Membro
da Renovação Carismática Católica de Camocim
Ministério
de Pregação
Pressupostos
iniciais
Uma das mais
conhecidas e refletidas passagens da Sagrada Escritura, encontrada no
Novo Testamento, mais precisamente nos Evangelhos, é a da
Multiplicação
dos pães.
Essa passagem bíblica é pano de fundo para alguns católicos sob a
defesa de afirmarem que fora simplesmente uma atitude
de fraternidade da comunidade,
fazendo com que se pense que aconteceu uma redundância
do poder do Senhor Jesus Cristo acerca de realizar milagres.
Esse é o pensamento e pregação de tais pessoas!
Com esse artigo,
trazemos e objetivamos a seguinte reflexão: a Multiplicação dos
pães foi um milagre realizado pelo Senhor Jesus ou simplesmente uma
atitude de fraternidade?
Esperamos esclarecer
a tal dúvida, inseminada por alguns “teólogos
e estudiosos”
da Igreja Católica, que ao invés de alicerçarem mais a fé dos
católicos, os reduzem ao ateísmo fariseístico. Não é nosso
objetivo criar rixa ou espalhar ira a ninguém, nem muito menos fazer
deboches. O que esperamos é mais respeito com a exegese bíblica e
anúncio profético da verdade e não de achismos.
Veja o que o
Magistério da Igreja nos diz a respeito da missão da catequese,
anúncio da doutrina cristã:
“A
especificidade da catequese, distinta do primeiro anúncio do
Evangelho que suscita
conversão,
visa o duplo objetivo de fazer
amadurecer a fé inicial e de educar o verdadeiro discípulo de
Cristo, mediante um conhecimento mais aprofundado e sistemático da
Pessoa e da mensagem de Nosso Senhor Jesus Cristo”.
(Exortação Apostólica Catechesi Tradendae: Papa João Paulo II, n.
19)
A nossa pregação
não pode partir do pressuposto do que achamos e pensamos; e sim, a
exemplo de Jesus, do verdadeiro anúncio da Palavra de Deus, segundo
os critérios do Magistério da Igreja.
Lendo
de Mateus 14, 13 – 21 com comentários: Sinceridade com o texto
bíblico!
Não tem como pensar
outra coisa se não um olhar cego dessas pessoas a cerca dessa
realidade realizada pelo Senhor Jesus, quando ouvimos ser simples
momento de fraternidade: A
Multiplicação dos pães e peixes!
Existe a primeira e
a segunda Multiplicação dos Pães (e peixes). Pegaremos a primeira
para nossa reflexão: Mateus 14, 13-21; Marcos 6, 31-44; Lucas 9,
10-17; João 6, 1-13. Nos deteremos com o Evangelho Segundo Mateus.
Basta lermos e
relermos os trechos e detalhes do Evangelho a cerca de tal situação
para percebermos e fazermos algumas considerações. Pegaremos o
Evangelho de Mateus, como objeto de análise. Leia conosco e perceba
tal façanha realizada pelas mãos do Senhor Jesus:
“Ao ser
informado da morte de João, Jesus partiu dali e foi, de barco, para
um lugar deserto a sós. Quando as multidões o souberam, saíram das
cidades e o seguiram a pé. Ao sair do barco, Jesus viu uma grande
multidão. Encheu-se de compaixão por eles e curou os que estavam
doentes. Ao entardecer, os discípulos aproximaram-se dele e
disseram: “Este lugar é deserto e a hora já está adiantada.
Despede as multidões, para que possam ir aos outros povoados comprar
comida!”Jesus porém lhes disse: “Eles não precisam ir embora.
