Alguns cristãos acreditam que através da ioga, que ensina concentração, eles serão capazes de orar melhor. Eles não vêem nada de perigoso nestas técnicas de meditação oriental. Mas será possível combinar ioga e fé cristã?
As técnicas de meditação oriental são muito atraentes. Eles são meios para nos retirarmos do mundo exterior casual e em mudança para nos concentrarmos no nosso eu interior, pelo qual todos temos saudades. Eu sei disso por ter praticado durante vários anos. No início, a atitude é a mesma da oração cristã: há uma vontade de romper com uma vida superficial, dispersa, muito decepcionante, de entrar em si mesmo. Em ambos os casos, há uma grande sede do Absoluto.
Mas desde o início deste caminho interior, as vias divergem. Nas técnicas orientais, se trata de entrar cada vez mais em si mesmo, pela própria força, até chegar a uma espécie de fusão no Todo, um sentimento de existência muito intensa. Nesta experiência, não há lugar para o outro: “Estou cada vez mais focado em mim mesmo e em mim mesmo sozinho”. Pelo contrário, a oração cristã é um encontro com o Outro, com Deus que vem a mim: “Eu entro em mim mesmo, mas é para me preparar para receber o que o Senhor quer me dar”.
Um sério risco de confusão
Esta é a diferença entre um misticismo natural, que confia exclusivamente em meios naturais e me deixa sozinho comigo mesmo, e um misticismo sobrenatural, que me orienta para Deus, um Deus pessoal que se entrega a mim num diálogo de amor. Nas técnicas orientais, sou o mestre da minha vida interior. Na oração cristã, o mestre ao contrário, é Deus: “Aceito confiar nele e que me conduza até ele”. Além disso, as técnicas orientais visam uma dissolução do eu no grande Todo, enquanto a relação com Cristo respeita a minha alteridade: a oração cristã é uma comunhão, não uma fusão.
É claro que as técnicas que fazem parte de um misticismo natural – como as técnicas de meditação oriental – podem levar a experiências muito fortes, mas isso não tem nada a ver com a paz sobrenatural do Espírito Santo. Há um grande risco de confundir a serenidade produzida por certos exercícios respiratórios, certas posturas, com a presença autêntica do Espírito Santo. Este é um risco que deve ser considerado seriamente porque pode conduzir a um impasse e nos afastar da meta que tínhamos estabelecido para nós mesmos quando oramos, ou seja, o encontro pessoal com o Deus vivo revelado a nós por Jesus Cristo.
Padre Joseph-Marie Verlinde
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