Por Cássio José
A Igreja Católica tem como Doutrina de Fé a Segunda Vinda de
Cristo! Essa verdade bebe tanto da Sagrada Escritura, da Sagrada Tradição e do
Sagrado Magistério da Igreja.
1. A SAGRADA ESCRITURA E A SEGUNDA VINDA DE
CRISTO.
Ø
FOI PROMESSA DE JESUS:
Na casa de meu Pai há muitas moradas.
Não fora assim, e eu vos teria dito; pois vou preparar-vos um lugar. Depois de
ir e vos preparar um lugar, voltarei e tomar-vos-ei comigo, para que, onde eu
estou, também vós estejais.
(João 14, 2-3)
Além
de o próprio Senhor Jesus ter feito essa promessa aos seus apóstolos no
episódio da última Ceia, o próprio Jesus fez um sermão escatológico quando foi
indagado pelos seus próprios apóstolos acerca das últimas coisas ou do Fim do
Mundo:
- Mateus 24-25; Marcos 13, Lucas 21, 5-36.
Ø
Algumas passagens sobre a Segunda Vinda:
Não são poucas as passagens
que alertam quanto ao retorno glorioso de Jesus. Trouxemos algumas para você
ler:
Dn 2, 44-45; 7,9-14; 12,1-3/
Zc 12,10; 14,1-15/ Mt 13,41; 24,15-31; 26,64/ Mc 13,14-27; 14, 62/ Lc 21,25-28/
At 1,9-11; 3,19-21/ 1 Ts. 3, 13/ 2 Ts. 1, 6-10; 2,8/ 1 Pd 4,12-13/ 2 Pd 3,
1-14/ Jd 14-15 / Ap 1,7; 19,11; 20, 6; 22,7.12.20.
2. A SAGRADA TRADIÇÃO E A SEGUNDA VINDA DE
JESUS.
Em toda a história da Igreja
Católica, percebemos que o desejo da volta de Jesus é grande. Seja pela
liturgia de todos os tempos, seja pela vida dos santos, seja pelos discursos
dos Papas ao longo da história da Igreja, conforme os tempos em que o povo ia
vivendo.
A VIDA DOS SANTOS É UM ANÚNCIO DE
QUE JESUS VAI VOLTAR. Um aspecto fundamental quando afirmamos que a
Sagrada Tradição declara que Jesus vai voltar, é na vida dos santos! A busca da
santidade por muitos homens e mulheres de todas as épocas, lugares e realidades
provam que Jesus vai voltar. Afinal de contas, o santo é aquele que teve uma
experiência pessoal com o Senhor e Salvador Jesus Cristo, abandonou as práticas
mundanas para proclamar a este mundo Jesus de Nazaré para assim todos se
converterem a Jesus também e um dia morarem no Céu por toda a eternidade. O
livro Os Santos do Calendário Romano depois de apresentar os
principais santos da história da Igreja, traz as Quatro Dimensões da Santidade. São as seguintes:
1º. Dimensão crístico-pneumatológica;
2º. Dimensão eclesiológica;
3º. Dimensão escatológica;
4º. Dimensão antropológica.
Quando a Igreja traz a DIMENSÃO ESCATOLÓGICA para a vida dos santos ela
traz as seguintes características para os mártires, pastores, doutores, virgens
e santos e santas:
ü A dimensão escatológica, essencial à santidade
como sinal do reino (cf. LG 50), brilha principalmente nos mártires, os quais,
por uma morte chamada PRECIOSA E GLORIOSA, já são herdeiros do reino dos céus;
ü Eles são
denominados de ESTRELAS NA ETERNIDADE, as quais perpetuam seus nomes pelos
séculos;
ü A nota escatológica é no sentido de que eles
já são participantes da coroa eterna na cidade celeste.
O próprio Calendário Romano dos
Santos diz que São Vicente Ferrer é mencionado explicitamente pelo fato de ter
sido um PREGADOR ESCATOLÓGICO e que anunciou na terra o JUIZ que vem. O
Calendário Romano dos Santos ainda diz (p.644) o seguinte:
Em todo caso, o pastor, especialmente se missionário do Evangelho, é
também anunciador da espera vigilante do encontro definitivo com o Senhor.