Vós mesmos dai-lhes de comer!”Os discípulos responderam: “Só
temos aqui cinco pães e dois peixes”. Ele disse: “Trazei-os
aqui”. E mandou que as multidões se sentassem na relva. Então,
tomou os cinco pães e os dois peixes, ergueu os olhos para o céu e
pronunciou a bênção, partiu os pães e os deu aos discípulos; e
os discípulos os distribuíram as multidões. Todos comeram e
ficaram saciados, e dos pedaços que sobraram recolheram ainda doze
cestos cheios. Os que comeram foram mais ou menos cinco mil homens,
sem contar mulheres e crianças.”
É nítida a
percepção do que Jesus faz nesse trecho da Sagrada Escritura: O
Milagre da Multiplicação dos pães e peixes.
Será que são cegos ao lerem tal passagem e não enxergam a riqueza
dos detalhes?
Reflitamos os
seguintes trechos ou versículos bíblicos:
Afirmam-se por aí
que cada um dos que estavam no deserto com Jesus (uma grande
multidão) levou o seu alimento e lá houve uma partilha
(cada um se junta com o seu próximo e distribuem o que tem, para que
eles não passassem fome já que estão num deserto), o
que reduz o poder do Senhor Jesus quanto ao milagre da multiplicação
dos pães e peixes.
Essa é a falsa e ridícula exegese de muitos! Puro engano e mentira!
E sabemos que o pai da mentira é o diabo (João 8,44).
Mas surge um
questionamento inicial:
O que dizer desse
versículo 14 quando o evangelista afirma que Jesus “curou
os que estavam doentes”?
Será que daquela
imensa multidão (aproximadamente
cinco mil homens),
ninguém levou remédio para ajudar o seu próximo? Não houve então
fraternidade de medicamentos? Houve esquecimento de levar remédio
das cinco mil pessoas?
Sabemos que nessa
multidão havia gente de todo tipo e de todas as realidades e idades:
crianças, homens e mulheres, idosos...
O verdadeiro
propósito para que aquela grande multidão era o encontro com o bom
pastor. E Jesus, sendo esse Bom Pastor, antes de saciar a fome do
corpo, cura a alma daquela multidão. Primeiro o milagre na alma,
depois o milagre da multiplicação dos pães e peixes
Ao
entardecer, os discípulos aproximaram-se dele e disseram: “Este
lugar é deserto e a hora já está adiantada. Despede as multidões,
para que possam ir aos outros povoados comprar comida!”
(Mt 14, 15)
Veja:
A palavra de Deus é muito clara e traz detalhes:
Quando chegava a
noite, os discípulos de Jesus preocupados com a multidão clamam a
Jesus para que ele deixe a multidão comprar alimentos. Veja
novamente o pedido dos discípulos:
Este
lugar é deserto e a hora já está adiantada. Despede
as multidões, para que possam ir aos outros povoados comprar comida!
Ora, meus queridos
leitores! Será que são cegos e não leram esse trecho do Evangelho?
Se tivesse havido tão somente um momento de fraternidade entre
aquela comunidade reunida no deserto em torno de Jesus, por que o
evangelista afirma tal preocupação dos discípulos? Eles
não levaram comida! Essa é que é a pura verdade!
E já aqui há um pressuposto ou indicativo de que tem milagre para
acontecer. Há cheiro de milagre que está por vir porque Jesus é o
Bom Pastor e uma vez que curou os que se encontravam doentes, agora
não é estranho que alimente a fome da multidão! Tanto que a
resposta de Jesus é uma negatividade:
Aqui percebemos um
cuidado e ordem de Jesus. Se ele é o pão da vida por que despedir
as multidões? Outra: Por que Jesus não permitiu que eles fossem
embora comprar comida para depois voltar e haver partilha? Tem mais:
não há nenhum versículo bíblico, nem mesmo nas entrelinhas que
traz indicativo (nem mesmo o 17) de momento de fraternidade. Observe
que ninguém afirma, por exemplo:
“Não
Jesus, cada um de nós vamos juntar o que temos para que em unidade
comum, nos alimentemos”.
E mesmo que
desconfiem de que no verso 17 haja a pseudo-argumentação de
fraternidade (“Só
temos aqui cinco pães e dois peixes”)
por que disseram: só
temos aqui...?
