I. INTRODUÇÃO.
Todo ser humano, de maneira
geral, necessita ser amado e amar. Muitas vezes, ou na grande maioria das
vezes, porém, o vocábulo “amor” é interpretado ou empregado erroneamente,
sobretudo, fora do contexto do que realmente o amor é em si e para que função
ele exige ou emprega.
Como cristãos, e tendo por base
as Sagradas Escrituras, entendemos que existe um Deus, que em sua essência, Ele
é amor, como nos atesta o apóstolo João:
“Deus
é amor!” (I João 4, 16b).
Uma das citações bíblicas mais usadas
para expressar o amor de Deus no Antigo Testamento é Isaías 43, 1-7; que,
inclusive, já foi chamada por muitos pregadores como “carta do amor de Deus”.
Só Deus mesmo, sem reservas e de maneira perfeita, pode nos amar assim, com um
amor sem medida. Veja algumas características do amor de Deus, já encontradas
nesse trecho do Antigo Testamento (Isaías 43, 1-7):
Ø
Deus
foi quem nos criou e nos formou: Isaías 43, 1a;
Ø
O
Senhor nos conhece pelo nome e é o nosso dono: “Eu te chamo pelo nome, és meu!”
(Isaías 43, 1b);
Ø
O
Senhor está conosco presente em todas as situações e nunca nos abandona (Ele é
companheiro): Isaías 43,2;
Ø
Ele
é o nosso Salvador (um amor que salva), sendo o nosso Deus e libertador: Isaías
43, 3;
Ø
Aos
olhos do Senhor temos importância, estima, admiração, apreciação e
preciosidade: Isaias 43, 4a;
Ø
Move
céus e terra a nosso favor: “permuto reinos por ti e entrego nações em troca do
nosso favor” (Isaías 43,4b);
Ø
Dá-nos
tranquilidade, já que está sempre do nosso lado lutando por nós: Isaías 43, 5a;
Ø
Dá-nos
seu nome e sua glória: Isaías 43, 7.
Podemos entender também que, uma
vez que Deus é amor, a Criação de tudo o que existe é prova de seu amor para
conosco, uma vez que as Obras criadas por suas mãos foi como que uma “explosão
de seu amor para conosco”. Quando o Senhor fez os céus, o mar e
tudo o que neles há, tudo foi perfeitamente criado para o homem. Só depois de
criar tudo o que existe, criou o homem e a mulher (Gn1, 26-27). Por tanto,
todas as coisas foram criadas para o homem. O Catecismo da Igreja Católica
afirma que “Deus criou tudo para o homem” (CIC, nº 358).
De todas as criaturas visíveis,
só o homem é “capaz de conhecer e amar seu criador” (CIC, nº 356). O ser humano
foi criado por Deus em “estado de santidade e de justiça original” (CIC, nº
375). O Papa João Paulo II certa vez afirmou que quando Deus desejou criar o
homem “ele olhou para SI mesmo e encontrou o homem e a mulher que planejou
criar”. O Catecismo da Igreja Católica afirma que ao criar o ser humano, Deus
se apaixonou pela obra feita, eu e você, no caso:
Que motivo vos fez constituir o
homem em dignidade tão grande? O amor inestimável pelo qual
enxergastes em vós mesmo vossa criatura, e vos apaixonastes por ela;
pois foi por amor que a criastes, foi por amor que lhe destes um
ser capaz de degustar vosso Bem eterno.
[Catecismo da Igreja
Católica, nº 356]
A criação de todos os anjos e do
Céu, da terra e do mar, bem como de todo o restante do exército da Criação de
maneira geral, foi uma grandiosa prova do amor de Deus para conosco.
II.
A MAIOR PROVA DO AMOR DE DEUS
PARA CONOSCO: A NOSSA SALVAÇÃO EM JESUS CRISTO!
Sem sombra de dúvidas, a maior
prova ou a maior tradução do amor de Deus foi a nossa salvação conquistada pelo
sangue de Jesus no alto daquela cruz, o que nos deu a graça de sermos chamados
de seus filhos e participantes da herança divina:
João 3, 16-18: “Com
efeito, de tal modo Deus amou o mundo, que lhe deu seu Filho único, para que
todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna. Pois Deus não enviou o Filho ao mundo para
condená-lo, mas para que o mundo seja salvo por ele. Quem nele crê não é
condenado, mas quem não crê já está condenado; por que não crê no nome do Filho
único de Deus”.
I
João 3, 1-2: “Considerai
com que amor nos amou o Pai, para que sejamos chamados filhos de Deus. E nós o
somos de fato. Por isso, o mundo não nos conhece, porque não o conheceu.
Caríssimos, desde agora somos filhos de Deus, mas não se manifestou ainda o que
havemos de ser. Sabemos que, quando isto se manifestar, seremos semelhantes a
Deus, porquanto o veremos como ele é.”
I João 4, 7-16: “Caríssimos,
amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus, e todo o que ama é nascido
de Deus e conhece a Deus. Aquele que não
ama não conhece a Deus, porque Deus é amor. Nisto se manifestou o amor de Deus
para conosco: em nos ter enviado ao mundo o seu Filho único, para que vivamos
por ele. Nisto consiste o amor: não em
termos nós amado a Deus, mas em ter-nos ele amado, e enviado o seu Filho para
expiar os nossos pecados. Caríssimos, se Deus assim nos amou, também nós nos
devemos amar uns aos outros. Ninguém jamais viu a Deus. Se nos amarmos
mutuamente, Deus permanece em nós e o seu amor em nós é perfeito. Nisto é que
conhecemos que estamos nele e ele em nós, por ele nos ter dado o seu Espírito.
E nós vimos e testemunhamos que o Pai enviou seu Filho como Salvador do mundo.