(Os Santos do
Calendário Romano, pág. 644quando trata da Dimensão Escatológica na vida dos
santos)
Quando o Calendário Romanos dos
Santos traz a vida de São Vicente Ferrer,
páginas 129-131, ele nos detalha as seguintes informações:
Ø Ele é celebrado no dia 5 de abril;
Ø São Vicente Ferrer era sacerdote e pregador
dominicano;
Ø Ele era um pregador escatológico e muito usado por
Deus para realizar milagres;
Ø Esse santo foi suscitado por Deus na Igreja como
pregador infatigável do evangelho, a fim de chamar os homens para a espera
vigilante do Juízo;
Ø Em Salamanca, as pessoas lhe perguntavam pelos
sinais do juízo final e respondia que NÃO HAVIA MELHOR SINAL DO QUE A
MISERICÓRDIA DE DEUS, a qual até então operara mais de três mil milagres por
meio do pecador que estava diante delas.
O pedido final do Oremos ou Coleta,
da Memória de São Vicente Ferrer, destaca que ele foi um ANUNCIADOR DA SEGUNDA
VINDA DE JESUS CRISTO COMO JUIZ e convida-nos a nos preparar para a vinda do
Senhor, a fim de o contemplarmos na glória celeste:
Ó Deus, que suscitastes na Igreja o presbítero são
Vicente Ferrer para a pregação do vosso evangelho, daí-nos a alegria de
contemplar no céu o Cristo, nosso rei, cuja
vinda como juiz foi por ele anunciada. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso
Filho, na unidade do Espírito Santo.
[Oremos
em comemoração facultativa da vida de São Vicente Ferrer: Liturgia Diária,
Abril de 2019: págs. 28 e 29]
Santo Agostinho, Bispo e Doutor da
Igreja, já no século V, exortava os cristãos quanto aos que receiam a Segunda
Vinda de Cristo:
“Quem não tem inquietação aguarda a
segunda vinda de seu Senhor. Pois que amor a Cristo é esse que teme a sua
chegada? Irmãos, não nos envergonhemos! Amamos e temos medo de sua vinda. Será
que amamos? Ou amamos muito mais nossos pecados? Odiemos, por tanto, estes
mesmos pecados e amemos aquele que virá castigar os pecados. Ele virá, quer
queiramos, quer não. Se ainda não veio, não quer dizer que não virá. Virá em
hora que não sabes; se te encontrar preparado, não haverá importância não
saberes”.
[Do livro
Alimento Sólido, professor Felipe Aquino, pág. 61]
O Papa Bento XVI, assim afirmou na sua Homilia
da Missa de inauguração da V Conferência Geral do Episcopado da América Latina
e do Caribe:
“O Espírito acompanha a Igreja no longo
caminho que se estende entre a primeira e a segunda vinda de Cristo: “vou, e
volto a vós”(Jo 14,28), disse Jesus aos apóstolos. Entre a “ida” e a “volta” de
Cristo está o tempo da Igreja, que é o seu corpo, estão esses dois mil anos
(2009) transcorridos até agora”.
[Homilia da Missa de Inauguração da V Conferência Geral do Episcopado da
América Latina e do Caribe. Ver Documento de Aparecida, p. 277, 5. edição,
2008]
3. O SAGRADO MAGISTÉRIO E A SEGUNDA VINDA DE
CRISTO.
A teologia da Igreja Católica declara como DOGMA DE FÉ a
doutrina e realidade sobre a Segunda Vinda de Jesus.
Desde a Ascensão, o
desígnio de Deus entrou na sua consumação. Estamos já na «última hora» (1 Jo 2, 18). Portanto, a era
final do mundo já chegou para nós, e a renovação do mundo já está
irrevogavelmente realizada e, de certo modo, já está antecipada nesta terra.
Pois já na terra a Igreja se reveste de verdadeira santidade, embora
imperfeita.
(Catecismo da Igreja Católica, n. 670)
A Igreja sabe que a partir da
Ascensão de Cristo na glória pode acontecer a qualquer momento, diz o nosso
Catecismo, embora ninguém saiba quando será.
A partir da Ascensão, o advento de Cristo na glória é iminente,
embora não nos «caiba conhecer os tempos e os momentos que o Pai fixou com a
sua própria autoridade» (At 1,
7). Este acontecimento escatológico pode ocorrer a qualquer momento, ainda que
estejam «retidos», tanto ele como a provação final que há de precedê-lo.
(Catecismo da Igreja
Católica, n. 673)
Vejamos alguns exemplos nos documentos oficiais do Magistério
da Igreja pertinentes ao anúncio dogmático sobre a Segunda Vinda de Cristo:
Ø
CREDO – PROFISSÃO DE FÉ:
·
SÍMBOLO APOSTÓLICO:
Subiu aos céus; está sentado à direita de
Deus-Pai, todo-poderoso, donde HÁ DE VIR (i.e: VOLTARÁ) a julgar os vivos e os
mortos.
