O Ficar sacrifica o tempo de amadurecimento do amor.
Um dos desafios mais importantes do namoro é poder transitar do enamoramento (fenômeno afetivo) a um amor mais efetivo e livre, com um “coração inteligente”.
Ao mesmo tempo, não basta somente conhecer a outra pessoa em si mesma: é preciso observar como ela se relaciona com os outros. Convém pensar como o outro é e como age comigo; como eu sou e como ajo com ele; e como é a própria relação em si.
De fato, uma coisa é conhecer como a pessoa é comigo, e outra coisa é observar como ela é consigo mesma – por exemplo, se ela se apoia excessivamente no sentimentalismo ou na dependência afetiva.
Aprofundar no conhecimento mútuo implica em fazer-se algumas perguntas, tais como:
- Que papel desempenha (e que consequências tem) a atração física?
- Quanta dedicação mútua existe (presencial e virtual: comunicação via telefone, sms, whatsapp etc.)?
- Com quem e como nos relacionamos como casal?
- Como cada um se relaciona com a própria família?
- Cada um tem seu espaço de independência e autonomia?
- Como cada um vive o tempo livre e de lazer?
- O que nos motiva a continuar juntos?
- Como nosso relacionamento tem evoluído e que efeitos reais ele produz em cada um de nós?
Logicamente, também é importante conhecer a situação real do outro em alguns aspectos que podem não fazer parte diretamente da relação de namoro: comportamento familiar, profissional e social; saúde e doenças relevantes; equilíbrio psíquico; disposição e uso de recursos econômicos e projeção no futuro; capacidade de compromisso e honestidade diante das obrigações assumidas; serenidade ao abordar questões delicadas e enfrentar situações difíceis etc.
Companheiros de viagem
É oportuno conhecer que tipo de caminho eu quero percorrer com meu companheiro de viagem nesta fase inicial: o namoro. Comprovar que vamos cumprindo as metas do caminho, sabendo que ele possivelmente será meu acompanhante na peregrinação da vida. É preciso ir cumprindo os meeting points.
Para isso, podemos pensar agora em algumas perguntas concretas e práticas que não se referem tanto ao conhecimento do outro como pessoa (o que já foi abordado inicialmente), mas sim ao estado do relacionamento em si:
- Quanto crescemos como pessoas desde que começamos nosso namoro? Como nos enriquecemos (ou empobrecemos) em nossa maturidade pessoal, humana e cristã? Há equilíbrio e proporção no que ocupa de cabeça, tempo, coração? Existe um conhecimento cada vez mais profundo e uma confiança cada vez maior entre nós? Sabemos bem quais são os pontos fortes e os pontos fracos, próprios e do outro, e procuramos nos ajudar e extrair o melhor de cada um?
- Sabemos ser compreensivos (para respeitar o jeito de ser de cada um, seu ritmo nos esforços e lutas da vida), mas ao mesmo tempo exigentes (não nos deixando acomodar diante dos defeitos pessoais e alheios)? Nosso relacionamento é mais positivo ou negativo?
- Na hora de pedir e dar carinho, temos como primeiro critério não tanto as manifestações sensíveis, mas a busca do bem do outro acima do próprio? Existe maturidade afetiva entre nós? Compartilhamos realmente valores fundamentais e existe entendimento mútuo com relação ao plano futuro de casamento e família?
- Sabemos dialogar sem brigar quando as opiniões são diferentes ou surgem desacordos? Somos capazes de distinguir entre o que é importante e o que não é e, por conseguinte, cedemos quando se trata de detalhes? Reconhecemos os próprios erros quando advertidos pelo outro? Percebemos quando, em quê, como o amor próprio e a susceptibilidade entram em jogo?
- Aprendemos a lidar bem com os defeitos um do outro e, ao mesmo tempo, ajudar-nos nesta luta? Cuidamos da exclusividade do relacionamento e evitamos interferências dificilmente compatíveis com ele? Conversamos frequentemente sobre como melhorar nosso trato e como melhorar o namoro em si? E o que é mais importante: temos a mesma concepção básica sobre o casamento e a família?
É possível detectar a tempo carências e possíveis dificuldades, colocando os meios necessários para tentar resolvê-las antes do casamento. Mas nunca se deve pensar que o casamento é um passe de mágica que vai fazer os problemas desaparecerem.
Por isso, a sinceridade, a confiança e a comunicação no namoro podem ajudar muito a decidir de maneira adequada se convém ou não prosseguir neste relacionamento concreto rumo ao casamento.
Fonte: Aleteia
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