Mit brennender Sorge (“Com preocupação
ardente”) Sobre a Igreja e o Reich alemão é
uma encíclica do Papa Pio XI , emitida durante a era
nazista de 10 de março de 1937 (mas com data
do Domingo de Paixão , 14 de março). Escrita em alemão, não no latim comum, foi
contrabandeado para a Alemanha por medo de censura e lido nos
púlpitos de todas as igrejas católicas alemãs em um dos domingos mais movimentados
da Igreja, o Domingo de Ramos. (21 de março daquele ano).
A encíclica condenou
as violações do acordo Reichskonkordat de 1933 ,
assinado entre o Reich alemão e a Santa
Sé .
Condenou a
” confusão panteísta “, o ” neopaganismo”, o “mito da raça
e do sangue” e a idolatria do Estado. Continha uma vigorosa defesa
do Antigo Testamento com a crença de que ele preparava o caminho para
o Novo .
A encíclica
afirma que a raça é um valor fundamental da comunidade humana, que é necessária
e honrosa, mas condena a exaltação da raça, ou o povo, ou o estado, acima de
seu valor padrão a um nível idólatra.
A encíclica declara
“que o homem, como pessoa, possui direitos que ele detém de Deus e que qualquer
coletividade deve proteger contra a negação, a supressão ou a negligência”.
O nacional-socialismo, Adolf Hitler e o partido
nazista não são mencionados no documento. O termo “Governo do Reich”
é usado.
O esforço para produzir e distribuir mais de 300.000 cópias da carta era
inteiramente secreto, permitindo que padres em toda a Alemanha lessem a carta
sem interferência. A Gestapo invadiu as igrejas no dia seguinte para confiscar
todas as cópias que pudessem encontrar, e as impressoras que haviam impresso a
carta foram fechadas.
Segundo o
historiador Ian Kershaw , uma intensificação da luta geral
contra a igreja começou por volta de abril em resposta à
encíclica. Scholder escreveu: “as autoridades estaduais e o Partido
reagiram com raiva e desaprovação. Não obstante, a grande represália que se temia
não veio.
A concordata
permaneceu em vigor e, apesar de tudo, a intensificação da batalha contra as
duas igrejas que então começaram permaneceu dentro dos limites comuns. “. O
regime restringiu ainda mais as ações da Igreja e assediou os monges com
processos judiciais encenados.
Embora Hitler não
seja mencionado na encíclica, ele se refere a um “profeta louco” que algumas
alegações se referem ao próprio Hitler.( Fonte Wikipédia)
Carta Encíclica
“Mit Brennender Sorge”
“Mit Brennender Sorge”
Í N D I C E
Introdução. (1-2)
A concordata. (3-10)
A concordata. (3-10)
Genuína fé em Deus. (11-19)
Genuína fé em Jesus Cristo. (20-23)
Genuína fé na Igreja. (24-29)
Genuína fé no primado. (30)
Genuína fé em Jesus Cristo. (20-23)
Genuína fé na Igreja. (24-29)
Genuína fé no primado. (30)
Não adulterar noções e termos sagrados. (31-38)
[Revelação (32), Fé (33), Imortalidade (34), Pecado original (35),
A Cruz de Cristo (36), Humildade (37), Graça (38).]
Doutrina e ordem moral. (39)
Reconhecimento do direito natural. (40-43)
[Revelação (32), Fé (33), Imortalidade (34), Pecado original (35),
A Cruz de Cristo (36), Humildade (37), Graça (38).]
Doutrina e ordem moral. (39)
Reconhecimento do direito natural. (40-43)
À juventude. (44-49)
Aos sacerdotes e religiosos. (50-51)
Aos fiéis leigos. (52-54)
Aos sacerdotes e religiosos. (50-51)
Aos fiéis leigos. (52-54)
Conclusão. (55-59)
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CARTA ENCÍCLICA
Aos Patriarcas, Primazes, Arcebispos,
Bispos e
outros Ordinários em paz e comunhão com a Sé
Apostólica, sobre A situação da Igreja Católica
no Reich Germânico.
outros Ordinários em paz e comunhão com a Sé
Apostólica, sobre A situação da Igreja Católica
no Reich Germânico.
PIO PAPA XI
Veneráveis Irmãos: Saúde e Bênção
Apostólica.
Introdução.
1. Com viva ânsia e
admiração sempre crescente vimos observando, desde muito tempo, a via dolorosa
da Igreja e o progressivo acirramento da opressão dos
fiéis que lhe ficaram devotados em espírito e obra; e tudo isto em um país e
em meio do povo a quem São Bonifácio levou, um dia, a luminosa e alegre
mensagem de Cristo e do reino de Deus.
2. Esta Nossa ânsia
não foi aliviada pelas relações que os Reverendíssimos Representantes do
Episcopado, como é de seu dever, Nos fizeram conforme a verdade, visitando-Nos durante
a Nossa enfermidade. A par de muitas notícias — que Nos foram um consolo e
conforto — sobre a luta sustentada por seus fiéis por motivo da religião, não
puderam, não obstante o amor a seu povo e pátria e o cuidado de externar um
juízo bem ponderado, passar em silêncio inumeráveis outros acontecimentos
tristes e reprováveis. Quando ouvíamos suas relações com profunda gratidão a
Deus pudemos exclamar com o Apóstolo do amor: Não conheço satisfação maior do
que esta, de ouvir que meus filhos andam no caminho da verdade (3 Jo 4). Mas a
franqueza que corresponde à grave responsabilidade de Nosso ministério
Apostólico, e a decisão de apresentar-vos a Vós e ao mundo cristão inteiro a
realidade em toda sua crueza, exigem também que acrescentemos: Não temos maior
ânsia nem aflição pastoral mais cruel do que quando ouvimos: muitos abandonam o
caminho da verdade (cf. 2 Ped 2,2).
A concordata.
3. Quando Nós,
Veneráveis Irmãos, no verão de 1933, a pedido do governo do Reich, aceitamos
reencetar a negociação de uma Concordata, à base de um projeto elaborado há
vários anos, e chegamos assim a um solene acordo que vos trouxe satisfação a
todos Vós, fomos movidos da solicitude impendiosa de salvaguardar a liberdade
da missão salvadora da Igreja na Alemanha e de assegurar a salvação das almas a
ela confiadas, e, ao mesmo tempo, do sincero desejo de prestar um serviço de
interesse capital ao pacífico desenvolvimento e bem-estar do povo alemão.
4. Apesar de muitas e
graves preocupações, chegamos então, não sem esforço, à determinação de não
negar o Nosso consentimento. Queríamos poupar aos Nossos fiéis, aos Nossos
filhos e Nossas filhas da Alemanha, segundo as possibilidades humanas, as
tensões e tribulações que, em caso contrário, certamente deviam ter esperado,
dadas as condições dos tempos. E queríamos demonstrar pelo fato a todos que
Nós, procurando só a Cristo e o que pertence a Cristo, não negamos a ninguém —
caso ele mesmo não a despreze — a mão pacífica da Madre Igreja.
5. Se a árvore da paz,
que plantamos em terras da Alemanha com intenção pura, não produziu os frutos
por Nós almejados no interesse do vosso povo, não haverá no mundo inteiro homem
que, tendo olhos para ver e ouvidos para ouvir, possa atribuir ainda hoje a
culpa à Igreja e ao seu Supremo Chefe. A experiência dos anos passados põe em
claro as responsabilidades, e revela as maquinações que já desde o começo nada
intentavam senão uma luta até ao aniquilamento.
