Por Cássio José!
No livro bíblico de Gênesis, vemos logo no capítulo 3, o que os biblistas intitularam como “A culpa original” (A origem do mal - Bíblia Pastoral, A queda – Bíblia de Jerusalém). É na verdade, a explicação bíblica de como o pecado entrou no mundo e quem foi o seu autor. Tudo o que Deus havia feito era muito bom (Gn 1,4.10.12.18.21.25.31), e Deus o fez com amor (Ef 1,4). Fez também um jardim denominado o jardim do Éden que era símbolo da comunhão feliz entre Deus e a humanidade, através do primeiro casal (Adão e Eva). Esse era o desejo de Deus: Ter comunhão e aliança com a humanidade para esta ser feliz verdadeiramente. A única ordem, mandamento ou lei era simplesmente não comer do fruto proibido por ter a morte como uma de suas consequências:
“Deu-lhe este preceito: “Podes comer do fruto de todas as árvores do jardim;
mas não comas do fruto da árvore da ciência do bem e do mal; porque no dia em que dele comeres, morrerás indubitavelmente.” (Gn 2, 16-17).
O relato bíblico da história da entrada do pecado no mundo, nós conhecemos: “Pela inveja do diabo, entrou no mundo a morte (e primeiramente o pecado), que é experimentada por aqueles que pertencem a ele” (Sb 2,24). Ele usa assim de Eva pra que a desobediência alcance aquele lugar fazendo com que, dessa forma a prática da desobediência seja a protagonista dos demais pecados. Todo pecado, é dessa maneira uma desobediência. Assim exclama o Catecismo da Igreja Católica:
“Somente à luz do desígnio de Deus sobre o homem compreende-se que o pecado é o abuso da liberdade que Deus dá às pessoas criadas” (CIC n, 387).
Podemos por tanto afirmar, que o pecado é uma desobediência a vontade de Deus, é esse abuso da liberdade que Deus nos dá (praticamos assim a chamada libertinagem quando pecamos) e essa quebra da comunhão – que fazemos (nós e não Deus!) - de amor que Deus tem para conosco, constituindo-se assim uma espécie de abismo entre nos e Deus!
Todo pecado tem suas maldições: consequências negativas. Vejamos algumas delas:
Eles se esconderam da presença de Deus por que estavam com medo de Deus ao descobrirem que estavam nus: o pecado gera o medo e fuga da presença de Deus (Gn 3, 8.10);
Sofrimentos nas dores de parto, paixão que arrasta ao marido e submissão a ele (Gn 3,16);
A terra foi amaldiçoada, o homem trabalhará com dificuldades e sofrimentos, além da produção de espinhos e ervas daninhas nos campos (Gn 3,17-18);
Doenças, sofrimentos, pestes e, principalmente, a morte. Pois o salário do pecado é a morte (Gn 3,19; Rm 6,23).
O Catecismo da Igreja Católica nos alerta que toda a humanidade sofreu consequências por conta do pecado de Adão e Eva:
“Como é que o pecado de Adão se tornou o pecado de todos os seus descendentes? Todo o gênero humano é, em Adão, «sicut unum corpus unius hominis – como um só corpo dum único homem». Em virtude desta «unidade do gênero humano», todos os homens estão implicados no pecado de Adão, do mesmo modo que todos estão implicados na justificação de Cristo. Todavia, a transmissão do pecado original é um mistério que nós não podemos compreender plenamente. Mas sabemos, pela Revelação, que Adão tinha recebido a santidade e a justiça originais, não só para si, mas para toda a natureza humana; consentindo na tentação, Adão e Eva cometeram um pecado pessoal, mas este pecado afeta a natureza humana que eles vão transmitir num estado decaído. É um pecado que vai ser transmitido à toda a humanidade por propagação, quer dizer, pela transmissão duma natureza humana privada da santidade e justiça originais. E é por isso que o pecado original se chama «pecado» por analogia: é um pecado «contraído» e não «cometido»; um estado, não um ato”. (CIC n. 404)
Além do mais, a principal consequência do pecado seria a perda da familiaridade com Deus (Gn 3,23). Com esta, todo homem já possui a morte espiritual.
