O mundo precisa de líderes e prestigia seus heróis e personalidades marcantes. Os santos exercem fascínio e atração, arrastam seguidores porque são testemunhas da verdade, do amor, da fé. Somos cativados por eles porque gostaríamos de ser como eles. Estamos todos à procura da inocência original, da opção pelo bem, da perfeição no amor que os santos alcançaram e tornaram-se pontos de atração.
Os santos nascem humanos e são “peritos em humanismo”. Não se colocam acima dos outros homens e mulheres, nem se afastam dos pecadores. Humanos e cheios de misericórdia, os santos estão convencidos que são grandes pecadores, mas percebem o triunfo de Deus em suas vidas. Nos santos celebramos a vitória da graça de Cristo. É Deus que faz os santos, operando neles grandes coisas.
Muitos santos começaram viver a aventura da santidade lendo livros sobre “a vida dos santos”, ou agiografia. Para alguém ser santo não precisa ser exótico, cafona, beato. Os santos não gostam de chamar atenção sobre si. Um forte sinal de santidade é o esvaziamento de si, a vida escondida com Cristo em Deus a serviço dos irmãos. A simplicidade de vida é a marca registrada dos santos de ontem e de hoje.
A história testemunha que os santos movem o mundo, comovem os corações, atraem discípulos, mudam os rumos da humanidade, marcam a história da Igreja por que são homens e mulheres de Deus. Olhando para os santos todos podemos dizer como Lacordaire a respeito de São João Maria Vianney: “Vi Deus num homem”. De fato, os méritos dos santos, são dons de Deus. Venerar os santos é reconhecer o poder da graça divina em suas vidas, é celebrar a vitória de Cristo em suas pessoas. Neles brilha o esplendor da santidade de Deus.
Convivemos diariamente com pessoas santas. Quem de nós não conhece doentes cheios de paciência? Pessoas injustiçadas e maltratadas cheias de perdão e misericórdia? “São como a cana de açúcar, quanto mais trituradas, mais doçura emitem” (D. Hélder). Conviver servindo a pessoas neuróticas, alcoolizadas, deficientes, desequilibradas, etc é dar testemunho de santidade. Perseverar na oração, dedicar-se silenciosamente aos pobres e enfermos são sinais de santidade. Mesmo assim, é bom lembrar o que dizia o Papa em Florianópolis: “O Brasil precisa de santos”. Ser santo não consiste em fazer coisas extraordinárias, mas em sempre recomeçar, procurar ser melhor, estar em processo de crescimento espiritual.
O que mais a Igreja de hoje necessita é de santidade. Ela haverá de crescer pela “atração”. Nada mais atraente e convincente que a santidade. “Esta é a vontade de Deus: a vossa santificação” (I Tess 4,3).
Dom Orlando Brandes (Arcebispo de Londrina)
Artigo publicado na Folha de Londrina, 03 de novembro de 2007. Disponível em http://www.cnbb.org.br/ns/modules/mastop_publish/?tac=198
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