6. Nos sulcos, em que
Nos esforçamos por lançar a semente da verdadeira paz, outros espargiram — como
o inimicus homo da Sagrada
Escritura (Mt 13,25) — a erva má da desconfiança, da discórdia, do ódio, da
difamação, de uma aversão profunda, oculta e aberta, contra Cristo e sua
Igreja, desencadeando uma luta que se alimentou de mil fontes diversas e se
serviu de todos os meios. Sobre eles e unicamente sobre eles e seus fautores,
ocultos ou abertos, recai a responsabilidade, se no horizonte da Alemanha
aparecem, não o arco-íris da paz, mas as nuvens ameaçadoras de dissolventes
lutas religiosas.
7. Veneráveis Irmãos,
não Nos cansamos de apresentar aos governantes, responsáveis pela sorte da
vossa nação, as consequências que necessariamente derivariam da tolerância ou,
pior ainda, da fomentação daquelas correntes. Fizemos tudo para defender a
santidade da palavra solenemente dada, a inviolabilidade das obrigações
livremente contraídas, contra teorias e práticas que, oficialmente admitidas,
deveriam sufocar toda confiança e desvalorizar intrinsecamente toda palavra
dada, também para o futuro. Se vier o momento de expor aos olhos do mundo estes
Nossos esforços, todos os bem intencionados saberão onde procurar os tutores da
paz e onde seus perturbadores. Quem quer que tenha conservado na sua alma um
resquício de amor da verdade e no seu coração uma sombra de senso de justiça,
deverá admitir que nos anos difíceis e cheios de casos notáveis que seguiram à
Concordata, cada uma das Nossas palavras e ações teve por norma a fidelidade
aos acordos sancionados. Mas deverá também reconhecer, com estupor e íntima repulsa,
como doutro lado tornou-se regra ordinária dar aos pactos outro sentido,
iludi-los, desvirtuá-los e finalmente violá-los mais ou menos abertamente.
8. A moderação que não
obstante tudo isto Nós até agora demonstramos não foi inspirada por cálculos de
interesses terrenos, nem tão pouco por fraqueza, mas simplesmente pela vontade
de não arrancar, com a herva má, também boas plantas; pela decisão de não
pronunciar publicamente um juízo antes que os ânimos estivessem maduros para
reconhecer a inelutabilidade; pela determinação de não negar definitivamente a
fidelidade de outros à palavra dada, antes que a dura linguagem da realidade
tivesse rasgado os véus, com que se soube e ainda se procura mascarar, conforme
um plano preestabelecido, o ataque à Igreja. Ainda hoje, quando a luta aberta
contra as escolas confessionais, protegidas pela Concordata, e o aniquilamento
da liberdade de voto daqueles que têm direito à educação católica, manifestam,
num campo particularmente vital da Igreja, a trágica seriedade da situação e
uma pressão espiritual jamais vista dos fiéis, a solicitude paternal pelo bem
das almas nos aconselha a não perder de vista as perspectivas porquanto fracas
que ainda possam existir de uma volta à fidelidade aos pactos e a um acordo
justificável.
9. Acedendo aos
pedidos dos Reverendíssimos Membros do Episcopado, não Nos cansaremos, também
no futuro, de defender o direito violado, junto ao governo de vosso povo — sem
cuidado do sucesso ou fracasso do momento presente — obedecendo unicamente à Nossa
consciência e Nosso Ministério Pastoral, e não cessaremos de Nos opor a uma
mentalidade que procura, com aberta ou oculta violência, sufocar o direito,
garantido por documentos.
10. No entanto, o fim
desta carta é outro, Veneráveis Irmãos. Como Vós Nos tendes visitado
amavelmente em Nossa doença, assim voltamos Nós hoje a Vós e, por Vosso
intermédio, aos fiéis católicos da Alemanha, que, como todos os filhos
atribulados e perseguidos, estão muito perto do coração do Pai comum. Nesta
hora, em que sua fé é provada, como ouro genuíno, no fogo da tribulação e
perseguição, insidiosa ou aberta; em que eles são rodeados de mil formas de
organizada opressão da liberdade religiosa; em que a impossibilidade de obter
informações conformes à verdade e de defender-se com meios normais muito os
abate, eles têm um duplo direito a uma palavra de verdade e encorajamento moral
por parte daquele a cujo primeiro predecessor o Salvador dirigiu esta
compendiosa palavra: Rezei por ti, para que tua fé não vacile, e tu, por tua
vez, fortifica os teus irmãos (Lc 22,32).
Genuína fé em Deus.
11. Antes de tudo,
Veneráveis Irmãos, cuidai que a fé em Deus, primeiro e insubstituível
fundamento de toda a religião, continue a ser pura e inteira nas regiões da
Alemanha. Não pode considerar-se crente em Deus o que usa o nome de Deus
retoricamente, mas só quem une a esta veneranda palavra a genuína e digna noção
de Deus.
12. Quem com imprecisão
panteística identifica Deus com o universo, materializando Deus no mundo e
divinizando o mundo em Deus, não pertence aos verdadeiros fiéis.
13. Nem é tal quem, de
acordo com uma pretensa concepção precristã do antigo germanismo, coloca em
lugar do Deus pessoal o fado sinistro e impessoal, negando a sabedoria divina e
sua providência, a qual “com força e suavidade domina duma extremidade da terra
à outra” (Sab 8,1), e tudo dirige a um bom fim. Um tal homem não pode pretender
ser enumerado entre os verdadeiros crentes.
14. Se a raça e o povo,
se o Estado e uma sua determinada forma, se os representantes do poder estatal
ou outros elementos fundamentais da sociedade humana possuem, na ordem natural,
um posto essencial e digno de respeito — quem, no entanto, os destaca desta
escala de valores terrenos, elevando-os à suprema norma de tudo, também dos
valores religiosos, e divinizando-os com culto idólatra, inverte e falsifica a
ordem, criada e imposta por Deus, está longe da verdadeira fé em Deus e de uma
concepção de vida conforme a ela.
15. Volvei, Veneráveis
Irmãos, a atenção ao vezo crescente, que se manifesta em palavras e escritos,
de abusar do três vezes santo nome de Deus qual rótulo sem sentido para um
produto mais ou menos arbitrário de pesquisas e aspirações humanas.
Esforçai-vos que tais aberrações encontrem, entre vossos fiéis, merecida e
pronta repulsa. Nosso Deus é o Deus pessoal, transcendente, todo-poderoso,
infinitamente perfeito, um na trindade das pessoas e trino na unidade da
essência divina, criador do universo, senhor, rei e último fim da história do
mundo, o qual não admite, nem pode admitir outras divindades a seu lado.
16. Este Deus tem dado
seus mandamentos de maneira soberana, mandamentos independentes do tempo e do
espaço, de país ou raça. Como o sol de Deus resplende indistintamente sobre
todo o gênero humano, assim a sua lei não conhece privilégios nem exceções.