A partir do pecado de Adão e Eva percebe-se realmente pela Bíblia, como afirma o Catecismo da Igreja, que o pecado tornou-se uma espécie de vírus espiritual: Todos os homens pecaram e estão privados da glória de Deus (Rm 3,23). O pecado foi transmitido genética e/ou espiritualmente de geração a geração: Caim mata Abel, corrupção da humanidade (para isso Deus manda o dilúvio), construção da torre de Babel... e por aí vai até chegar nos dias de hoje.
A nossa proposta de conscientização pra você leitor (sendo ou não cristão), é o fato de hoje o pecado ser visto como algo normal e de maneira muito boa, a ponto de até mesmo os cristãos afirmarem que “não há problema algum”, “é normal” e “não é pecado fazer isso ou aquilo”. Os que deveriam odiar o pecado por ser criação do Diabo, estão na verdade, praticando “a torta e a direita”, aquilo que é mal visto aos olhos de Deus. Além do mais, o pecado é muitas vezes, socializado! É algo tão comum, que na sociedade há até leis de proteção para os que pecam ou leis que põem o pecado como algo que é bom e legalizado pela lei civil (exemplo disso, é o projeto de Lei 122/2006 denominado como homofobia que, caso seja aprovado, eu serei obrigado a aceitar de maneira condizente e satisfatória, todas as práticas dos homossexuais, sendo que, na Bíblia Sagrada, nós sabemos que Deus abomina muito bem tais práticas: Gn 19,1-29; Lv 20,13; Rm 1,24-27; I Cor 6, 9-10; I Tm 1,10).
É importante entendermos: Devemos amar os homossexuais! Não temos outra saída: Isso é bíblico! Mas, uma coisa é o homossexual ser respeitado. Outra é o fato de eu aplaudir e aceitar as suas práticas de homossexual como se fossem cristãs, bíblicas, naturais, morais e de acordo com a doutrina católica. Devemos respeitá-los por serem pessoas e não por suas práticas que os levam ao homossexualismo. Daqui a pouco teremos leis de lesbicafobia, corruptofobia, prostibolofobia, politicofobia, ladrofobia,...
Falando ainda sobre a questão de o pecado ser tratado como algo normal, percebemos que a mídia e os demais meios de comunicação, contribuem para que se torne lindo aquilo que é horrível e abominável! A feúra e podridão da prática pecaminosa, é ornamentada de tal maneira, que olhamos para o pecado e nesse olhar nos apaixonamos pelo pecado e quando menos esperamos, estamos totalmente noivos e até casados com o pecado. Daremos assim, compromisso, fidelidade e respeito a tal criação do Diabo! Isso se chama: descaracterização do pecado. Ele perde todas as características diante dos nossos olhos a tal ponto de gostarmos daquilo que não presta. Foi assim colocada uma máscara que encantou a humanidade. Usando de outras palavras, estamos desviando o nosso olhar e a nossa vida para algo que nos leva a perdição e não a salvação.
Muitos se afastaram de Deus por que preferiram ter uma vida de pecado, para o pecado e com o pecado: Comunhão com as trevas. Por isso que a Palavra de Deus nos diz “que o mundo todo está sob o poder do Maligno” (I Jo 5,19). Há, pois, uma descaracterização do pecado. Tornou-se normal àquilo que deveria ser anormal para todos os cristãos e tornou-se aceitável aquilo que deveria ser inaceitável para todos os que conhecem a Palavra de Deus! Para isso, o profeta Isaías disse:
“Ai daqueles que ao mal chamam bem, e ao bem, mal, que mudam as trevas em luz e a luz em trevas, que tornam doce o que é amargo, e amargo o que é doce!” (Is 5,20). É o que está acontecendo nos dias de hoje: Os cristãos cometem muitas práticas e dizem por aí que não há problema, que não é pecado:
“Ficar” não é pecado!;
“Ir pra festas, baladas, carnavais...” não é pecado!;
“Masturbar” não é pecado!;
“Traição e adultério” não é pecado (Não é o que nos ensinam as novelas e você não trata-as como faróis para a sua vida, uma vez que elas nos transmitem a realidade?)!;
“Ir ao terreiro, fazer simpatias, superstições, magia negra, culto a Satanás...” não é pecado!;
“Peça teatral e estrelismo na Igreja” não é pacado!;
“Fazer ato sexual antes do casamento e até nos ficas da vida” não é pecado!;
“Piadinhas imorais (a gente escuta muitos cristãos falarem até mesmo quando estão em seus ‘lazeres religiosos’), e desrespeitadoras” não é pecado!;
“Usar roupas indecentes” não é pecado!; etc, etc, etc...
