Por Cássio José
Membro da Rcc e da Catequese
Grupo de Oração: Renascer
Email: cassiouab@hotmail.com
Um dos maiores questionamentos e debates doutrinal e teológico ao longo da história da Igreja e de críticos racionalistas que foi se levantando e sendo estudado durante muito tempo para combater as heresias que iam surgindo no decorrer das épocas, foi a divindade de Jesus. Não por dúvida Igreja, mas por sistematizar a doutrina cristã, frente as heresias.
Nunca foi dúvida da Igreja Católica e do Cristianismo o fato da existência de Jesus, seu Senhorio e sua Divindade. Mas, desde os primórdios do Cristianismo as correntes de heresias, instrumentalizadas, sobretudo, por Satanás, já queriam desde cedo, descaracterizar e rebaixar, debochando assim da pessoa de Jesus de Nazaré, e ridicularizar de Sua Paixão, Morte e Ressurreição.
Perguntas do tipo “Quem é Jesus?” ou “Jesus existiu mesmo ou é apenas um mito?” ainda são perguntas clássicas debatidas e estudadas nos cursos de Cristologia e estudos nas igrejas e debates nas universidades. Quanto a esta, há sempre sombras do ateísmo e relativismo religioso, fazendo com que se crie um exército de alunos incrédulos naquilo que está escrito na Palavra para debocharem da Igreja Católica...
Cada um dessa forma tem, muitas vezes, interpretado Jesus Cristo do seu jeito, o que é uma das artimanhas que o Macaco de Deus usa também e, sobretudo, nos dias de hoje.
Para muitos historiadores e filósofos Jesus não é se não um simples homem que buscou revolucionar uma sociedade. Para outros, Jesus foi um grande sábio e assim por diante, cada um tem o seu tipo de Jesus. Há religiões que dizem que Jesus não faz parte da Trindade, mas é uma espécie de deus isolado, a parte. Há algumas, como o espiritismo que pregam que Jesus foi um médio muito evoluído e que fez a caridade por excelência. E se formos pesquisar a fundo, cada religião tem o seu Jesus. Mas qual é o verdadeiro? Como identificá-lo? Podemos estruturar e criar o nosso Jesus ou devemos aceitar o que já está escrito na Palavra de Deus?
Refletindo até mesmo no interior do Cristianismo, muitas igrejas protestantes pregando o “Evangelho da Prosperidade”, “a Teologia da Restituição” e “o Pentecostalismo Milagreiro”, pregam um Jesus que de Rei dos reis e Senhor absoluto de tudo e de todos, passa a ser garçom do crente. Percebe-se até que se coloca Deus contra a parede e se Deus não curar ou fizer isso ou aquilo pra, em muitos casos, a seu bel prazer, há um afastamento da igreja ou procura-se uma outra denominação aonde “Ali Deus cura, liberta, transforma e não há sofrimento e nem dor”. Essa tem sido a triste realidade das igrejas que se dizem “ser salvas”.
Esse mesmo questionamento encontramos no Documento do Vaticano com relação ao estudo feito sobre Nova Era - Jesus Cristo, portador de água viva. Há realmente uma multidão de Jesus espalhado por aí que durante as épocas foram surgindo em vários traços de líderes no decorrer da História da humanidade ou existe um só Jesus Cristo?
Vejamos o que o documento do Vaticano diz:
“A literatura da Nova Era apresenta com frequência Cristo como um de muitos sábios, iniciados ou avatares. Nos textos da Nova Era:
ü O Jesus histórico pessoal e individual é distinto do Cristo universal, impessoal e eterno;
ü Jesus não é considerado o único Cristo;
ü A morte de Jesus na cruz é negada ou reinterpretada para excluir a ideia de que Ele, enquanto Cristo, pudesse ter sofrido;
ü Documentos apócrifos (como os evangelhos neognósticos) são considerados fontes autênticas para o conhecimento de aspectos da vida de Jesus que não se podem encontrar no cânon das Escrituras. Outras revelações sobre Jesus, oferecidas por entidades, espíritos-guia e mestres ascensos ou também pelas “Crônicas de Akasha”, são fundamentais para a cristologia da Nova Era;
ü Faz-se uma espécie de exegese esotérica dos textos bíblicos para deturpar o Cristianismo da religião formal que impede o acesso à sua essência esotérica.”