·
SÍMBOLO NICENO-CONSTANTINOPOLITANO:
E de novo HÁ DE VIR, EM SUA GLÓRIA, para julgar
os vivos e os mortos; e o seu reino não terá fim.
Ø
CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA:
v
Ele voltará na glória: CIC, parágrafos:
668, 669, 670, 671, 672;
v
O Dia e a hora e a Provação Final estão no desconhecimento
(retidos): CIC, parágrafos 673;
v
Israel precisa reconhecer a Jesus como Messias enviado e se
converter: CIC, parágrafo 674: Uma parte de Israel se
endureceu na incredulidade para com Jesus. Os judeus precisam se converter a
Jesus Cristo antes de sua Segunda Vinda;
v
Provação derradeira (Grande Tribulação) que a Igreja
enfrentará: CIC, parágrafo 675 e 676:
Nesses 2
parágrafos a Igreja nos alerta para os seguintes acontecimentos escatológicos:
A Igreja
passará por uma Provação Final que abalará a fé de muitos crentes, acontecerá a
perseguição dos cristãos, o mundo vai receber o mistério da iniqüidade através
da impostura religiosa e do surgimento do Anticristo (o pseudo-messianismo) que
fará sinais enganadores (2 Ts 2,4-12; I Ts 5, 2-3; II Jo 7; I Jo 2,
18.22).
v
Jesus voltará para julgar os vivos e os mortos: parágrafos 678, 679, 680, 681, 682.
v
Parágrafo 1040: O Juízo
Final acontecerá por ocasião da volta gloriosa de Cristo.
v
A Igreja fala sobre o Juízo Particular: parágrafos do CIC 1021-1022;
v
A Igreja fala sobre o Céu: parágrafos do CIC 1023-1029;
v
A Igreja fala sobre a purificação final ou Purgatório: parágrafos do CIC 1030-1032;
v
A Igreja fala sobre o Inferno: parágrafos do CIC 1033-1037;
v
A Igreja fala sobre o Juízo Final: parágrafos do CIC 1038-1041;
v
A Igreja fala sobre a esperança dos céus novos e da terra
nova: parágrafos do CIC 1042-1050.
Ø
A MISSA ANUNCIA A VINDA DE CRISTO E ANTECIPA AS NÚOCIAS DO
CORDEIRO.
·
Catecismo da Igreja Católica, n. 671:
Por este motivo os cristãos oram, sobretudo na
Eucaristia, para apressar a volta de Cristo, dizendo-lhe: Vem, Senhor (Ap
22,20).
·
CIC, n. 1111:
Por meio de suas ações litúrgicas a Igreja
peregrina já participa, por antecipação, da liturgia celeste.
·
CIC, n. 1354:
Na anamnese (na Oração Eucarística) que segue,
a Igreja faz memória da Paixão, da Ressurreição e DA VOLTA GLORIOSA DE CRISTO JESUS; ela apresenta ao Pai a oferenda
de seu Filho que nos reconcilia com ele.
·
CIC, nos parágrafos 1137, 1138 e 1139 fala
sobre OS CELEBRANTES DA LITURGIA CELESTE:
1137. O Apocalipse de São
João, lido na liturgia da Igreja, revela-nos, primeiramente, um trono preparado
no céu, e Alguém sentado no trono, «o Senhor Deus» (Is 6, 1).
Depois, o Cordeiro «imolado e de pé» (Ap 5, 6): Cristo crucificado
e ressuscitado, o único Sumo-Sacerdote do verdadeiro santuário, o mesmo «que
oferece e é oferecido, que dá e é dado»(5). Enfim, «o rio da Vida [...] que
corre do trono de Deus e do Cordeiro» (Ap 22, 1), um dos mais
belos símbolos do Espírito Santo.
1138. «Recapitulados» em Cristo,
tomam parte no serviço do louvor de Deus e na realização do seu desígnio: os
Poderes celestes, toda a criação (os quatro viventes), os servidores da Antiga
e da Nova Aliança (os vinte e quatro anciãos), o novo povo de Deus (os cento e
quarenta e quatro mil), em particular os mártires, «degolados por causa da
Palavra de Deus» (Ap 6, 9) e a santíssima Mãe de Deus (a Mulher; a
Esposa do Cordeiro enfim, «uma numerosa multidão que ninguém podia contar e
provinda de todas as nações, tribos, povos e línguas» (Ap 7,
9).
1139. É nesta liturgia eterna que o
Espírito e a Igreja nos fazem participar, quando celebramos o mistério da
salvação nos sacramentos.
·
CIC, n. 1402: a Eucaristia é a antecipação da
glória celeste.