Para esses tipos de cristãos (apreciadores e apaixonados pelo mundo!), Paulo grita em seus ouvidos:
“Tudo me é permitido, mas nem tudo convém. Tudo me é permitido, mas eu não me deixarei dominar por coisa alguma” (I Cor 6,12).
Quanto aqueles que têm uma vida escrava ao pecado sexual e não vivem sem ele a ponto de cometerem muitas torpezas, reflitamos algumas passagens bíblicas:
“Eu, porém, vos digo: todo aquele que lançar um olhar de cobiça para uma mulher, já adulterou com ela em seu coração” (Mt 5, 28).
“Não sabeis que sois o templo de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá. Porque o templo de Deus é sagrado - e isto sois vós” (I Cor 3, 16-17).
“O corpo, porém, não é para a impureza, mas para o Senhor e o Senhor para o corpo” (I cor 6,13)
“Pois os que são de Jesus Cristo crucificaram a carne, com as paixões e concupiscências” (Gl 5,24).
“Esta é a vontade de Deus: a vossa santificação; que eviteis a impureza. Pois Deus não nos chamou para a impureza, mas para a santidade” (I Ts 4, 3.7)
“Não ameis o mundo nem as coisas do mundo. Se alguém ama o mundo, não está nele o amor do Pai. Porque tudo o que há no mundo - a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida - não procede do Pai, mas do mundo. O mundo passa com as suas concupiscências, mas quem cumpre a vontade de Deus permanece eternamente” (I Jo 2, 15-17).
Além do mais, vários autores bíblicos deixaram registrados em seus escritos, listas de pecados e abominações; para nos conscientizarmos que o nosso comportamento não deve ser o de se curvar ou aceitar o pecado e sim, repudiar tudo aquilo que é contra a vontade de Deus. O Espírito Santo, usando esses autores sagrados, chegou a afirmar que os que cometerem tais atos não herdarão o Reino de Deus! Então, não é brincadeira a questão de travarmos uma luta contra o pecado. Devemos ser fiéis ao Senhor e sermos radicais em seu seguimento e termos segurança e firmeza no nosso compromisso para com Deus. Os primeiros cristãos foram pecadores iguais a nós. Mas lutaram contra o pecado com “unhas endentes” para não traírem o seu Deus. Jesus, Paulo e João, afirmaram radicalmente aquilo que não é de acordo com a vontade de Deus (alguns pecados) e que nos excluem do céu. Vejamos:
“Do mesmo modo também os homens, deixando o uso natural da mulher, arderam em desejos uns para com os outros, cometendo homens com homens a torpeza, e recebendo em seus corpos a paga devida ao seu desvario. Como não se preocupassem em adquirir o conhecimento de Deus, Deus entregou-os aos sentimentos depravados, e daí o seu procedimento indigno. São repletos de toda espécie de malícia, perversidade, cobiça, maldade; cheios de inveja, homicídio, contenda, engano, malignidade. São difamadores, caluniadores, inimigos de Deus, insolentes, soberbos, altivos, inventores de maldades, rebeldes contra os pais. São insensatos, deçsleais, sem coração, sem misericórdia. Apesar de conhecerem o justo decreto de Deus que considera dignos de morte aqueles que fazem tais coisas, não somente as praticam, como também aplaudem os que as cometem” (Rm 1, 27-32).