Governantes e governados, coroados e não-coroados, grandes e pequenos, ricos e
pobres dependem igualmente de sua palavra. Da totalidade de seus direitos de
Criador promana essencialmente a sua exigência a uma obediência absoluta da
parte dos indivíduos e de quaisquer sociedades. E esta exigência de obediência
absoluta se estende a todas as esferas da vida, nas quais as questões morais
exigem o acordo com a lei divina e, com isto mesmo, a harmonização das mutáveis
leis humanas com o complexo das imutáveis ordens divinas.
17. Somente espíritos
superficiais podem cair no erro de falar de um Deus nacional, de uma religião
nacional, e empreender a tola tentativa de captar nos limites de um só povo, na
estreiteza de uma só raça, Deus, Criador do mundo, rei e legislador dos povos,
diante de cuja grandeza as nações são pequenas como gotas de água que caem dum
balde (Is 40,15).
18. Os bispos da Igreja
de Cristo, “constituídos a favor dos homens naquelas coisas que se referem a
Deus” (Heb 5,1), devem vigiar que não se espalhem entre os fiéis tão
perniciosos erros a que costumam seguir práticas ainda mais perniciosas.
Pertence ao seu sagrado ministério de fazer todo o possível, a fim de que os
mandamentos de Deus sejam considerados e praticados quais obrigações
inconcussas de uma vida moral e ordenada, seja particular ou seja pública; que
os direitos da Majestade divina, o nome e a palavra de Deus não sejam
profanados (Tito 2,5); que as blasfêmias contra Deus, em palavras, escritos ou
figuras, numerosas, quiçá, como a areia do mar, sejam reduzidas a silêncio; que
diante do espírito revoltoso e arrogante dos que negam, ultrajam e odeiam a
Deus não enlanguesça a prece expiatória dos fiéis, que sobe, qual incenso, a
toda hora ao trono do Altíssimo, retendo a sua mão vingadora.
19. Agradecemos,
Veneráveis Irmãos, a vós, a vossos sacerdotes e a todos os fiéis que, na defesa
dos direitos da divina Majestade contra um provocante neo-paganismo, apoiado
infelizmente por personagens influentes, tendes cumprido e cumpris o vosso
dever de cristãos. Este agradecimento é particularmente íntimo e unido a uma
admiração reconhecida por aqueles que, no cumprimento deste seu dever, foram
julgados dignos de suportar por amor de Deus sacrifícios e sofrimentos.
Genuína fé em Jesus
Cristo.
20. A fé em Deus não se
manterá por muito tempo pura e incontaminada, se não se apoia na fé em Jesus
Cristo. “Ninguém conhece o Filho senão o Pai, nem alguém conhece o Pai senão o
Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar” (Mt 11,27). A vida eterna é
esta: que te conheçam a ti como um só Deus verdadeiro e a Jesus Cristo, a quem
enviaste (Jo 17,3). Ninguém, pois, pode dizer: Creio em Deus, e isto basta para
minha religião. A palavra do Redentor não nos permite subterfúgios deste
quilate. “Todo aquele que nega o Filho, também não reconhece o Pai; aquele que
confessa o Filho, reconhece o Pai” (1 Jo 2,23).
21. Em Jesus Cristo,
Filho de Deus feito homem, apareceu a plenitude da revelação divina. “Deus,
tendo falado outrora muitas vezes e de muitos modos a nossos pais pelos
profetas, ultimamente, nestes dias, falou-nos por meio de seu Filho” (Heb 1,1
ss.). Os livros sagrados do antigo testamento são todos palavra de Deus, parte
orgânica de sua revelação. De acordo com o desenvolvimento gradual da revelação
sobre eles pousa o crepúsculo do tempo que devia preparar o pleno meio-dia da
revelação. Em umas partes fala-se da imperfeição dos homens, da sua fraqueza e
do pecado, como não podia ser diversamente em se tratando de livros de história
e legislação. Ao lado das coisas belas e nobres, falam da tendência superficial
e material que diversas vezes invadiu o povo do antigo testamento, depositário
da revelação e das promessas de Deus. Mas a toda a vista, não cegada pelos
preconceitos e paixões, não pode senão raiar mais luminosa, não obstante a
fraqueza humana de que trata a história bíblica, a luz divina do caminho da
salvação, que, finalmente, triunfa de todas as fraquezas e pecados.
22. E justamente neste
fundo, muitas vezes escuro, a pedagogia divina da salvação se alarga em
perspectivas, que, ao mesmo tempo, dirigem, admoestam, sacodem, elevam e tornam
felizes. Unicamente a cegueira e soberba pode fechar os olhos diante dos
tesouros de salutares ensinamentos, contidos no antigo testamento. Quem pois
quer ver banida da Igreja e da escola a história bíblica e os sábios
ensinamentos do antigo testamento, blasfema a palavra de Deus, blasfema o plano
de salvação do Todo-poderoso e arvora em juiz dos planos divinos um angusto e
estreito pensar humano. Ele nega a fé em Jesus Cristo, aparecido na realidade
de sua carne, que tomou a natureza humana de um povo que devia depois pregá-lo
na cruz. Nada compreende do drama mundial do Filho de Deus, que ao crime de
seus algozes opôs, qual sumo sacerdote, a ação divina da morte salvadora e fez
assim encontrar o antigo testamento o seu cumprimento, o seu fim e a sua
sublimação em o novo testamento.
23. A revelação que
culminou no evangelho de Jesus Cristo é definitiva e obrigatória para sempre,
não admite apêndices de origem humana e, menos ainda, sucedâneos ou
substituições e “revelações” arbitrárias que alguns palradores modernos
quiseram derivar do assim chamado mito do sangue e da raça. Desde que Cristo, o
Ungido do Senhor, cumpriu a obra da redenção, quebrando o domínio do pecado e
merecendo-nos a graça de nos tornarmos filhos de Deus, já nenhum outro nome foi
dado aos homens, sob o céu, pelo qual nós devemos ser salvos, senão o nome de
Jesus (At 4,12). Ainda que um homem possua todo saber, todo poder e todo o
domínio material da terra, não pode pôr outro fundamento, senão o que foi posto
por Cristo (1 Cor 3,11). E quem, com sacrílego desconhecimento da diversidade
essencial entre Deus e a criatura, entre o Homem-Deus e o simples homem,
ousasse pôr ao lado de Cristo ou, o que é pior ainda, acima dele e contra ele,
um simples mortal, fosse ele o mais perfeito de todos os tempos, saiba que é um
profeta de quimeras, a quem pavorosamente assentam as palavras da Escritura:
“Aquele que habita no céu zombará deles” (Ps 24).
Genuína fé na Igreja.
24. A fé em Jesus
Cristo não se conservará pura e incontaminada se não for sustentada e defendida
pela fé na Igreja, coluna e fundamento da verdade (1 Tim 3,15). Cristo próprio,
Deus bendito eternamente, levantou esta coluna da fé; o seu mandamento de
escutar a Igreja (Mt 18,17) e de ouvir, através as palavras e os mandamentos da
Igreja, as suas próprias palavras e mandamentos (Lc 10,16), vale para os homens
de todos os tempos e de todos os países. A Igreja, fundada pelo Salvador, é a
única para todos os povos e todas as nações.