·
CIC, n. 1403:
Na
última ceia, o próprio Senhor chamou a
atenção dos seus discípulos para a consumação da Páscoa no Reino de Deus:
«Eu vos digo que não voltarei a beber deste fruto da videira, até o dia em que
beberei convosco o vinho novo no Reino do meu Pai» (Mt 26, 29)
. Sempre que a Igreja celebra a
Eucaristia, lembra-se desta promessa, e o seu olhar volta-se para «Aquele que
vem» (Ap 1, 4). Na sua
oração, ela clama pela sua vinda: «Marana
tha» (1Cor 16, 22), «Vem, Senhor Jesus!» (Ap 22, 20), «que
a Tua graça venha e que este mundo passe!».
·
CIC n, 1404:
E
é por isso que nós celebramos a Eucaristia «expectantes beatam spem et adventum
Salvatoris nostri Jesu Christi – enquanto aguardamos a feliz esperança e a vinda de Jesus Cristo nosso
Salvador.
·
Na LITURGIA DO ADVENTO encontramos a seguinte oração:
“Na verdade, é justo e necessário, é nosso dever e
salvação dar-vos graças, sempre e em todo lugar, Senhor, Pai santo, Deus eterno
e todo-poderoso, por Cristo, Senhor nosso.
Revestido de nossa fragilidade, ele veio a
primeira vez para realizar seu eterno plano de amor e abrir-nos o caminho da
salvação.
Revestido de sua glória, ele virá uma
segunda vez para conceder-nos em plenitude os bens prometidos que hoje,
vigilantes, esperamos.
Por essa razão, agora e sempre, nós nos
unimos aos anjos e a todos os santos, cantando (dizendo) a uma só voz....”
(Prefácio do Advento I).
NA ORAÇÃO EUCARÍSTICA ANUNCIAMOS A
SEGUNDA VINDA DE CRISTO:
·
Oração Eucarística I (Missal, página 469), Oração Eucarística
II (Missal, página 477):
Eis o
mistério da fé!
AS: Todas as vezes que comemos deste pão e
bebemos deste cálice, anunciamos, Senhor, a vossa morte e enquanto esperamos
a vossa vinda!
·
Oração Eucarística III (Missal, página 482):
Eis o
mistério da fé!
AS: Todas as vezes que comemos deste pão e
bebemos deste cálice, anunciamos, Senhor, a vossa morte enquanto esperamos a
vossa vinda!
PR:
Celebramos agora, ó Pai, a memória do vosso Filho, da sua paixão que nos salva,
da sua gloriosa ressurreição e de sua ascensão ao céu, e enquanto esperamos A SUA NOVA VINDA, nós vos oferecemos em ação de
graças este sacrifício de vida e santidade.
·
Oração Eucarística V (Missal, página 495):
Tudo isto
é mistério da fé!
AS: Toda vez que se come deste pão, toda vez que se bebe deste vinho, se
recorda a paixão de Jesus Cristo e se fica esperando a sua volta!
·
Rito da Comunhão:
PR: O Senhor nos comunicou o seu Espírito. Com a
confiança e a liberdade de filhos e filhas, digamos juntos:
AS: Pai nosso que estais nos céus...
PR: Livrai-nos de todos os males, ó Pai, e
dai-nos hoje a vossa paz. Ajudados pela vossa misericórdia, sejamos sempre
livres do pecado e protegidos de todos os perigos, enquanto, vivendo a
esperança, AGUARDAMOS A VINDA DO CRISTO SALVADOR.
AS: Vosso
é o reino, o poder e a glória para sempre!
Ø
Oração do Pai Nosso
O Catecismo da Igreja Católica (CIC, n. 2818) nos ensina ao
refletir sobre o SEGUNDO PEDIDO DO PAI NOSSO, que é VENHA A NÓS O VOSSO REINO
(Mateus 6, 10) que nesse pedido da Oração do Senhor, trata-se principalmente da
vinda final do Reinado de Deus mediante o RETORNO DE CRISTO:
Na oração do Senhor,
trata-se principalmente da vinda final do Reinado de Deus mediante O RETORNO DE
CRISTO. Mas este desejo não distrai a Igreja da sua missão neste mundo, antes a
empenha nela. Porque, desde o Pentecostes, a vinda do Reino é obra do Espírito
do Senhor, «para continuar a sua obra no mundo e consumar toda a santificação».
(Catecismo da Igreja Católica, n. 2818)
Vale a pena assistir ao vídeo que resumo esse Dogma de Fé no âmbito Católico acerca da Segunda Vinda de Cristo: