Na Páscoa,
refletimos a Paixão, Morte e Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo no
contexto de um novo êxodo, de uma
nova libertação. Não mais uma libertação geográfica e exclusiva de ou para um
único povo (Moisés tira o povo israelita da escravidão do Egito e os conduz até
a terra prometida, Canaã); e sim, um libertação espiritual e para toda a
humanidade (Jesus, na cruz, o novo Moisés, ao derramar o seu precioso sangue,
nos faz passar a “pé enxuto” pelo “mar vermelho”: da vida de escravidão de
pecados para uma nova Canaã, uma vida nova em Cristo Jesus. Vale
ressaltar aqui que hoje podemos chamar (e até clamar) Deus de Pai e temos direito e herança da
moradia e garantia do céu).
Ao terceiro dia, Jesus Cristo, após ter
derramado o seu sangue numa cruz para a remissão dos pecados da humanidade e
salvação da mesma, ter descido nos infernos para arrancar de Satanás as chaves
da morte e do inferno (Ap 1,18), anuncia com a sua Ressurreição, a Sua vitória
sobre o pecado e sobre a morte, para declarar para toda a humanidade que havia
se corrompido pela idolatria pagã e suas maldições entre as gerações, que agora é
livre e tem Salvação pelo Nome de Jesus.
CFE
– 2010
No entanto,
falar de Quaresma no Brasil, é falar também de CF (Campanha da Fraternidade).
Neste ano, pela terceira vez, ela é ecumênica (várias igrejas cristãs, se
reuniram para estruturá-la e pô-la em ação). Por isso, chamamos de CFE.
Percebemos
para isso, dois movimentos religiosos que estão a frente da CFE - 2010: a CNBB
(Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) e a CONIC (Conselho Nacional das Igrejas Cristãs). A CONIC (fundada em 1982), pelo que consta atualmente, é
formada pelas seguintes igrejas: Igreja Católica Apostólica Romana, Igreja
Episcopal Anglicana no Brasil, Igreja Evangélica de Confissão Luterana no
Brasil, Igreja Presbiteriana Unida no Brasil e Igreja Sirian Ortodoxa de
Antioquia.
TEMA E LEMA DA CFE –
2010
Como
de práxis, em cada
Campanha da Fraternidade, nós temos o Tema e o Lema. Este,
geralmente, é a fundamentação bíblica para o tema. O Tema, por sua vez, é a
tentativa da promoção da vida humana, refletindo algum assunto social. O Tema
deste ano é “Economia e Vida” e o
Lema, é: “Vocês não podem servir a Deus
e ao Dinheiro” (Mt 6,24c).
O
Objetivo Geral da CFE – 2010, segundo o texto-base, é o seguinte: Colaborar
na promoção de uma economia a serviço da vida, fundamentada no ideal da cultura
da paz, a partir do esforço conjunto das Igrejas Cristãs e de pessoas de boa
vontade, para que todos contribuam na construção do bem comum em vista de uma
sociedade sem exclusão.
Além do Objetivo Geral,
a CFE traz alguns objetivos específicos que não serão expostos e nem
comentados, pelo menos de forma explícita, aqui neste artigo.
Quando refletimos
Economia (do grego oikonomía, administrar a própria casa), trazemos alguns pontos que podem ser
analisados: Cultura do Consumismo, Idolatria ao dinheiro, Valorização do ser
humano, Teologia da Prosperidade, o Bem Comum, Lógica do Mercado, dentre
outros.
O
SER HUMANO TEM VALOR PELO QUE É E NÃO PELO QUE TEM
Quantas pessoas se acham
as tais por que possuem uma condição de vida superior do que outras!
Geralmente, entre a juventude, valoriza-se muito aquele (ou aquela) que tem carro, moto, certo status social, beleza física, dinheiro no banco...
O ser humano tem o seu valor
por que ele É alguém (é a questão do SER) e não por que TEM alguma coisa
material (a questão do TER). Percebemos na parábola do Filho Pródigo (Lc
15,11-32), que, enquanto aquele jovem tinha dinheiro, ele tinha também amigos e
mulheres. Ele achava que o materialismo lhe daria felicidade e vida em abundância. Divertiu-se
enquanto pode. No entanto, quando tudo acabou, teve que pensar consigo mesmo
dos erros e projetos dos quais se iludiu. Todos os homens e mulheres são iguais
diante de Deus! A prática da valorização pelo que se TEM não pode vencer a
verdade da valorização pelo que se É. Percebemos que somos amados por Deus e
nem por isso temos que pagá-lo. Temos o sol que brilha sobre os bons e maus, a
lua e as estrelas; os mares, que são para todos, o ar que respiramos sem pagar
nada a Deus, a chuva que cai sobre justos e injustos... e tudo isso nos são
dados por Deus como dádivas de maneira gratuita. Nós temos nossas características,
nossos projetos, nossos sonhos, nossas capacidades, idealizações, nossos
valores. São essas coisas que nos fazem crescer. O fato de SERMOS pessoas, é que
nos garantem a certeza de TERMOS valores. Seria um equívoco afirmarmos que
somos os melhores, que temos valores e que somos os tais pelo valor do salário
recebido e dos bens materiais que possuímos.