“Acaso não sabeis que os injustos não hão de possuir o Reino de Deus? Não vos enganeis: nem os impuros, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os devassos, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os difamadores, nem os assaltantes hão de possuir o Reino de Deus” (I Cor 6,9-10).
“Ora, as obras da carne são estas: fornicação, impureza, libertinagem, idolatria, superstição, inimizades, brigas, ciúmes, ódio, ambição, discórdias, partidos, invejas, bebedeiras, orgias e outras coisas semelhantes. Dessas coisas vos previno, como já vos preveni: os que as praticarem não herdarão o Reino de Deus!” (Gl 5,19-21).
“Os tíbios, os infiéis, os depravados, os homicidas, os impuros, os maléficos, os idólatras e todos os mentirosos terão como quinhão o tanque ardente de fogo e enxofre, a segunda morte” (Ap 21,8).
Realmente percebemos que muitos além de gostarem do pecado, achando que se cometerem não há nenhum problema, aplaudem também os que cometem. Esses pecados são de fato; obras, desejos, concupsciência e instintos da carne, e não do Espírito. E os que cometem caso não se arrependam, e se não mudarem seu comportamento para fazerem a vontade de Deus acima de tudo, não habitarão os céus, uma vez que somente os santos irão para o céu (Hb 12,14).
Uma coisa é nós termos cristãos que caem no pecado e uma outra coisa é o fato de infelizmente, termos cristãos que têm uma vida dupla, em cima do muro. Não se decidem. Esses não crescem espiritualmente e não possuem a felicidade. Isso não cheira bem aos olhos de Deus e desagrada-O todas às vezes quando o Senhor não ver sinceridade, compromisso e fidelidade de vida.
Do contrário, a nossa vida é uma batalha espiritual. Sabendo que a nossa luta não é contra os homens de carne e osso e sim contra os principados e potestades, contra os espíritos malignos que jazem pelo mundo para a perdição das almas (Ef 6,12), o que devemos fazer é renunciar tudo o que é impuro para buscarmos o que Deus quer pra nós como santidade. Muitas vezes temos que renunciar o nosso próprio eu desestruturando o nosso ego para deixarmos sermos ministrados em tudo pelo Espírito Santo assim como Jesus se deixou levar (Mt 4,1).
Nessa batalha cotidiana que terminará somente quando estivermos no céu, devemos usufruir de todas as armas que Deus nos dá: Oração, jejum, Eucaristia, Ofício de Nossa Senhora, oração do terço, Confissão, Leitura cotidiana da Palavra de Deus...
Se Davi foi capaz de derrotar Golias que media aproximadamente 3 metros de altura, nós devemos agarrar o mais rápido possível ao Senhor Jesus que é o nosso General, Salvador, Senhor e Advogado, para alcançarmos troféu: Não o que se coloca numa estante ou prateleira onde o ladrão pode roubar e assaltar e a poeira estraga; mas, aquele da qual, não sendo digno nenhum homem, com a morte do Senhor Jesus na cruz, fomos comprados com o seu preciosíssimo sangue, sangue esse sem mancha e sem pecado, para sermos remidos e salvos e habitarmos nos céus. Temos por tanto esse direito e essa herança. Vamos trocá-lo por uma vida pecaminosa sem lutarmos por esse troféu?
O nosso viver deve ser Cristo e o nosso morrer deve ser lucro. Mas, enquanto isso não acontece, devemos Orar e vigiar para não sermos pegues de surpresa e termos uma vida de servos que esperam a qualquer momento a chegada do seu Senhor. Por tanto, preparemo-nos para a qualquer momento irmos, sermos arrebatados ou contemplarmos com os nossos próprios olhos a chegada do Amado de nossas almas: O Senhor Jesus!
E-mail.: Cassiouab@hotmail.com
Com a Sagrada Escritura, Sagrada Tradição e o Sagrado Magistério desejamos proporcionar a você o "Depósito da Fé", herdado e transmitido por todas as gerações do Cristianismo. Forte Abraço
13 janeiro 2010
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