É o que vemos fazer “shows” com essas ideias apresentadas nos filmes Código Da vinci dentre outras religiões espalhadas pelo planeta.
Esse mesmo questionamento foi estudado e esclarecido quando também, em estudo, um outro documento da Igreja Católica, DOMINUS IESUS, SOBRE A UNICIDADE E UNIVERSALIDADE SALVÍFICA DE JESUS CRISTO E DA IGREJA. Ele afirma que é frequente fazer-se uma aproximação de Jesus de Nazaré com outras presenças reveladoras e salvíficas. Era como se o Verbo de Deus tivesse várias personalidades que ao longo da história já tivesse aparecido de acordo com essa ou aquela religião e de acordo com as realidades de cada sociedade, lugar ou país e até mesmo época.
Assim afirma o Documento:
“O Infinito, o Absoluto, o Mistério último de Deus manifestar-se-ia assim a humanidade de muitas formas e em muitas figuras históricas: Jesus de Nazaré seria uma delas”.
[Documento Dominus Iesus sobre a unicidade e a universalidade salvífica de Jesus e da Igreja, cap. II, n. 9]
Também o Catecismo da Igreja Católica nos deixa claro que não foi fácil combater as heresias que iam surgindo com relação a Jesus Cristo, sua divindade ou humanidade:
“As primeiras heresias, mais do que a divindade de Cristo, negaram a sua humanidade verdadeira (docetismo gnóstico). Desde os tempos apostólicos a fé cristã insistiu na verdadeira Encarnação do Filho de Deus, “que veio na carne”. Mas desde o século III a Igreja teve de afirmar, contra Paulo de Samóstasa, em um concilio reunido em Antioquia, que Jesus é Filho de Deus por natureza e por adoção. O I Concilio Ecumênico de Niceia, em 325, confessou em seu Credo que o Filho de Deus é “gerado, não criado, consubstancial (homousis) ao Pai” e condenou Ario, que afirmava que “o Filho de Deus veio do nada” e que ele seria “de uma substancia diferente da do Pai”.
(Catecismo da Igreja Católica, n.465)
O CIC ainda explica, com relação as heresias, surgidas na época que:
“A heresia nestoriana via em Cristo uma pessoa humana unida à pessoa divina do Filho de Deus. Diante dela, S. Cirilo de Alexandria e o III Concílio Ecumênico, reunido em Éfeso em 431, confessaram que “o Verbo, unido a si em sua pessoa uma carne animada por uma alma racional, se tornou homem”. A humanidade de Cristo não tem outro sujeito se não a pessoa divina do Filho de Deus, que a assumiu e a fez sua desde sua concepção. Por isso o Concilio de Éfeso proclamou , em 431, que Maria se tornou de verdade Mãe de Deus pela concepção humana do Filho de Deus em seu seio: “Mãe de Deus não por que o Verbo de Deus tirou dela a natureza divina, mas por que é dela que ele tem o corpo sagrado dotado de um alma racional, unido ao qual, na sua pessoa, se diz que o Verbo nasceu segundo a carne”.
(CIC, n. 466)
Após fazer todas essas observações sobre o que a Nova Era aponta para a existência de muitos “jesus”, o Documento conclui essa parte de maneira categórica para que não tenhamos dúvidas de que somente há UM Jesus que é O Senhor e O Salvador, O Jesus da Bíblia Sagrada:
“Na tradição cristã, Jesus Cristo é o Jesus de Nazaré de quem falam os Evangelhos, o filho de Maria e o único Filho de Deus, verdadeiro homem e verdadeiro Deus, a plena revelação da verdade divina, o único Salvador do mundo: Também por nós crucificado sob Pôncio Pilatos; padeceu e foi sepultado. Ressuscitou ao terceiro dia conforme as Escrituras; e subiu aos Céus onde está sentado à direita do Pai”.
