas da ABNT)

 

  Bíblias: Ave Maria, CNBB, Pastoral, Bíblia de Jerusalém e Bíblia TEB de Estudo;

  Carta Encíclica Divino Afflante Spiritu do Papa Pio XII;

  Constituição Dogmática Dei Verbum sobre a Revelação Divina;

  Documento do Vaticano A Interpretação da Bíblia na Igreja.

SINAIS QUE ANTECEDEM A SEGUNDA VINDA DE CRISTO.

 

      Quando pegamos a Palavra de Deus em Mateus 24-25, que trata do Sermão Escatológico do Senhor Jesus sobre as últimas coisas, verificamos que apesar de o próprio Jesus afirmar categoricamente que o dia e a hora acerca da sua Segunda Vinda está fora de cogitação para datação humana, ele aponta alguns sinais que antecedem o seu Retorno Glorioso. 

        


Em toda a Sagrada Escritura e também no próprio Magistério da Igreja podemos perceber algumas eventualidades que anteciparão o glorioso retorno de Jesus Cristo. Nossa preocupação, como nos diz Marcos 13, 33 deve ser a vigilância e não o momento em que ocorrerá a Parusia. O próprio apóstolo Pedro (II Pedro 3, 9) nos alerta que Deus está usando de paciência para que TODOS se convertam. Por tanto, não há possibilidade alguma em afirmar que Jesus está demorando já que não foi datada a sua Vinda Gloriosa por sobre as nuvens (Apocalipse 1, 7). 

Alguns sinais relacionados à Segunda vinda de Jesus:

1-      Terremotos (Mt 24,7/ Lc 21,11-12);

2-      Pestes ( Lc 21,11);

3-      Flagelos (Lc 21,11/ Ap 6, 8 / Mt 24,7);

4-      Guerras e revoluções (Mt 24,6);

5-      Imoralidade e desmandos sociais (2° Tm 3,1-4);

6-      Corrupção total, violência, apostasia (Lc 21,34/ Mt 24,12-37);

7-      Casamento desmoralizado (Lc 17,27);

8-      Ocultismo,  movimento nova era (Ap 2,24/ 1º Tm 4,1);

9-      Falsos cristos (Mt 24,24);

10-   Avivamento espiritual (Joel 3,1-5/ Tg 5,7);

11-   Cristãos mornos (Mt 24,12/ Ap 3,15-16);

12-   Anúncio missionário da Palavra (Mt 24,14).


        É importante destacar alguns parágrafos do Catecismo da Igreja Católica que tratam destacam alguns acontecimentos escatológicos:


Catecismo da Igreja Católica, n. 675: 


* antes do advento de Cristo, a Igreja deve passar por uma PROVAÇÃO FINAL que abalará a fé de muitos crentes;

* perseguição sobre a Igreja;

* mistério da iniquidade  sob a forma de uma impostura religiosa;

* apostasia da verdade;

* pseudo-messianismo em que o homem glorifica a si mesmo em vez do seu Criador e de seu Messias que veio na carne. 

  


             No parágrafo de número 674 do Catecismo da Igreja Católica a Igreja declara que a Vinda do Messias glorioso depende a todo momento da história do reconhecimento do povo de Israel.  

Cássio José: blog 100% Católico

IMAGEM VERSUS ÍDOLO: A IGREJA CATÓLICA É IDÓLATRA POR TER IMAGENS?

 Por Cássio José* Essa pergunta é tão antiga quanto a arca de Noé! Quero esclarecer suas dúvidas a respeito de tais ataques com a própria Pa...

Total de visualizações de página