25. Sob sua cúpula, que
levanta seus arcos como o firmamento sobre o universo inteiro, encontram lugar
e asilo todos os povos e todas as línguas, e podem desenvolver-se todas as
propriedades, qualidades, missões e funções que foram assinadas por Deus
Criador e Salvador aos indivíduos e à sociedade humana. O amor maternal da
Igreja é bastante largo para ver no desenvolvimento, conforme à vontade de
Deus, destas particularidades e funções peculiares, antes a riqueza da
variedade que o perigo de cisão; alegra-se pelo elevado nível espiritual dos
indivíduos e povos. Vê, com alegria e ufania maternais, nas suas genuínas
atuações, frutos de edificação e progresso, que abençoa e promove todas as
vezes que o pode de boa consciência. Mas sabe também que a esta liberdade foram
assinalados limites pela lei da divina Majestade, que quis e fundou esta Igreja
como unidade inseparável nas suas partes essenciais. Quem atentar contra esta
unidade inseparável, arrebata à Esposa de Cristo um dos diademas com que o
próprio Deus a coroou. Submete o edifício divino, que pousa sobre fundamentos
eternos, ao exame e transformação de arquitetos a que o Pai celeste não
concedeu poderes para tanto.
26. A divina missão,
que a Igreja cumpre entre os homens, e deve cumprir por meio de homens, pode
ser dolorosamente obscurecida pelo elemento humano, quiçá humano demais, que,
em certos tempos, viceja como herva má entre o trigo do reino de Deus. Quem
conhece a palavra do Redentor sobre o escândalo e os que o dão, sabe como a
Igreja e todo indivíduo deve julgar o que foi e o que é pecado. Mas quem,
fundando-se sobre estes lamentáveis contrastes entre fé e vida, entre palavras
e ação, entre atitude exterior e interior de alguns — e fossem eles muitos —
esquece, ou conscientemente passa em silêncio este imenso cabedal de genuíno
esforço pela virtude, o espírito de sacrifício, o amor fraterno, o heroísmo de
santidade de tantos membros da Igreja, manifesta uma cegueira injusta e
reprovável. E quando depois se vê que esta rígida norma com que ele julga a
Igreja odiada, é posta de lado se se trata de outras sociedades que lhe são mais
acessíveis por interesse ou sentimento, manifesta-se então que, aparentando-se
ofendido no seu pretenso senso de purismo, se assemelha com os que, conforme a
palavra incisiva do Salvador, veem a palha no olho do irmão, mas não percebem a
trave no próprio. Ainda que não seja pura a intenção dos que fazem da ocupação
com o humano na Igreja sua vocação ou até um baixo negócio, e ainda que o poder
dos portadores da dignidade eclesiástica que se funda em Deus não dependa de
sua elevação humana e moral, não há época, nem indivíduo, nem sociedade que não
devia seriamente examinar a consciência, purificar-se inexoravelmente, renovar
profundamente seu sentir e proceder. Em Nossa Encíclica sobre o sacerdócio e a
Ação Católica temos, com suplicante insistência, atraído a atenção de quantos
pertencem à Igreja, e sobretudo dos eclesiásticos, religiosos e leigos que
colaboram no apostolado, sobre o sagrado dever de estabelecer entre fé e
conduta a harmonia exigida pela lei de Deus e pedida com incansável solicitude
pela Igreja.
27. Também hoje
repetimos com funda gravidade: não é suficiente pertencer à Igreja de Cristo. É
necessário ser em espírito e verdade membro vivo desta Igreja. E tais são
somente os que estão na graça do Senhor e continuamente andam em sua presença,
seja na inocência ou seja na penitência sincera e operosa. Se o apóstolo das
gentes, “o vaso de eleição”, castigava o seu corpo, para que não sucedesse que,
tendo pregado aos outros, ele mesmo viesse a ser réprobo, pode então haver para
os outros, em cujas mãos é colocada a guarda e dilatação do reino de Deus,
caminho diverso do da íntima união do apostolado e da santificação própria? Só
assim se demonstrará aos homens de hoje e, em primeiro lugar, aos inimigos da
Igreja, que o sal da terra e o fermento do cristianismo não se tornou ineficaz,
mas é poderoso e capaz de trazer renovamento e rejuvenescimento aos que estão
na dúvida e no erro, na indiferença e perplexidade espiritual, no relaxamento
da fé e afastamento de Deus, de que eles — admitam ou o neguem — precisam mais
que nunca. Uma cristandade, em que todos os membros vigiem sobre si mesmos, que
repila toda tendência puramente exterior e mundana, que se atenha seriamente
aos mandamentos de Deus e na ativa caridade do próximo, poderá e deverá ser exemplo
e guia do mundo profundamente enfermo que procura esteio e direção, se se não
quer que sobrevenha um desastre indizível e uma catástrofe inimaginável.
28. Toda reforma
genuína e duradoura teve propriamente origem no santuário, de homens inflamados
e movidos de amor de Deus e do próximo. Eles, por sua grande generosidade de
corresponder a todos os apelos de Deus e pô-los em prática antes de tudo em si
próprios, cresceram em humildade e, com a segurança de quem é chamado por Deus,
iluminaram e renovaram seu tempo. Onde o zelo da reforma não brota do puro
manancial da integridade pessoal, mas foi efeito da explosão de impulsos
apaixonados, em vez de iluminar ofuscou, em vez de construir destruiu, e foi
bastas vezes ponto de partida de erros mais funestos do que o mal a que queriam
ou pretendiam remediar. Certamente, o Espírito de Deus sopra onde quer (Jo
3,3), ele pode suscitar das pedras os executores de seus desígnios (Mt 3,9; Lc
3,8), e escolhe os instrumentos de sua vontade de acordo com os seus planos, e
não os dos homens. No entanto, ele, que fundou a Igreja e a chamou à vida no
dia de Pentecostes, não destrói a estrutura fundamental da salutar instituição,
por ele próprio querida. Quem é movido do espírito de Deus por isto mesmo
possui uma atitude exterior e interior respeitosa para com a Igreja, nobre
fruto da árvore da cruz, dom do Espírito do Pentecostes ao mundo tão
necessitado de guia.
29. Em vossas regiões,
Veneráveis Irmãos, se elevam, em coro, vozes sempre mais fortes que incitam a
separar-se da Igreja. E entre os seus pioneiros encontram-se homens que, por
sua posição oficial, procuram produzir a impressão de que esta debandada da
Igreja e, por conseguinte, infidelidade a Cristo-Rei, seja uma prova
particularmente evidente e meritória de sua fidelidade ao regime presente. Com
pressões, ocultas ou abertas, intimidações, perspectivas de desvantagens
econômicas, profissionais, civis ou de outra espécie, o apego à fé dos
católicos e, especialmente, de algumas classes de funcionários públicos, é submetido
a uma violentação tanto ilegal quanto desumana. Toda Nossa compaixão de pai e
mais profundo pesar, aos que tão caro pagaram o seu apego a Cristo e à Igreja.
Mas aqui já se chegou ao ponto onde está em jogo o fim último e mais alto, a
salvação ou perdição, e logo o único caminho de salvação que resta aos crentes
é o caminho de um generoso heroísmo. Quando o tentador ou opressor se lhe
aproxima com as insinuações traidoras de sair da Igreja, então não poderá senão
contrapor-lhe, ainda que ao preço dos mais graves sacrifícios terrenos, a
palavra do Salvador: “Vai-te, Satanás, porque está escrito: O Senhor teu Deus
adorarás, e a ele só servirás” (Mt 4,8; Lc 4,8). À Igreja, ao invés, dirá: Tu,
que és minha Mãe desde os dias de minha primeira infância, meu conforto na
vida, minha advogada na morte, apegue-se-me a língua às fauces, se eu, cedendo
a lisonjas ou ameaças, traísse as promessas do batismo. Aos que opinam poder
conciliar com o externo abandono da Igreja a fidelidade interna a ela, seja
lembrada a palavra do Salvador: “Quem me nega diante dos homens, eu o renegarei
diante de meu Pai que está no céu” (Lc 12,9).