Todo aquele que proclama que Jesus é o Filho de Deus, Deus permanece nele e ele
em Deus. Nós conhecemos e cremos no amor que Deus tem para conosco. Deus é
amor, e quem permanece no amor permanece em Deus e Deus nele”.
Colossenses 1,13-14: “Ele
nos arrancou do poder das trevas e nos introduziu no Reino de seu Filho muito
amado, no qual temos a redenção, a remissão dos pecados”.
Gálatas 4,4-7: “Mas
quando veio a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, que nasceu de uma
mulher e nasceu submetido a uma lei, a fim de remir os que estavam sob a lei,
para que recebêssemos a sua adoção. A prova de que sois filhos é que Deus
enviou aos vossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai!
Portanto já não és escravo, mas filho. E, se és filho, então também herdeiro
por Deus”.
Tito 3, 3-7: “Porque
também nós outrora éramos insensatos, rebeldes, transviados, escravos de
paixões de toda espécie, vivendo na malícia e na inveja, detestáveis,
odiando-nos uns aos outros. Mas um dia apareceu a bondade de Deus, nosso
Salvador, e o seu amor para com os homens. E, não por causa de obras de justiça
que tivéssemos praticado, mas unicamente em virtude de sua misericórdia, ele
nos salvou mediante o batismo da regeneração e renovação, pelo Espírito Santo,
que nos foi concedido em profusão, por meio de Cristo, nosso Salvador, para que
a justificação obtida por sua graça nos torne, em esperança, herdeiros da vida
eterna”.
Outras
citações bíblicas que demonstram o amor de Deus aos homens, mesmo que eles
sejam pecadores, ao ponto de entregar o seu Único Filho para salvá-los: João
14, 23; 17, 23; Rm 6, 6-7; 5, 8; 8, 32.37; Ef 2,4; I Jo 3,1; 4,7...
O Catecismo da
Igreja Católica deixa bem claro que a maior obra da misericórdia do nosso Deus
foi a nossa justificação alcançada
em Jesus Cristo através do derramamento de seu sangue, quando remiu os nossos
pecados e nos salvou de uma vez por todas:
A justificação é a obra mais
excelente do amor de Deus, manifestado em Cristo Jesus e concedido pelo
Espírito Santo. Sto. Agostinho pensa que "a justificação do ímpio é uma
obra maior que a criação dos céus e da terra", pois "os céus e a
terra passarão, ao passo que a salvação e a justificação dos eleitos
permanecerão para sempre". Pensa até que a justificação dos pecadores é
uma obra maior que a criação dos anjos na justiça, pelo fato de testemunhar uma
misericórdia maior.
[Catecismo da Igreja
Católica, nº 1994]
III.
O AMOR DE DEUS NO CATECISMO DA
IGREJA CATÓLICA:
No próprio Catecismo da Igreja
Católica vemos toda uma teologia voltada para o amor de Deus. De maneira
sistemática, o Catecismo da Igreja nos traz a Doutrina acerca do amor de Deus
no seu Índice Analítico apresentando os parágrafos que lhes são
correspondentes:
·
O
amor de Deus cria o mundo e o conserva: 421;
·
O
amor de Deus dispõe as criaturas até o fim último: 321;
·
O
amor de Deus ordena tudo para a salvação do homem: 313;
·
O
amor de Deus para com Israel: 219, 2020;
·
O
amor de Deus é “ciumento”: 2737;
·
O
amor de Deus foi a causa da criação: 27, 293, 295;
·
O
amor de Deus é a fonte da oração: 2658;
·
O
amor de Deus é fruto do Espírito Santo: 736, 1332, 2658;
·
O
amor de Deus é o primeiro dom: 733,
·
O
amor de Deus é o princípio de vida nova: 735;
·
A
criação é o primeiro testemunho do amor de Deus: 315;
·
Deus
não abandona suas criaturas: 2577;
·
Home
e mulher foram feitos à imagem do Deus amoroso: 2331;
·
O
homem é um participante do amor da Trindade: 850.
IV.
ALGUMAS CARACTERÍSTICAS DO AMOR
DE DEUS:
Pelas Sagradas Escrituras e seu
exame, podemos detectar algumas das principais características do amor de Deus,
conforme a proximidade do povo de Israel e de seus demais filhos para com Ele:
§ O AMOR DE DEUS É PESSOAL: Isaías
49, 14-16.
§ O AMOR DE DEUS É GRATUITO E
ELETIVO: Deuteronômio 7,7; Jeremias 12, 7-9; Ezequiel 16, 8.
§ O AMOR DE DEUS É MISERICORDIOSO: Oséias
14,19; Provérbios 3, 11-12; Romanos 4, 7-8; Hebreus 8,12.
§ O AMOR DE DEUS É FIEL E
CONSTANTE: Isaías 54,10; I Tessalonicenses 5,24.
§ O AMOR DE DEUS É ETERNO: Jeremias
31,3;
§ O AMOR DE DEUS É COMPANHEIRO
(Está conosco em todos os momentos): Salmo 27, 10; Jeremias 20, 11; Isaías
43,2; Mateus 28,20.
§ O AMOR DE DEUS É CARINHOSO, A
PONTO DE FAZER PROJETOS E ENXUGAR AS NOSSAS LÁGRIMAS: Jeremias 29, 11-14; Ap
21,4.
V.
O AMOR DE DEUS NOS IMPELE A AMAR
O NOSSO PRÓXIMO;
Pelas Escrituras, a pessoa que é
amada pelo Senhor e o retribui servindo e sendo de Deus, deve amar o seu
próximo também: Mt 5, 43; 7,12; 19,19; 22, 34-40; Mc 12, 28-31; Lc 10, 25-28;
Jo 13, 34; 15, 12-17; I Jo 3, 11-17; 4, 7-16.
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