20 novembro 2009

HOMILIA DE JOÃO PAULO II SOBRE FESTA DE CRSITO REI







Homilia de sua Santidade João Paulo II na celebração Eucarística da Solenidade de Jesus Cristo, Rei do Universo em 2000

Amadíssimos irmãos e irmãs:

1. Saúdo-vos com afeto a todos, viestes para vossa celebração jubilar perante a tumba de São Pedro, na véspera da solenidade de Jesus Cristo, Rei do universo. Segundo as imagens do Apocalipse, Cristo é <> (Ap 22, 13). Como verdadeiro <>, governa e renova tudo, para poder <> no final o mundo ao Pai, <> (1 Co 15, 28). Queridos irmãos, viestes hoje encomendar a ele novamente sua vida. Procurai que sua realeza se manifeste em vosso esforço por viver as realidades do mundo transfigurando-as com o amor e o louvor a Deus.

Saúdo cordialmente agora ao cardeal vigário Camillo Ruini, que celebrou a eucaristia, e lhe agradeço as palavras que me dirigiu em nome de todos e aos sacerdotes, aos religiosos e às religiosas presentes.

Uma atividade importante para o bem comum

2. Saúdo também a vós que realizais a peregrinação dos empregados de vários organismos constitucionais da República italiana: a presidência da República e do Conselho de ministros, o Senado da República, a Câmara de deputados e o Tribunal de contas. Saúdo a todos cordialmente. Recentemente, no jubileu dos governantes, os parlamentares e os políticos, exaltei a nobreza da política, reafirmando a exigência de vivê-la com uma dimensão espiritual, marcada pela competência e a moralidade. Alegra-me dirigir-me hoje a vós, que colaborais na obra dos políticos e os governantes. Com vosso serviço estável no seio das instituições, estão chamados a garantir continuidade, disposição profissional e elevação moral.

Ao trabalhar em setores tão prestigiados, em certo modo sois pessoas privilegiadas. Entretanto, é fácil intuir que em vosso âmbito profissional tampouco faltam as dificuldades e os desafios. No vosso, como em qualquer outro setor humano, a realidade diária está sempre longe do ideal, e às vezes possivelmente também vós, levados pela desconfiança, sentis a tentação de abandonar-vos à rotina. Não cedais a esta tentação! Realizai sempre com esmero inclusive o trabalho mais burocrático. Olhai sempre às pessoas, seus problemas e seus sofrimentos, embora deveis vos ocupar delas só mediante documentos ou números, artigos de códigos e áridos regulamentos. Fazei de seu trabalho um espaço de verdadeira humanidade e uma ocasião de aperfeiçoamento moral. Um discípulo de Cristo jamais tem que acomodar-se na mediocridade: todo trabalho pode ser caminho de santidade.

3. Na realidade, vosso trabalho supera os limites de vossos escritórios, contribuindo ao funcionamento global de um aparelho institucional que é de suma importância para o bem comum. A isto tende, acima de tudo, o serviço prestado à unidade da nação pela presidência da República e o de governo exercido pela presidência do Conselho de ministros. De igual importância é o papel do Senado da República e da Câmara de deputados na realização da função legislativa, bem como o papel de garantia que desempenha o Tribunal constitucional com vistas à conformidade das leis com a carta magna da República, e o de controle sobre a gestão das finanças públicas que leva a cabo o Tribunal de contas.

O primado de Deus

4. Entre as virtudes que devem brilhar em vós figura sem dúvida a lealdade às instituições, às quais estais chamados a servir considerando o primado de Deus: <>(Mc 12, 17).

