Por
Cássio José
“Dois
homens estarão trabalhando no campo: um será levado e o outro será deixado. Duas mulheres estarão moendo
no moinho: uma será levada e
a outra será deixada.”
(Mateus 24,
40-41)
“Digo-vos que naquela
noite dois estarão numa cama: um será tomado e o outro será deixado; duas
mulheres estarão moendo juntas: uma será tomada e a outra será deixada. Dois
homens estarão no campo: um será tomado e o outro será deixado.”
(Lucas 17,
34-36)
“Quando
for dado o sinal, à voz do arcanjo e ao som da trombeta de Deus, o mesmo Senhor
descerá do céu e os que morreram em Cristo ressurgirão primeiro. Depois nós, os
vivos, os que estamos ainda na terra, seremos arrebatados juntamente com eles sobre nuvens ao encontro do Senhor
nos ares, e assim estaremos para sempre com o Senhor.”
(I Tessalonicenses 4, 16-17)
“É no fim dos tempos
que será gloriosamente consumada (a Igreja), quando, segundo o que se lê nos
Santo Padres, todos os justos, desde Adão, do justo Abel até o último eleito,
serão congregados junto ao Pai na Igreja universal.”
(Lumen Gentium,
nº 48 – Concílio Vaticano II)
“Este acontecimento
escatológico pode ocorrer a qualquer momento, ainda que estejam ‘retidos’
tanto ele como a provação final que
há de precedê-lo.”
(Catecismo da
Igreja Católica, nº 673)
1.
Pressupostos
Iniciais
É
extremamente complicado falar sobre a “doutrina do Arrebatamento”! Pelo menos,
no que tange ao âmbito católico, não temos referências tão aprofundadas. Aliás,
quase não se fala do arrebatamento no ambiente católico. De maneira explícita,
o único autor que conhecemos, Miguel
Martini, no seu livro lançado pela editora Canção Nova, A Segunda Vinda de Cristo, trata do
assunto no capítulo rotulado por “Arrebatamento da Igreja Fiel”
(Páginas 87-97). Alguns padres da TV Canção Nova, em suas pregações antigas, como
Padre Jonas Abib (hoje Monsenhor Jonas), Padre Léo, Padre José Augusto, Padre
Roberto Letierri, Padre Edimilson, Padre Roger Luís, dentre outros já usaram
termos ligados à doutrina do arrebatamento em suas pregações: “Seremos
arrebatados”, “a Igreja será arrebatada”, “Quando o Senhor Jesus voltar seremos
arrebatados”, “O arrebatamento da Igreja”, etc. Há pregadores, ligados à
Renovação Carismática Católica, que também tratam do assunto, pelo menos,
quanto às expressões ligadas ao arrebatamento: Ironi Spudaro, Anderson Luís dos
Reis, Moisés Rocha, dentre outros.
Recentemente,
ano de 2015, em um programa Revolução Jesus no tempo do Advento, TV Canção
Nova, a direção desse programa trouxe temas ligados à escatologia, tais como: A
Grande Tribulação, O Anticristo e o Arrebatamento da Igreja. Estavam no
programa um teólogo, um padre especialista em escatologia e outro estudioso da
área. O programa mostrou ambiguidade quando não aprofundou os assuntos e negou
a doutrina do arrebatamento alegando que a fé da Igreja é Cristocêntrica, não
tendo a preocupação de analisar apenas “as coisas do fim”. Isso pode ser fruto
do medo de debater um assunto desses em um programa católico de público voltado
para uma juventude que deseja viver o PHN numa “Revolução Jesus em Santidade”
ou censura por parte de alguns bispos da CNBB. Como pode um padre especialista
em escatologia, fruto de uma comunidade fundada por um homem que pregou anos
sobre o arrebatamento afirmar: “não
sabemos nem para onde esse povo é levado, se é para um outro planeta...” ?
(grifos nossos).
Este estudo preocupa-se apenas em criar
uma discussão coerente e madura quanto ao assunto! Exporemos aqui o resultado
de pesquisas bíblicas e de autores que tratam dessa linha de pensamento
teológica. Longe de ser um assunto terminado, é apenas uma discussão em
andamento! A Igreja Católica Apostólica
Romana não traz argumentos para afirmar
ou negar a doutrina do
arrebatamento. Ela apenas silencia diante dessa doutrina Por isso, cabe a mim e
a você, estudar o assunto e aproveitar o que coadula com a nossa fé.
De
um lado temos católicos que creem no arrebatamento. De outro, temos católicos
que nem sabem do que se trata o assunto. Temos também muitos pensadores que
fazem um verdadeiro destroço quando em sites (já que pelo que sabemos não
existe nenhuma obra teológica de ala católica que trata dessa perspectiva),
descaracterizam a doutrina do arrebatamento, com temas como: “A falsa doutrina
do arrebatamento”, “Arrebatamento Secreto, Invenção Jesuíta”, “A doutrina do
arrebatamento protestante”, “A verdadeira história do arrebatamento”, dentre
muitos outros títulos.
Afirma-se
que tal linha de pensamento é de cunho protestante. Mas, há alaridos de que
alguns padres jesuítas falaram do assunto em tempos remotos quando não havia
protestantismo. Fica então a pergunta: A doutrina do arrebatamento é de linha
protestante ou “invenção” dos padres jesuítas?
Uma
boa leitura e que o Senhor o abençoe impactante, poderosa e santamente!
Cássio
José dos Santos Sousa
Camocim
– Ceará: 14 de Março de 2016
2.
A
Doutrina do Arrebatamento.
2.1.
O que é o arrebatamento?
A
doutrina acerca do arrebatamento, sobretudo o Pré-Tribulacionista, está
relacionada ao Retorno do Senhor Jesus,
em sua SEGUNDA VINDA e ao evento da Grande
Tribulação, e diz respeito ao fato de que os salvos, os cristãos,
serão “retirados, raptados, roubados, arrancados, levados” desta terra pelo
Senhor para “irem ao Seu encontro nos ares”, conforme Jo 14, 1-3; Mt
24,40-41; Lc 17, 34-36; II Ts 2,1; I Ts 1,10;
4, 13-18; I Cor 1,8; 15, 51-52; Fl 3, 20-21; II Cor 5, 1-9... no tempo
da Grande Tribulação, tempo em que o Anticristo, reinará durante 7 anos. Muitos
concordam que o arrebatamento será antes da Grande Tribulação. Isso
significa dizer que o Senhor preservará os que serrão arrebatados
desse momento de derramamento da ira do Senhor sobre os ímpios, durante os 7
anos de Grande Tribulação!
O
texto base para sustentar a coluna dessa doutrina encontrasse na primeira carta
à Tessalônica, onde Paulo esclarece como será a relação entre vivos e mortos
quando à Segunda Vinda do Senhor:
“Se cremos que
Jesus morreu e ressuscitou, cremos também que Deus levará com Jesus os que nele
morreram. Eis o que vos declaramos, conforme a palavra do Senhor: por ocasião
da vinda do Senhor, nós que ficamos ainda vivos não precederemos os mortos.
Quando for dado o sinal, à voz do arcanjo e ao som da trombeta de Deus, o mesmo
Senhor descerá do céu e os que morreram em Cristo ressurgirão primeiro. Depois
nós, os vivos, os que estamos ainda na terra, seremos arrebatados juntamente
com eles sobre nuvens ao encontro do Senhor nos ares, e assim estaremos para
sempre com o Senhor”.
(I
Tessalonicenses 4, 14-17)
A
doutrina do arrebatamento faz parte dos estudos do dispensacionalismo, estudo que consiste na identificação de certos
períodos de tempo bem definidos que são divinamente indicados, juntamente com o
propósito revelado de Deus relativo a cada um. Dessa forma, do mesmo jeito que
o Antigo Testamento, é o tempo do Deus Pai; o Novo Testamento, o tempo do Deus
Filho; e agora, estamos na era do Espírito, em que a Igreja faz enfrentamento
para a salvação de almas; haverá um período em que a Igreja (os que
aceitaram a Jesus de Nazaré como seu Senhor e Salvador), será retirada desta terra
para ir ao encontro do Seu Senhor nos ares, que é o arrebatamento. Alguns
usam o termo translação da igreja. Segundo a interpretação de alguns autores
de escatologia, o Dispensacionalismo divide os eventos futuros na seguinte
ordem: O Arrebatamento, A Grande
Tribulação, A Segunda Vinda de Cristo, O Juízo Final, As Bodas do Cordeiro.