Vemos já aqui nesse trecho do Documento sobre Nova Era, que a Igreja nunca teve dúvida sobre esse questionamento a cerca dos título e da personalidade humana e divina de Jesus de Nazaré.
O Documento Dominus Iesus, sobre a Unicidade e Universalidade Salvífica de Jesus e da Igreja, também tem a preocupação de deixar bem claro que somente Jesus Cristo, o Jesus da Bíblia é o ÚNICO JESUS E SALVADOR UNIVERSAL DA HUMANIDADE. Muitas são as colocações desse Documento a cerca de afirmar a UNICIDADE e UNIVERSALIDADE DE JESUS CRISTO. Vejamos algumas, como exemplo:
ü “A esse respeito, João Paulo II declarou explicitamente: É contrário a fé cristã introduzir qualquer separação entre o Verbo e Jesus Cristo: Jesus é o Verbo Encarnado, pessoa uma e indivisa [...]. Cristo não é diferente de Jesus de Nazaré; e este é o Verbo de Deus, feito homem para a salvação de todos”. (Dominus Iesus, cap. II, n. 10);
ü “É igualmente frequente a tese que nega a unicidade e a universalidade salvífica do mistério de Jesus Cristo. Tal posição não tem nenhum fundamento bíblico. Deve, invés, crer-se firmemente, como dado perene da fé da Igreja, a verdade sobre Jesus Cristo, Filho de Deus, Senhor e único Salvador, que no seu evento de encarnação, morte e ressurreição realizou a história da salvação, a qual tem n’Ele a sua plenitude e o seu centro”. (Dominus Iesus, cap. II, n 13);
ü “A Igreja crê que Cristo, morto e ressuscitado por todos (II Cor 5,15), oferece à humanidade, pelo seu Espírito, luz e forças que lhe permitem corresponder à sua altíssima vocação. Ela crê que não há debaixo do céu outro nome dado aos homens pelo qual devam ser salvos (At 4,12). Ela crê também que a chave, o centro e o fim de toda a história se encontra no seu Senhor e Mestre”. (Dominus Iesus, cap. III, n. 13);
Além disso, o Documento afirma que não se precisa esperar um outro Jesus, uma nova revelação pública antes da gloriosa manifestação de Nosso Senhor Jesus Cristo (I Tm 6,14; Tt 2,13) – Dominus Iesus cap. I, n. 5.
O verdadeiro cristão não necessita se questionar sobre isso uma vez que no fundamento e sustentáculo da nossa Fé (a Palavra de Deus), nós encontramos claramente essa resposta, quando o próprio Jesus faz essa pergunta aos seus apóstolos e Pedro, responde cheio do Espírito Santo:
“Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”.
( Mt 16,16)
Aqui, já temos duais revelações: Jesus é o Messias (Cristo) e Filho de Deus!
É o que afirma o evangelista Marcos no início de seu Evangelho: “Principio do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus” (Mc 1,1).
Em João 1,1 a Palavra deixa bem claro que Jesus é Deus:
“No principio era o verbo, e o verbo estava com Deus, e o verbo era Deus”.
Ainda continua a Palavra: “Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e sem ele nada do que foi feito se fez”. (vv. 2-3)
Colossenses nos diz que:
“Jesus é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação. Ainda afirma que nele foram criadas todas as coisas no céu e na terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, dominações, principados, potestades. Tudo foi feito por ele e para ele”.
