O caso de Brittany Maynard, que se suicidou no dia 1º de novembro porque tinha câncer terminal e cujo drama está sendo usado para promover a eutanásia, despertou a reflexão sobre o destino das pessoas que acabam com a própria vida.
O Catecismo da Igreja Católica assinala que o suicídio é um ato grave e no numeral 2283 indica claramente que“não se deve desesperar da salvação eterna das pessoas que se suicidaram. Deus pode, por caminhos que só Ele conhece, oferecer-lhes a ocasião de um arrependimento salutar. A Igreja ora pelas pessoas que atentaram contra a própria vida”.
O Pe. Guillermo Leguía, professor de teologia moral da Faculdade de Teologia Pontifícia e Civil de Lima (Peru) explica que não é correto dizer que a pessoa que se suicida vai para o inferno.
Em declarações ao Grupo ACI, o sacerdote peruano indica que “sim é correto dizer que o ato de suicidar-se é um ato que está mal, mas ninguém pode fazer um julgamento sobre os elementos que ocorrem no coração da pessoa que fazem com que esse ato que está mal seja plenamente imputável”.
“Ninguém pode conhecer ou saber se a pessoa que se suicida vai para o inferno. Além disso, a Igreja não ensina isso”, precisa.
Para Dom Fernando Chomali, Arcebispo de Concepção (Chile), perito em bioética e membro da Pontifícia Academia para a Vida, no caso de um suicida é necessário considerar os aspectos psicológicos e psiquiátricos, assim como o fato de que para todas as pessoas “a misericórdia de Deus é muito grande”.
“Penso que há pessoas que chegam a um alto nível de desespero pela doença; e pode ser que a eutanásia ou o homicídio terminem sendo uma ‘resposta’ à grande solidão que essa pessoa sente”, comenta ao Grupo ACI.
O Pe. Leguía disse também sobre este caso que “é importante distinguir entre o ato que a Igreja ensina que está errado (suicídio) e o pecador a quem a Igreja sempre ama com um coração infinito e com uma misericórdia infinita. E bom, saber que às vezes há um conjunto de atos que embora estejam mal não são plenamente imputáveis ao ator”.
O sacerdote disse também que Brittany Maynard esteve “condicionada e saturada pela experiência da dor, da angústia, que é uma tragédia. Esta mulher sucumbiu ante um mar de tribulações e de emoções mal dirigidas que indubitavelmente diminuem a responsabilidade e a liberdade”. Entretanto, acrescentou, “isso não significa que o ato não seja um ato livre, mas podem haver atenuantes para a sua plena atribuição e responsabilidade”.
De outro lado, Dom Fernando Chomali, que publicou no dia 5 de novembro uma carta pastoral sobre a eutanásia que em países como o Chile o governo pretende aprovar, disse que é importante pensar “seriamente o que pode significar uma sociedade onde cada um possa dispor de seu corpo como se fosse uma propriedade pessoal. A verdade é que o corpo não nos pertence já que tem, ademais, uma dimensão social e é obvio outra sagrada que é preciso considerar”.
Depois de afirmar que diante de casos como o de Brittany é importante o “apoio espiritual, humano e psicológico” para que as pessoas não se suicidem, o prelado afirmou que “a sociedade empreende um caminho perigoso ao ser permissiva com a eutanásia”.
“A Igreja Católica diz não à eutanásia e ao encarniçamento terapêutico, e diz sim aos cuidados paliativos; e, sobretudo, sim a muito amor e muito acompanhamento”, concluiu.
Nenhum comentário:
Postar um comentário