Julio Severo
Na prova do Enem do sábado passado, a questão da “homofobia” entrou como pergunta, que definiu “homofobia” como “a rejeição e menosprezo à orientação sexual do outro”.
Lendo a pergunta, o jovem é induzido a fazer um autoexame para ver se ele sente ou não “rejeição e menosprezo”.Uma resposta politicamente incorreta recebe uma classificação reduzida no Enem.
Vejamos pois a pergunta que o MEC elaborou — da forma mais tendenciosa possível — e impôs no último Enem:
“Pecado nefando” era expressão correntemente utilizada pelos inquisidores para a sodomia. Nefandus: o que não pode ser dito. A Assembleia de clérigos reunida em Salvador, em 1707, considerou a sodomia “tão péssimo e horrendo crime”, tão contrário à lei da natureza, que “era indigno de ser nomeado” e, por isso mesmo, nefando.O número de homossexuais assassinados no Brasil bateu o recorde histórico em 2009. De acordo com o Relatório Anual de Assassinato de Homossexuais (LGBT – Lésbicas, Gays, Bissexuais e Travestis), nesse ano foram registrados 195 mortos por motivação homofóbica no País.
A homofobia é a rejeição e menosprezo à orientação sexual do outro e, muitas vezes, expressa-se sob a forma de comportamentos violentos.
Os textos indicam que as condenações públicas, perseguições e assassinatos de homossexuais no país estão associadas
A) à baixa representatividade política de grupos organizados que defendem os direitos de cidadania dos homossexuais.
B) à falência da democracia no país, que torna impeditiva a divulgação de estatísticas relacionadas à violência contra homossexuais.
C) à Constituição de 1988, que exclui do tecido social os homossexuais, além de impedi-los de exercer seus direitos políticos.
D) a um passado histórico marcado pela demonização do corpo e por formas recorrentes de tabus e intolerância.
E) a uma política eugênica desenvolvida pelo Estado, justificada a partir dos posicionamentos de correntes filosófico-científicas.
O site “Vestibular Brasil Escola” comentou a questão aqui.
Segundo ele, a alternativa correcta é a letra “D”. E justifica: Fortemente influenciado pelos valores cristãos, o passado colonial brasileiro assistiu a uma constante exclusão de pessoas, e grupos, que não seguissem tais preceitos, como cristãos novos e sodomitas. Através das visitações da Inquisição, tais personagens foram denunciados como desagregadores da sociedade colonial, contribuindo-se para a criação de tabus e preconceitos sociais que se perpetuaram dentro da história brasileira. O machismo e a homofobia atuais acabam sendo reflexo desta herança histórica.
No autoexame induzido, se você escolher “não” à sodomia, você automaticamente se junta à Inquisição e aos assassinos de homossexuais.
Você é um homofóbico! Se você responde “sim”, seu Enem está ok.
O Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) é uma prova criada pelo Ministério da Educação do Brasil para avaliar a qualidade do ensino médio. Muitas faculdades e universidades usam as notas do ENEM em seus processos seletivos.
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A ampliação do conceito de homofobia feito pelo MEC é maniqueísta e sugere que todas as pessoas que não concordam com a prática homossexual sejam homofóbicas.
À Igreja, citada no enunciado da questão, é sugerida como homofóbica e se despreza o contexto histórico e teológico da afirmação dos clérigos de Salvador, em 1707 !!
Pode-se discordar do comportamento homossexual sem ser homofóbico. A homofobia é uma doença, sua violência intrínseca é antievangélica e a Igreja JAMAIS a estimulou.
Nenhum cristão pode ser a favor da homofobia. A Fé cristã rejeita o pecado e não as pessoas.
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