Genuína fé no
primado.
30. A fé na Igreja não
se manterá pura e incontaminada se não se apoiar na fé no Primado do Bispo de
Roma. No mesmo momento, em que Pedro, prevenindo os outros apóstolos e
discípulos, professou a sua fé em Cristo, Filho de Deus vivo, o anúncio da
fundação de sua Igreja, da única Igreja, sobre Pedro, a rocha (Mt 16,18), foi a
resposta de Cristo, recompensa de sua fé e profissão. A fé em Cristo, na Igreja
e no Primado estão por isto em sagrado liame de interdependência. Uma
autoridade legítima e legal é sobretudo um vínculo de unidade e fonte de
forças, defesa contra o esfacelamento e a desagregação, garantia do porvir. E
isto se verifica, no sentido mais alto e mais nobre, onde, como no caso da
Igreja, a esta autoridade é prometida a assistência sobrenatural do Espírito
Santo e o seu apoio invencível. Se homens, que nem são unidos na sua fé em
Cristo, vos seduzem e lisonjeiam com o fantasma duma “Igreja nacional alemã”,
sabei que isto não é outra coisa senão renegar a única Igreja de Cristo, numa
apostasia manifesta do mandado de Cristo de evangelizar todo o orbe, o que só
uma igreja universal pode realizar. O desenvolvimento histórico de outras
igrejas nacionais, a sua petrificação espiritual, a sua sufocação e
escravização pelos poderes leigos mostram a desolante esterilidade que, com
inelutável certeza, atinge o ramo separado da videira vital da Igreja. Quem
opõe a estes errôneos desenvolvimentos, desde o começo, seu pronto e
inexorável não, rende serviço, não só à pureza de sua
fé, mas também à saúde e força vital de seu povo.
Não adulterar noções
e termos sagrados.
31. Veneráveis Irmãos,
tende um ouvido particularmente atento, quando noções religiosas são
desvirtuadas de seu sentido genuíno e aplicadas a significações profanas.
32. Revelação, em
sentido cristão, significa a palavra de Deus aos homens. Usar este mesmo termo
para sugestões provenientes do sangue e da raça, para irradiações da história
de um povo, é, em todo caso, causar desorientação. Estas falsas moedas não
merecem passar do tesouro linguístico do fiel cristão.
33. A fé consiste em
ter por verdade o que Deus revelou e impõe a crer por intermédio da Igreja. É
“uma demonstração das coisas que não se veem” [Heb 9,1]. A confiança alegre e
ufanosa no porvir do próprio povo, cara a todos, significa bem outra coisa que
a fé em sentido religioso. Usar uma pela outra e pretender com isso ser
reconhecido como “crente” por um cristão convicto, é um vão jogo de palavras,
uma consciente confusão de termos, ou pior ainda.
34. A imortalidade, em
sentido cristão, é a sobrevivência do homem depois da morte terrena, como ser
individual, para a eterna recompensa ou o eterno castigo. Quem com a palavra
imortalidade não quer indicar senão uma sobrevivência coletiva na continuidade
do próprio povo, para um porvir de indeterminada duração neste mundo, perverte
e falsifica uma das verdades fundamentais da fé cristã e abala os fundamentos
de qualquer concepção religiosa que exija uma ordem moral universal. Quem não
quiser ser cristão, renuncie ao menos a querer enriquecer o vocabulário de sua
incredulidade com o patrimônio linguístico cristão.
35. O pecado original é
a culpa hereditária, própria, se bem que não pessoal, de cada um dos filhos de
Adão, que nele pecaram (Rom 5,12), é a perda da graça e, por conseguinte, da
vida eterna, acompanhada da concupiscência que cada qual deve sufocar e domar
por meio da graça, da penitência, da luta e do esforço moral. A paixão e morte
do Filho de Deus remiu o mundo do maldito apanágio da morte e do pecado. A fé
nesta verdade, feita hoje objeto de baixo ludíbrio dos inimigos de Cristo em
vossa pátria, pertence ao depósito inalienável da religião cristã.
36. A cruz de Cristo,
também se seu só nome se tornou para muitos loucura e escândalo, é para o cristão
o sinal sagrado da redenção, a bandeira da grandeza e força moral. Na sua
sombra vivemos. No seu amplexo morremos. Sobre a nossa campa estará a anunciar
a nossa fé, testemunho de nossa esperança que está na vida eterna.
37. A humildade no
espírito do evangelho e a imploração do auxílio de Deus harmonizam bem com a
própria dignidade, com a confiança em si mesmo e o heroísmo. A Igreja de
Cristo, que, em todos os tempos, até nos que nos estão mais próximos, conta
mais confessores e mártires heróis que qualquer outra sociedade moral, não tem
necessidade de receber, nesta matéria, ensinamentos sobre o sentimento e ação
heroicas. Ao apresentar tolamente a humildade cristã como aviltamento e
mesquinhez, a repugnante soberba destes inovadores se torna ridícula a si
própria.
38. Graça, em sentido
lato, pode chamar-se tudo que a criatura recebe do Criador. Graça, no sentido
cristão da palavra, compreende as provas sobrenaturais do divino amor, as
mercês e obras de Deus pelas quais eleva o homem a esta íntima comunhão de sua
vida, que o novo testamento chama de filiação divina. “Considerai que amor nos
mostrou o Pai: que sejamos chamados filhos de Deus e que o sejamos na
realidade” (1 Jo 3,1). O repúdio desta elevação sobrenatural à graça, por
motivo de uma pretensa particularidade do caráter germânico, é uma aberta
declaração de guerra a uma verdade fundamental do cristianismo. Equiparar a
graça sobrenatural aos dons naturais é violentar a linguagem criada e
santificada pela religião. Os pastores e guardas do povo de Deus farão bem em
opor-se a este furto sacrílego e a este trabalho de desnorteamento dos
espíritos.
Doutrina e ordem
moral.
39. Sobre a fé em Deus,
genuína e pura, se alicerça a moralidade do gênero humano. Todas as tentativas
de separar a doutrina da ordem moral da base granítica da fé, para
reconstruí-la sobre a areia movediça de normas humanas, levam, cedo ou tarde,
indivíduos e nações à decadência moral. O insensato que diz no seu coração:
“Não há Deus” (Ps 13, 1 ss.) resvalará na corrupção moral. E estes insensatos,
que presumem separar a moral da religião, são hoje legião. Não enxergam ou não
querem enxergar que, banindo o ensino confessional clara e determinadamente
cristão da escola e educação, impedindo-o de contribuir à formação da sociedade
e vida pública, se aventuram por caminhos de empobrecimento e decadência moral.