Este luminoso princípio evangélico orientou a Igreja desde suas origens, impulsionando-a a mostrar grande respeito pelas instituições civis. Nelas, e nos homens que assumem sua responsabilidade, há de se ver um sinal da presença de Deus, que guia os acontecimentos da história. <> (Rm 13, 1): todo poder vem de Deus. Nisto se apóia o dever de acatamento às leis e a quem
exerce a autoridade. Entretanto, tudo deve se submeter à soberania de Deus, até o ponto de que em nenhum caso pode chegar a ser obrigatório o que se opõe a sua lei. O cristão deve ser firme testemunha deste princípio, indo, quando for necessário, <>. Neste caso encontrará apoio na força da oração. Como a primeira comunidade de Roma, no início do século II, os fiéis invocam a ajuda divina para os que estão investidos de responsabilidades públicas, a fim de que o Senhor dirija suas decisões segundo o que é bom e agradável a seus olhos (cf. Primeira Carta de são Clemente aos Coríntios, LXI, 1).

5. Saúdo agora a vós, queridos trabalhadores do setor do transporte, empregados da Empresa de bondes e ônibus da prefeitura de Roma (ATAC) e de outras empresas do Lácio e de toda a Itália. Sua realidade é vasta, com uma extensa rede de serviços que vos comprometem diariamente a favor dos cidadãos. Além disso, neste ano do grande jubileu mereceis particularmente nossa gratidão pela acolhida prestada aos numerosos peregrinos: vos agradeço de coração.

O transporte público, nas atuais condições de intercâmbios mais intensos de pessoas e de tráfico freqüentemente caótico, está destinado a desempenhar um papel de crescente importância. Do ponto de vista ecológico e humano, existe uma difundida exigência de assegurar um melhor nível de vida a nossas cidades. É necessário evitar que nossas paisagens se vejam alteradas ou poluídas ulteriormente, e proteger a dimensão humana das cidades. E tudo isto não depende do modo como se organiza o transporte? Pelo resto, não faz falta demonstrar a importância que tem isto para Roma, por seu duplo papel de capital da Itália e de centro da cristandade.

Com efeito, tanto os peregrinos como os turistas, que vêm de longe, antes de mergulhar na história de Roma, em sua arte e em seu significado religioso, pelo geral se encontram com vós. Sua disponibilidade, cordialidade e eficiência é como um cartão de apresentação da <>.

Certamente, é fácil imaginar as dificuldades que tornam vosso serviço mais pesado. Apesar de tudo, esforçai-vos por prestá-lo como um verdadeiro ato de amor. Precisamente a isso vos comprometeis, abrindo vosso coração à graça jubilar que Cristo vos dá hoje. Sede para as pessoas que transportais outros <>, portadores de Cristo, que quer que o encontremos e o tratemos com amor em cada pessoa, especialmente nos mais pobres (cf. MT 25, 35).

O jubileu é momento de conversão e renovação

6. Agrada-me saudar agora ao grupo de fiéis do círculo da agência ANSA. É conhecido o papel de sua agência no panorama da informação. Vossa presença me impulsiona a invocar ao Senhor para que ilumine a quantos trabalham neste setor e vos ajude a prestar do melhor modo possível vosso serviço, hoje particularmente difícil e cheio de responsabilidade, pelas condições gerais do sistema dos meios de comunicação social e a influência freqüentemente exagerada exercida por poucos e grandes gestores do poder informativo.

Por último, dou minhas boas-vindas aos outros numerosos grupos presentes: grupos paroquiais, escolar e associações de diferentes tipos e de diversa proveniência. Queridos irmãos, vos desejo que vivais este jubileu como um momento de conversão e renovação interior. Cristo vos pede que vos adíreis com mais força a seu Evangelho e que o tradúzeis em um testemunho coerente. Confiai nele! Frente às <> atrativas de uma cultura que, afastando-se dele, promete em vão felicidade verdadeira e duradoura, dizei-lhe com a convicção do apóstolo são Pedro: <> (Jo 6, 68).

Maria, Mãe da Igreja, obtenha-nos que Cristo, Rei do universo, seja o Rei de nosso coração, de nossas famílias e de nossas comunidades. No nome do Senhor, abençôo a todos.
http://www.acidigital.com/fiestas/cristorei/homilia2000.htm

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