Caso alguém
dissesse: João tem 2 peixes, Marizinha tem 3 pães, Bartolomeu tem 2
bananas, Chiquim também tem peixe e tapioca, Valéria tem na sacola
suco... aí sim, seria fraternidade comum. Mas observe o que
aconteceu:
Ele
disse: “Trazei-os aqui”. E mandou que as multidões se sentassem
na relva. Então,
tomou os cinco pães e os dois peixes, ergueu os olhos para o céu e
pronunciou a bênção, partiu os pães e os deu aos discípulos; e
os discípulos os distribuíram as multidões.
Todos comeram e ficaram saciados, e dos pedaços que sobraram
recolheram ainda doze cestos cheios.
Mais uma vez o texto
bíblico traz a confirmação e argumentação exegética de que o
que aconteceu foi Milagre
realizado pelo Senhor Jesus e não momento
de fraternidade
em que cada um juntou os alimentos que tinham com os outros para
partilharem o que levaram; o que não significa dizer que se possa
usar tal passagem para pregar sobre fraternidade.
O Evangelho é muito
detalhista: “Jesus
tomou os cinco pães e os dois peixes, ergueu os olhos para o céu e
pronunciou a bênção, partiu os pães e os deu aos discípulos; e
os discípulos distribuíram as multidões”.
Quantos pães eles
tinham?
Tinham cinco.
E quantos peixes?
Dois!
Bíblia é muito clara ao contabilizar os números do que antes
tinha e do que depois se alimentam. Era desproporcional esse número.
Por tanto, o que acontece é que temos ante nossos olhos um texto que
traz a comprovação de que Jesus realizou de maneira poderosa um
milagre.
Claro, já dizia
antes, pode-se pegar tal passagem e pregar sobre fraternidade. No
entanto, é inadmissível fazer redundância ao poder de Jesus sob o
pretexto argumentativo de que não houve milagre e sim fraternidade.
O número dos que se
fartaram foram em aproximadamente de 5
mil homens,
sem contar a esse número mulheres e crianças. Por que a Palavra de
Deus traz o que antes tinha e a totalidade dos que se fartaram? Por
que, sendo partilha e fraternidade, não há os índices do que
levaram, partilharam, fraternizaram? Cadê?
Outras
Traduções e Leituras de Rodapés
Antes
de vermos a tradução de outras Bíblias, a que foi usada até aqui
é a tradução da Bíblia CNBB, vejamos os títulos que os biblistas
impuseram nessa passagem de Mateus 14, 13-21:
Bíblia
Pastoral: O
banquete da vida
Bíblia
TEB: Jesus
alimenta cinco mil homens
Bíblia
de Jerusalém e Ave Maria: Primeira
Multiplicação dos Pães
Bíblia
Nova Tradução na Linguagem de Hoje (NTLH): Jesus
alimenta uma multidão
Temos
nesses títulos do trecho bíblico em análise indicativos ou ainda,
antecipação e hipóteses, como nos afirmam os estudiosos em
Línguas, os linguistas, de que o que predomina é a ação de Jesus
a respeito de algo a ser realizado: a Multiplicação dos Pães.
Bíblias como a TEB
e NTLH, trazem isso com mais evidência. No entanto, mesmo as Bíblias
Ave Maria, Bíblia de Jerusalém e até mesmo a Pastoral cooperam
para o entendimento de que já no título pode-se levar a hipótese
de que teremos uma ação miraculosa de Jesus e não uma ação de
fraternidade da comunidade.
Além
disso, vejamos os comentários de alguns rodapés dessas bíblias:
“Mateus
salienta o comportamento de Jesus: ele não é fanático, querendo
enfrentar imediatamente Herodes; mas também não é fatalista,
deixando as coisas correr risco de estado. Ele
continua fiel à missão de servir ao seu povo.