Nenhum poder corretivo do estado, nenhum ideal puramente terreno, porquanto
alto e nobre, poderá substituir, por muito tempo, os mais profundos e decisivos
estímulos que provêm da fé em Deus e Jesus Cristo. Se ao que é chamado às mais
altas renúncias, ao sacrifício de seu pequeno eu em bem da comunidade, se toma o apoio que lhe vem do eterno e
divino, da fé elevante e consoladora naquele que premeia todo o bem e castiga
todo o mal, então o resultado final para inumeráveis homens não será fidelidade
ao dever, mas muitas vezes deserção. A observância fiel dos dez mandamentos de
Deus e dos preceitos da Igreja, não sendo os últimos senão regulamentos
derivados das normas do Evangelho, é para todo o indivíduo uma incomparável
escola de disciplina orgânica, de revigoramento moral e formação do caráter. É
uma escola que muito exige; mas não acima das forças. Deus misericordioso,
quando como legislador ordena: “Tu deves”, dá, com sua graça, a possibilidade
de executar sua ordem. Deixar, pois, inutilizadas energias morais de tão
poderosa eficácia, ou obstruir-lhes conscientemente o caminho no campo da
instrução pública, é obra de irresponsáveis, que tende a produzir a deficiência
religiosa no povo. Confundir a doutrina moral com opiniões humanas, subjetivas
e mutáveis no tempo, em vez de ancorá-la na santa vontade de Deus e seus
mandamentos, iguala a escancarar as portas às forças dissolventes. Portanto,
promover o abandono das eternas diretivas de uma doutrina moral para a formação
das consciências, para o nobilitamento de todas as esferas da vida e todos os
regulamentos, é atentado pecaminoso contra o porvir do povo, cujos tristes
frutos amargurarão as gerações futuras.
Reconhecimento do
direito natural.
40. É um característico
nefasto do tempo presente querer separar não só a doutrina moral, mas ainda os
fundamentos do direito e de sua administração, da verdadeira fé em Deus e das
normas da revelação divina. Nosso pensamento se volve aqui ao que se sói chamar
o direito natural, que o dedo do mesmo Criador gravou nas tábuas do coração
humano (Rom 2,14 ss), e que a razão humana, sã e não obscurecida por pecados e
por paixões, pode nelas decifrar. À luz das normas deste direito natural, todo
direito positivo, seja qual for seu legislador, pode ser aquilatado no seu
conteúdo ético e, por conseguinte, na sua força ordenativa e obrigatoriedade de
cumprimento. Estas leis humanas, que contrastam insoluvelmente com o direito
natural, são afetadas de erro original, não sanável nem por constrangimento nem
por desdobramento de força externa. Segundo este critério, julgue-se o princípio:
“Direito é aquilo que é útil à nação”. Certamente, a este princípio pode dar-se
um sentido justo, se se entende que aquilo que é moralmente ilícito jamais será
realmente vantajoso ao povo. Entretanto, já o antigo paganismo compreendeu que,
para ser justa, esta frase deve ser invertida e soar: “Jamais alguma coisa é
vantajosa, se ao mesmo tempo não é moralmente boa, e não por ser vantajosa é
moralmente boa, mas por ser moralmente boa é vantajosa” (Cícero, De officiis
3,33). Este princípio, destacado da lei ética, significaria, no que concerne à
vida internacional, um eterno estado de guerra entre as nações. Na vida
nacional desconhece, confundindo interesse e direito, o fato fundamental que o
homem, enquanto pessoa, está de posse de direitos, concedidos por Deus, que
devem ser defendidos contra toda investida da comunidade que os queira negar,
abolir e interceptar-lhes o exercício. Desprezando esta verdade, perde-se de
vista que o verdadeiro bem comum, em última análise, é determinado e conhecido
mediante a natureza do homem, com seu harmonioso equilíbrio entre o direito
pessoal e o liame social, como também do fim da sociedade determinado pela
mesma natureza humana. A sociedade é estimada pelo Criador como meio para o
pleno desenvolvimento das faculdades individuais e sociais, das quais o homem
há de se valer, ora dando ora recebendo para seu bem e o do próximo. Também os
valores mais universais e mais altos que só podem ser realizados não pelo
indivíduo, mas pela sociedade, têm, por vontade de Deus, como último fim, o
desenvolvimento e perfeição do homem natural e sobrenatural. Quem se afasta
desta ordem, abala as pilastras sobre que repousa a sociedade, e põe em perigo
sua tranquilidade, segurança e existência.
41. O crente possui um
direito inalienável de professar sua fé e de praticá-la na forma que a ela
convém. As leis que suprimem ou tornam difícil a profissão e prática desta fé
estão em oposição com o direito natural.
42. Os pais
conscienciosos e conscientes de sua missão educativa têm, antes de qualquer
outro, o direito essencial à educação dos filhos que Deus lhes deu, segundo o
espírito da verdadeira fé e de acordo com seus princípios e prescrições. Leis
ou outras semelhantes disposições que, na questão escolar, não respeitam a
vontade dos pais ou a tornam ineficaz pelas ameaças ou violências, estão em
contradição com o direito natural e em sua íntima essência são imorais.
43. A Igreja, cuja
missão é vigiar e interpretar o direito natural, não pode fazer outra coisa
senão declarar serem efeito de violência e, portanto, privadas de todo o valor
jurídico, as inscrições escolásticas feitas recentemente, em uma atmosfera de
notório tolhimento de liberdade.
À juventude.
44. Representante
daquele que no evangelho disse a um jovem: Se queres entrar na vida eterna
observa os mandamentos (Mt 19,17), dirigimos uma palavra particularmente
paterna à juventude.
45. De mil bocas hoje
se repete aos vossos ouvidos um evangelho que não foi revelado pelo Pai do céu.
Milhares de penas escrevem a serviço de um pseudo-cristianismo que não é o
cristianismo de Cristo. Imprensa e rádio inundam-vos diariamente com produções
de conteúdo inimigo da fé e de Deus, e, sem consideração e respeito, atacam
tudo o que vos é sagrado e santo.
46. Sabemos que
muitíssimos dentre vós, por seu apego à fé e à Igreja e por pertencerem a uma
associação religiosa, garantidos pela Concordata, deveram e devem atravessar
períodos trevosos de falta de compreensão, de suspeitas, de invectivas, de
acusação de antipatriotismo, de múltiplas desvantagens profissionais e sociais.
E bem sabemos como muitos desconhecidos soldados de Cristo se acham em vossas
fileiras, que com o coração confrangido mas a fronte elevada suportam sua sorte
e acham conforto no só pensamento de que sofrem afrontas pelo nome de Jesus (At
5,41).
47. E hoje, que ameaçam
novos perigos e novas compressões, dizemos a esta juventude: Se alguém vos
quisesse anunciar um evangelho diverso daquele que haveis recebido, sobre os
joelhos de uma piedosa mãe, dos lábios de um pai crente, na doutrina de um
educador fiel a Deus e à sua Igreja, seja ele anátema (Gál 1,9).
48. Se o Estado
organiza a juventude em associação nacional obrigatória para todos, então, resguardados
sempre os direitos das associações religiosas, os jovens têm o direito óbvio e
inalienável, e com eles os pais responsáveis por eles diante de Deus, de exigir
que ela seja purgada de toda tendência hostil à fé cristã e à Igreja, tendência
que até recentíssimo passado, e ainda presentemente, acorrenta os pais crentes
em insolúvel conflito de consciência, pois que não podem dar ao Estado o que
deles é exigido em nome do Estado, sem tomar a Deus o que pertence a Deus.
