25 novembro 2009

O SENTIDO ESCATOLÓGICO DO ADVENTO

Assim define o minidicionário da Língua Portuguesa, Silveira Bueno, para o significado da expressão ADVENTO:

Vinda; chegada; instituição; começo; período das quatro semanas que antecedem o Natal”.

[Silveira Bueno: minidicionário da língua portuguesa. – Ed. ver. e atual. – São Paulo: FTD, 2000, p. 30]


Sabemos que na liturgia católica o advento é justamente esse período das quatro semanas que antecedem o Natal. É uma espécie de relembrar e reviver o que os israelitas do Antigo Testamento viveram quanto à esperança da Vinda do Messias. E pra isso, claro, houve todo um conjunto de profecias que os profetas do Senhor no AT, profetizaram. Exemplos:


Por que um menino nos nasceu, um filho nos foi dado; a soberania repousa sobre seus ombros, e ele se chama: Conselheiro admirável, Deus forte, Pai eterno, Príncipe da paz. Seu império será grande e a paz sem fim sobre o trono de Davi e em seu reino. Ele o firmará e o manterá pelo direito e pela justiça, desde sempre e para sempre. Eis o que fará o zelo pelo Senhor dos exércitos”. (Is 9, 5-6)

Por isso, o próprio Senhor vos dará um sinal: uma virgem conceberá e dará a luz a um filho, e o chamará ‘Deus conosco’”. (Is 7,14)

“Mas tu, Belém de Éfrata, tão pequena entre os clãs de Judá, é de ti que sairá para mim aquele que é chamado a governar Israel”. (Mq 5,1)


Observamos aqui, a expectativa que os filhos de Abraão e herdeiros da promessa, tiveram ao esperarem ansiosamente a chegada do Messias, o Senhor e Rei Jesus. Todas essas profecias se cumprem exatamente e sem erro, na pessoa de Jesus de Nazaré. Por isso, ele é considerado para nós, cristãos, o Messias que era pregado e profetizado pelos profetas do AT.

O seu nascimento se dá em Belém de Judá (Mt 2,1; Lc 2,4) na época do rei Herodes (Mt 1,2). Dessa forma, nós católicos e até outros cristãos de denominações protestantes se preparam de diversas maneiras para celebraram o Natal do Senhor.

Mas, poderíamos fazer aqui alguns questionamentos:



O advento se dá apenas em 4 semanas antecedentes do Natal do Senhor?


 Preparamo-nos somente para o nascimento de Jesus Cristo que já nasceu a 2009 atrás?


 O advento litúrgico é apenas a lembrança da encarnação do Filho de Deus e pronto?



É o que tem acontecido na Igreja, em muitos aspectos. As pessoas se preparam de tal maneira como se Jesus nascesse de novo na encarnação. Não estou dizendo que ele não venha a nascer de novo na manjedoura dos nossos corações. Porém, esquece-se do sentido escatológico do advento. E isso, é próprio da liturgia:

Na verdade, é justo e necessário, é nosso dever e salvação dar-vos graças, sempre e em todo lugar, Senhor, Pai santo, Deus eterno e todo-poderoso, por Cristo, Senhor nosso.


Revestido de nossa fragilidade, ele veio a primeira vez para realizar seu eterno plano de amor e abrir-nos o caminho da salvação.


Revestido de sua glória, ele virá uma segunda vez para conceder-nos em plenitude os bens prometidos que hoje, vigilantes, esperamos.

Por essa razão, agora e sempre, nós nos unimos aos anjos e a todos os santos, cantando (dizendo) a uma só voz....”(Prefácio do Advento I).