Reúne
e alimenta as multidões sofredoras,
realizando os sinais de um novo modo de vida e anúncio do Reino.
A Eucaristia é o sacramento-memória dessa presença de Jesus,
lembrando continuamente qual é a missão a que nós, cristãos,
fomos chamados”.
[Rodapé
da Pastoral: págs. 1258-1259]
As
duas expressões em destaque também convergem para o entendimento de
que Jesus realizou uma ação miraculosa:
O serviço de Jesus
nessa situação com essa multidão foi a de curar os doentes e
alimentar as ovelhas que tinham fome de Deus. Tanto que antes de
alimentá-los fisicamente, Jesus os alimenta espiritualmente com a
pregação. Claro que São João coloca que a multidão o seguia
porque via os sinais que Jesus realizara (João 6,2), mas o maior
desejo de Jesus era levar a mensagem do Reino dos céus para aquele
povo.
Aqui nós temos uma
resposta de Jesus frente ao desrespeito que os que moravam em
palácios “tinham do bom e do melhor” faziam vista grossa a esse
povo tão necessitado. O povo se farta para perceber que Jesus era o
Sumo Bem e o que eles mais precisavam.
A Bíblia de
Jerusalém nos ensina que a Multiplicação dos Pães, além de ser
um milagre realizado pelo Senhor Jesus (com
poder ainda maior),
é prefiguração da Eucaristia, alimento escatológico, a exemplo de
passagens do Antigo Testamento como o Maná que descia do céu:
“Com
poder ainda maior,
essas dádivas
de alimentos celestes,
o gesto de Jesus queria ser entendido – como de fato o foi desde a
antiga tradição – como uma preparação do alimento escatológico
por excelência, a Eucaristia”.
[Rodapé
da Bíblia de Jerusalém, trecho da letra “n”]
Sendo dádivas de
alimentos celestes e com poder ainda maior, só poderia ser milagre e
não simples fraternidade, reduzindo o poder de Jesus realizar
milagres.
O
que nos diz o Catecismo da Igreja Católica?
Olha
o que nos afirma o Catecismo da Igreja Católica a respeito de tal
passagem bíblica em análise:
“O
milagre da multiplicação dos pães,
quando o Senhor proferiu a bênção, partiu e distribuiu os pães a
seus discípulos para
alimentar a multidão,
prefigura
a superabundância deste único pão de sua Eucaristia”.
[CIC,
n. 1335]
O que mais podemos
dizer? A própria Igreja denomina milagre
da multiplicação dos pães ao
trecho aqui em análise de Mateus 14, 13-21.
Não há mais como contestar. Não é um simples teólogo e biblista
que usa de argumentos seus para defender sua tese ou hipótese. É a
própria Igreja, através de seu magistério.
Considerações
finais
Não se pode fazer
uma interpretação da Sagrada Escritura a seu bel-prazer. É errônea
a afirmação de que a passagem de Mateus 14, 13-21 se tem atitude de
fraternidade. Não e bem assim. No entanto, claro que se pode
aproveitar tal passagem para pregar sobre fraternidade. Entenda: a
passagem não fala de que foi um ato de fraternidade comum. Mas,
pode-se pregar sobre fraternidade com tal passagem. Se bem que a
melhor e incontestável passagem em que retrata muito bem a vida em
comunidade, em que se tem o hábito de fraternidade, coisa que a
Igreja hoje não faz mais, e nem chega perto é Atos dos Apóstolos
2, 42-47. Aqui sim, podemos levantar argumentos de sobra com relação
a atitude de fraternidade e vivência comum, comunidade.
Esperamos não ter
causado estranhamento a ninguém e sim esclarecimentos da Palavra de
Deus a respeito do assunto aqui levantado. Que a nossa boca fale da
Verdade que é o próprio Cristo Jesus e que tenhamos cuidado com o
tipo de exegese que estamos pregando as pessoas.
Paz e fogo! Deus te
abençoe!