49. Ninguém cogita em
pôr à juventude da Alemanha pedras de tropeço no caminho que a deverá conduzir
à atuação de uma verdadeira unidade nacional e fomentar um nobre amor pela
liberdade e um inabalável devotamento à pátria. Ao que Nos opomos e Nos devemos
opor é ao contraste querido e sistematicamente atiçado, mediante o qual se
separam estas finalidades educativas das religiosas. Por isto, dizemos a esta
juventude: Cantai os vossos hinos de liberdade, mas não vos esqueçais que a
verdadeira liberdade é a liberdade dos filhos de Deus. Não permitais que a
nobreza desta insubstituível liberdade se emaranhe nos laços servis do pecado e
da concupiscência. Ao que canta o hino de fidelidade à pátria terrestre não é
lícito tornar-se desertor e traidor pela infidelidade a seu Deus, à sua Igreja
e sua pátria eterna. Muito vos falam de uma grandeza heroica, contrapondo-a
voluntária e falsamente à humildade e paciência evangélica, mas por que vos
ocultam que há também um heroísmo na luta moral? e que a conservação da pureza
batismal representa uma ação heroica que deveria ser apreciada devidamente no
campo religioso e natural? Falam-vos das fragilidades na história da Igreja,
mas por que vos ocultam os grandes feitos que a acompanham através dos séculos,
os santos que produziu, a vantagem que adveio à cultura ocidental da união
vital entre esta Igreja e vosso povo? Falam-vos muito de exercícios
desportivos, que, usados numa bem entendida medida, dão vigor físico, o que é
um benefício para a juventude. Mas a eles é assinalada, muitas vezes, hoje, uma
extensão que não tem em conta nem a formação integral e harmoniosa do corpo e
espírito, a conveniente cultura da vida familiar, nem o mandamento de
santificar o dia do Senhor. Com uma indiferença que toca às raias do desprezo
tira-se ao dia do Senhor seu caráter sagrado e recolhido, que tanto corresponde
às melhores tradições alemãs. Esperamos confiadamente dos jovens alemães
católicos que eles, no difícil ambiente das organizações obrigatórias do
Estado, reivindiquem explicitamente o dia do Senhor, que o cuidado de
robustecer o corpo não os faça esquecer sua alma imortal, que não se deixem
vencer pelo mal, mas procurem vencer o mal com o bem (Rom 12,21), que
considerem como sua altíssima meta a de conquistar a coroa da vitória no
estádio da vida eterna (1 Cor 9,24, s.).
Aos sacerdotes e
religiosos.
50. Uma palavra de
particular reconhecimento, de exortação, dirigimos aos sacerdotes da Alemanha,
aos quais, em submissão aos seus bispos, compete a missão de, em tempos
difíceis e circunstâncias duras, mostrar à grei de Cristo os caminhos retos, em
doutrina e exemplo, e dedicação e paciência apostólica. Não vos canseis, filhos
diletos e participantes dos divinos mistérios, de seguir o eterno sumo
sacerdote Jesus Cristo no amor e ofício de bom samaritano. Andai sempre em
conduta imaculada diante de Deus, disciplinando e aperfeiçoando-vos, em amor
misericordioso para com todos que vos são confiados, especialmente os que
perigam, fraquejam e vacilam. Sede guias dos fiéis, apoio dos atribulados,
mestres dos que estão em dúvida, consoladores dos aflitos, desinteressados
assistentes e conselheiros de todos. As provas e sofrimentos, por que passou o
povo no período após-guerra, não passaram sem deixar traços em sua alma.
Deixaram tensões e amarguras que só lentamente se cicatrizarão e serão
superadas pelo espírito de amor desinteressado e operoso. Este amor, arma
indispensável ao apóstolo, especialmente no mundo presente, agitado e revolto,
Nós o desejamos e imploramos para vós de Deus em medida copiosa. O amor
apostólico, se não vos faz esquecer, vos fará ao menos perdoar muitas
imerecidas amarguras, que no vosso caminho de sacerdotes e pastores de almas
são mais numerosas que em qualquer outro tempo. Este amor inteligente e
misericordioso aos errantes e aos mesmos maldizentes não significa, no entanto,
nem de modo algum pode significar, renúncia de proclamar, de fazer valer e
defender a verdade e de aplicá-la livremente à realidade que vos rodeia. O
primeiro e mais óbvio dom de amor do sacerdote ao mundo é de servir à verdade,
a verdade toda inteira, desmascarar e confutar o erro, seja qual for sua forma,
disfarce e arrebique. A renúncia a isto não seria somente uma traição a Deus e
vossa santa vocação, mas delito contra o verdadeiro bem-estar de vosso povo e
vossa pátria. A todos os que mantiveram a seus bispos a fidelidade prometida na
ordenação, aos que nos cumprimento de seu ofício pastoral deveram e devem
suportar dores e perseguições — alguns até serem encarcerados e enviados aos
campos de concentração — vale o agradecimento e elogio do Pai da cristandade.
51. E o nosso
agradecimento paterno se estende igualmente aos religiosos de ambos os sexos:
um agradecimento unido a uma participação íntima pelo fato que, em consequência
de medidas contra Ordens e Congregações religiosas, muitos foram arrancados do
campo de sua atividade bendita, que lhes era tão cara. Se alguns falhavam e se
mostravam indignos de sua vocação, as suas falhas, condenadas também pela
Igreja, não diminuem os méritos da esmagadora maioria dos que por desinteresse
e voluntária pobreza se esforçaram por servir com plena dedicação a seu Deus e
seu povo. O zelo, a fidelidade, o esforço de perfeição, a operosa caridade do
próximo e a prontidão de socorrer destes religiosos, cuja atividade se
desenvolve na cura pastoral, nos hospitais e escolas, são e continuam a ser uma
gloriosa contribuição ao bem-estar particular e público. A eles um tempo futuro
mais tranquilo renderá justiça melhor que o presente turbulento. Confiamos que
aos superiores das comunidades as provações e dificuldades sejam ensejo de, por
zelo redobrado, uma vida espiritual aprofundada, santa fidelidade à vocação e
genuína disciplina regular, implorar do Altíssimo novas bênçãos e nova
fertilidade para o duro campo de seu trabalho.
Aos fiéis leigos.
52. Diante de Nossos
olhos está a turba magna de Nossos diletos filhos e filhas, a que os
sofrimentos da Igreja na Alemanha e os próprios nada tiraram de sua dedicação à
causa de Deus, nada de seu terno afeto ao Pai da cristandade, nada de sua
obediência aos bispos e sacerdotes, nada de sua alegre prontidão de continuar,
também no futuro, venha o que vier, fiéis ao que hão crido e recebido como
preciosa herança de seus avós. Com coração comovido enviamos-lhes a Nossa
saudação de pai.
53. Em primeiro lugar
aos membros das associações católicas que extremamente e a preço de sacrifícios
muitas vezes dolorosos se mantiveram fiéis a Cristo, e jamais estiveram
dispostos de largar os direitos que uma solene Convenção havia garantido à
Igreja e a eles.