Percebemos na sociedade que a Terra,
deveria ser a casa de todos e que os principais direitos de subsistência (como
moradia, saúde, educação, trabalho digno), não é oferecido a todos e de maneira igualatária, dentre outros motivos, pela má distribuição
de renda, pela corrupção política da sociedade e pelo descuido do ser humano
pela natureza (práticas de cultura de morte).
CULTURA DE CONSUMISMO E IDOLATRIA AO DINHEIRO
Idolatria seria toda atitude de culto a um
outro deus que não é o verdadeiro. Idolatrar o dinheiro é justamente tirar Deus
do trono para curvar-se diante do dinheiro, como se este fosse deus e tivesse
poder. A verdade é que muitas pessoas são controladas pelo dinheiro, o que
deveria ser o contrário. O dinheiro foi feito para o homem e não o homem para
dinheiro. O gasto exagerado e sem necessidade nos leva a escravidão do
consumismo. A sociedade nos leva a prática do sistema que favorece o consumo
exagerado (consumismo). Este, nos vicia a uma tendência de comprarmos
exageradamente.
Nenhum filho de Deus foi criado para ser
viciado e escravo do dinheiro. Existe toda um projeto por trás da mídia, para
fazer o ser humano ser escravo do dinheiro (idolatrando-o!) para consumir
exageradamente, sem necessidade alguma. Com certeza, já aconteceu com você:
Você estava no centro e vendo as vitrines de lojas entrou para comprar aquela
bolsa, aquele sapato, aquela roupa de marca (ação de compra por instinto).
Talvez nem dinheiro tivesse. Mas deu um jeitinho brasileiro de comprar e depois
de certo tempo, se você chegou a refletir, foi algo supérfluo, sem necessidade.
Ou seja, uma compra por impulso.
Toda prática de Idolatria é condenada pela
Bíblia: Só o Senhor Deus de Israel deve ser cultuado. Todo outro culto é
proibido e constitui idolatria (Ex 20,3-6; Dt 5,7-10). Israel acreditou na
existência de outros deuses (Jz 11,23s) e se deixou seduzir pelo culto a deuses
cananeus, assírios e babilônios (Nm 25,3; Jz 2,12; 1Rs 14,22-24; 2Rs 21,2-15).
Os deuses e suas imagens (cf. Dt 4,15-24 e nota) são invenção dos homens (Br 6;
Rm 1,23) e um grave pecado (Sl 96,5; Sb 13,1-5; Rm 1,23-25; 1Cor 5,10s). Também
a cobiça de riquezas é idolatria (Cl 3,5; Ef 5,5).
O
QUE NOS DIZ O CARTAZ DA CFE- 2010?
Quando
observamos o conjunto das gravuras do cartaz da CFE, percebemos o grito que as
Igrejas Cristãs empenhadas fazer para a sociedade brasileira: “Não idolatrem o
dinheiro! Sigam somente ao Senhor! Não se pode servir a dois senhores. Escolham
a quem quereis servir! Não sejam escravos de uma cultura de consumismo e
Teologia de Prosperidade...”
Com uma vela acesa
feita de moedas, e mãos postas como se estivesse fazendo oração a Deus
,com um traço de cores escuras, o cartaz traz o triste retrato da sociedade
brasileira: escrava e idólatra do dinheiro!
O Senhor nos
criou para sermos livres! Nem o dinheiro e nem coisa alguma deve ser colocada
no lugar de Deus e/ou como se fosse um outro deus. Não se pede servir a Deus e
ao Dinheiro. Não se pode ter preocupações exageradas (Mt 6,19-34). Entendamos: Deus
não condena o fato de se ter dinheiro. Mas, o mau uso deste, e a escravidão e
idolatria ao dinheiro.
“Cuidado!
Guardai-vos de toda ganância; não é pelo fato de um homem ser rico que ele tem
a vida garantida pelos seus bens” (Lucas 12,15)
Cássio
José
E-mail:
cassiouab@hotmail.com
Estudo feito no Encontro de Crisma no Colégio General Antônio da Silva Campos (Setor da Cominudade de São Pedro) no dia: 14 de Março de 2010.
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