Notamos claramente na doutrina litúrgica, nesse prefácio do advento, pregado pela Igreja Católica, e ministrado em todas as Missas durante todos os anos, na liturgia do advento por todos os sacerdotes da Igreja Católica, dois aspectos importantíssimos que envolvem o período adventista:


1. A lembrança e o fato de reviver a Encarnação de Jesus Cristo: O seu nascimento! O natal do Senhor. Um menino nos foi dado. Aleluia! Aleluia! (A primeira Vinda de Jesus, quando nos trouxe a salvação morrendo no madeiro da cruz);

2. O fato de que Jesus virá uma segunda vez; e, enquanto isso, devemos ser VIGILANTES e, estarmos ESPERANDO a sua volta.


Isso é pregação da Igreja Católica! E não é “conversa pra boi dormir”, como alguns cristãos teologicamente diplomados, estão ensinando os seus discípulos. Perdemos tempo quando, apenas ensinamos que o advento, é o nascimento de Jesus encarnado! Repito: Não estou negando o fato de contemplarmos e festejarmos o nascimento de Jesus. Isso é um fato! E o é, também, litúrgico. A final de contas, em muitas vidas Jesus Cristo não nasceu ainda. E ele deve nascer na manjedoura dos nossos corações! Mas, não podemos de esquecer o outro aspecto desse período litúrgico: a escatologia do advento!

O Catecismo da Igreja Católica assim nos ensina, ao conscientizar-nos, quanto ao sentido escatológico da Missa:

“A Igreja sabe que, desde agora, o Senhor vem em sua Eucaristia, e ali Ele está, no meio de nós. Contudo, esta presença é velada. Por isso, celebramos a Eucaristia, aguardando a bem-aventurada esperança e vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, pedindo saciar-nos eternamente da vossa glória, quando enxugardes toda lágrima dos nossos olhos. Enquanto, contemplando-vos como sois, seremos para sempre semelhantes a vós e cantaremos sem cessar os vossos louvores, por Cristo Senhor nosso”. (CIC, n. 1404).



Podemos assim concluir que o “advento escatológico” é o período desde o momento em que Jesus Cristo subiu aos céus até a sua descida na sua Segunda Vinda ou volta gloriosa.

É justamente esse espaço de tempo que refletimos como “advento”. E o advento litúrgico, é um momento forte de conscientização dessa esperança de sua volta. A final de contas, assim como no AT, em que os israelitas estavam expectantemente a Encarnação do Messias; nós, cristãos de hoje, estamos expectantes e ansiosos, da Vinda daqu’Ele que virá nos buscar (Jo 14, 2s).



O Papa Bento XVI, assim afirmou na sua Homilia da Missa de inauguração da V Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe:

O Espírito acompanha a Igreja no longo caminho que se estende entre a primeira e a segunda vinda de Cristo: “vou, e volto a vós”(Jo 14,28), disse Jesus aos apóstolos. Entre a “ida” e a “volta” de Cristo está o tempo da Igreja, que é o seu corpo, estão esses dois mil anos (2009) transcorridos até agora”.

[Homilia da Missa de Inauguração da V Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe. Ver Documento de Aparecida, p. 277, 5. edição, 2008]

Se entre a IDA e a VOLTA de Cristo está o tempo da Igreja, afirmação do Papa Bento XVI, é momento de preparar-mos os cristãos para a VOLTA de Jesus, já que “ele já veio como homem na primeira vez e voltará uma segunda vez não com relação ao pecado. Mas, para salvar os que o esperam ”(Hb 9,28).

Para isso, deve se levantar o mais urgente possível, uma Igreja capaz de ser anunciadora e profeticamente ungida pelo Espírito Santo, que prepare o maior número de pessoas que desejem o céu, já prefigurado nas situações da nossa vida nesta terra, anunciando a Palavra de Deus destemidamente e denunciando as injustiças sociais e as artimanhas diabólicas para a perdição das almas, já que ela (nós) é a noiva.

Não sei de você! Mas, enquanto Jesus não volta, eu vou viver mais e mais como quem espera o Salvador que virá, e me levará para o céu! Glória a Deus!



Paz e fogo, irmãos! Fiquem com Deus!


Cássio José

E-mail.: cassiouab@hotmail.com

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