54. Uma saudação
particularmente afetuosa aos pais católicos. Os seus direitos e deveres na
educação dos filhos que Deus lhes deu estão, na hora presente, no ponto central
de uma luta como mais grave e fatal não pode ser imaginada. A Igreja de Cristo
não pode começar a gemer e chorar só quando os altares são espoliados e mãos
sacrílegas ateiam as chamas aos santuários. Quando se procura profanar o
tabernáculo da alma da criança, santificada pelo batismo, com uma educação
anticristã, quando é arrancada deste templo vivo de Deus a lâmpada da fé e é
substituída pelo fogo fátuo de um sucedâneo de fé que nada tem de comum com a
fé da cruz — então a profanação espiritual está próxima e é dever de todo o
crente separar claramente a sua responsabilidade daquela da parte adversa e
conservar sua consciência livre de toda colaboração pecaminosa nesta nefasta
destruição. E quanto mais os inimigos se esforçam por negar ou disfarçar seus
negros desígnios, tanto mais necessária se torna uma desconfiança vigilante e
uma vigilância desconfiada, estimulada por amargas experiências. A conservação
formalista de uma instrução religiosa, inspecionada e manietada por gente
incompetente, no ambiente de uma escola que em outros ramos da instrução
trabalha sistemática e ostensivamente contra a mesma religião, já não pode
apresentar o título justificativo ao fiel cristão, a fim de que aprove uma tal
escola, deletéria para a religião. Sabemos, diletos pais católicos, que não é
de falar, em vista de vós, de tal consentimento e sabemos que uma livre votação
secreta entre vós equivaleria a um esmagador plebiscito em favor da escola
confessional. E por isto, não cansaremos, nem no futuro, de francamente lançar
em rosto das autoridades responsáveis a ilegalidade das medidas violentas
tomadas até agora e de reclamar o dever de permitir a livre manifestação da
vontade. Entretanto, não vos esqueçais: nenhum poder da terra pode libertar-vos
de vínculo de responsabilidade querido por Deus, que vos une com vossos filhos.
Nenhum dos que hoje oprimem o vosso direito à educação e pretendem
substituir-se a vós nos vossos deveres de educadores, poderá responder por vós
ao Juiz eterno quando vos fizer a pergunta: Onde estão os que vos dei? Oxalá
todos estejais na possibilidade de responder: Não perdi nenhum dos que me
destes (Jo 18,19).
Conclusão.
55. Veneráveis Irmãos!
estamos certos que as palavras que dirigimos a vós, e por vosso meio aos
católicos do Reich germânico, nesta hora decisiva encontrarão no coração e ação
de Nossos filhos fiéis um eco que corresponda à solicitude amorosa do Pai
comum. Se há coisa que imploramos ao Senhor com particular fervor é que Nossas
palavras cheguem ao ouvido e coração dos que já começaram a deixar-se prender
pelas lisonjas e ameaças dos inimigos de Cristo e seu santo Evangelho, e os
façam refletir.
56. Temos pesado cada
palavra desta Encíclica na balança da verdade e do amor. Não queríamos com
silêncio inoportuno tornar-Nos culpado de não ter esclarecido a situação, nem
com rigor excessivo de haver endurecido os corações dos que, estando submetidos
à Nossa responsabilidade de Pastor, não são menos objeto de Nosso amor, por
caminharem nas veredas do erro e estarem afastados da Igreja. Ainda que muitos
destes, conformados com os hábitos do ambiente, não tenham senão palavras de
infidelidade, ingratidão e até de injúria, pela casa paterna abandonada e pelo
próprio pai, ainda que se esqueçam quão precioso é o que alijaram — virá o dia
em que o horror que sentirão do afastamento de Deus e de sua indigência
espiritual pesará sobre estes filhos hoje desgarrados, e a saudade os
reconduzirá ao Deus “que alegrou sua juventude”, e à Igreja, cuja mão materna
lhes mostrou o caminho ao Pai do céu. Apressar esta hora é o objeto de Nossas
incessantes preces.
57. Como outras épocas
da Igreja, também esta será o anúncio de novos progressos e purificação
interna, quando a fortaleza na profissão da fé e a prontidão em suportar os
sacrifícios da parte de Cristo serão bastante grandes para contrapor à força
material dos opressores da Igreja a adesão incondicionada à fé, a esperança
inconcussa, ancorada no eterno, a força vencedora da operosa caridade. O
sagrado tempo da quaresma e Páscoa, que prega recolhimento e penitência e faz
voltar os olhos do cristão mais que nunca sobre a cruz, mas também sobre os
esplendores da ressurreição, seja para todos e para cada um de vós uma ocasião
que saudareis com alegria e de que vos prevalecereis com ardor para encher a
alma toda com o espírito heroico, paciente e vitorioso que irradia da cruz de
Cristo. Então os inimigos da Igreja — estamos seguros disto — que acreditam ter
chegado a sua última hora, reconhecerão que cedo demais rejubilaram e muito
cedo a quiseram sepultar. Então virá o dia em que em vez de prematuros hinos de
triunfo dos inimigos de Cristo, se elevará ao céu dos corações e lábios dos
fiéis o Te Deum da libertação:
um Te Deum de ação de
graças ao Altíssimo, um Te Deum de júbilo,
porque o povo alemão, também em seus membros errantes, terá reencontrado o
caminho de volta à religião; com uma fé purificada pelos sofrimentos, dobrará
de novo o joelho diante do Rei dos tempos e da eternidade, Jesus Cristo, e se
cingirá para a luta contra os negadores e destruidores do ocidente cristão, em
união com os homens bem intencionados das outras nações, a cumprir a missão que
lhes assinalaram os planos do Eterno.
58. Ele, que perscruta
coração e rins (Sl 7,10), Nos é testemunha que não temos aspiração mais íntima
que a do restabelecimento da verdadeira paz entre a Igreja e o Estado na
Alemanha. Mas se sem culpa Nossa a paz não vier, a Igreja de Deus defenderá os
seus direitos e liberdade, em nome do Todo-poderoso, cujo braço também hoje não
foi abreviado. Cheios de confiança nele “não cessamos de orar e pedir” (Col
1,19) por vós, filhos da Igreja, a fim de que os dias das tribulações sejam
abreviados e vós sejais encontrados fiéis no dia da provação; e também aos
opressores e perseguidores o Pai de toda luz e toda misericórdia conceda a hora
de Damasco, para si e os muitos que com eles têm errado e erram.
59. Com esta súplica no
coração e lábios, Nós vos damos, como penhor do divino auxílio, como apoio nas
vossas decisões difíceis e cheias de responsabilidade, como robustecimento nas
lutas, como conforto nos sofrimentos, a Vós bispos, pastores de vosso povo
fiel, aos sacerdotes, aos religiosos, aos apóstolos leigos da Ação Católica e
todos os vossos diocesanos, e não em último lugar, aos doentes e encarcerados,
com paternal amor a bênção apostólica.
Dado no Vaticano, no
domingo da Paixão, 14 de março de 1937.
PIO XI, PAPA.
_____________
Papa PIO XI, Encíclica “Mit Brennender Sorge”, de 14 de março de
1937. Tradução de Frei Frederico Vier, O.F.M.
Fonte: Coleção Documentos Pontifícios – 133, Petrópolis: Vozes, 1961,
30p.
Endereço breve desta
transcrição: http://goo.gl/woymU3
Publicado
originalmente na internet pelo blog Acies Ordinata.
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