(Cl 1, 15-16)
Se formos dar uma vasculhada nos documentos da Igreja Católica e até mesmo no Catecismo da Igreja Católica (como já foi demonstrado acima), perceberemos que nunca foi dúvida da Igreja Católica a sua fé na pessoa de Jesus Cristo, o filho de Maria, que tinha a carpintaria como profissão e que nascendo em Belém, parte para ser batizado por João Batista, seu primo, para a partir do seu batismo, introduzir o seu ministério como Profeta, Sacerdote e Rei, e como Messias, uma vez que todo o Antigo Testamento esperava-o para fazer a libertação tão ansiosamente esperada por todos eles. Jesus Cristo é o Messias para nós cristãos por que todo o conjunto de profecias acerca do Messias pregada durante o A. T. por todos os profetas de Deus, se cumpriu em grau, número e gênero, na pessoa de Jesus de Nazaré.
Sabemos que o centro da mensagem profética já no Antigo Testamento tem como meta anunciar e denunciar e como centro primordial anunciar que Deus enviará o Messias. Percebemos isso em Isaías, Jeremias, Oséias, Daniel, Habacuc, Joel, Jonas... e todos os outros demais profetas.
Observemos a tabela abaixo para percebermos o anuncio e o cumprimento de algumas profecias que categoricamente e no tempo de Deus se cumpriram tal o qual está no Antigo Testamento por parte das profecias profetizadas pelos profetas. Observe:
PASSAGEM BÍBLICA | PROFECIA | CUMPRIMENTO BÍBLICO |
Gn 49,10 | Nasceu da tribo de Judá | Mt 1,2-16, Lc 3,23-33 |
Sl 132,11 Is 9,7 | Da descendência de Davi, filho de Jessé | Mt 1, 1.6-16; 9,27; At 13,22-23 |
Mq 5,2 | Nasceu em Belém | Lc 2,4-11; Jo 7,42 |
Is 7,14 | Nasceu de uma virgem | Mt 1,18-23; Lc 1,30-35 |
Os 11,1 | Chamado do Egito | Mt 2,15 |
Is 61,1-2 | Comissionado | Lc 4,18-21 |
Is 53,4 | Carregou nossas doenças | Mt 8,16-17 |
Sl 69,9 | Zelado pela casa do Senhor | Mt 21,12-13; Jo 2,13-17 |
Is 53,1 | Não creram nele | Jô 12,37-38; Rm 10,11.16 |
Zc 9,9; Sal 118,26 | Saudado como Rei e alguém vindo do Senhor | Mt 21,1-9; Mc 11,7-11 |
Is 28,16;Sl 118, 22-23 | Mesmo sendo rejeitado torna-se a pedra angular | Mt 21, 42.45-46, At 3,14; 4,11; I Pd 2,7 |
Sl 41,9;109,8 | Um dos apóstolos o trai | Mt 26,47-50; Jo 13,18 |
Zc 11,12 | Traído por 30 moedas de prata | Mt 26,15; 27,3-10; Mc 14,10-11 |
Is 53, 8 | Julgado e condenado | Mt 26, 57-68; 27, 1-2; 11-26 |
Is 53,7 | Mudo perante acusadores | Mt 27,12-14; Mc 14,61;15,4-5 |
Sl 69,4 | Odiado sem causa | Lc 23,13-25; Jo 15,24-25 |
Is 50,6; Mq 5,1 | Golpeado, cuspido | Mt 26,67; 27,26.30; Jo 19,3 |
Sl 22,18 | Lançadas sortes sobre as roupas | Mt 27,35; Jo 19,23-24 |
Is 53,12 | Contado com os pecadores | Mt 26,55-56;27,38; Lc 22,37 |
Sl 69,21 | Lhe deram vinagre e fel | Mt 27,34.48; Lc 22,37 |
Sl 22,1 | Aparentemente abandonado por Deus | Mt 27,46; Mc 15,34 |
Sl 34,20; Ex 12,46 | Não quebrou nenhum osso | Jo 19,33-36 |
Is 53,5; Zc 12,10 | Perfurado por lança | Mt 27,49; Jo 19,34-37 |
Is 53,5.8; 11,12 | Morte sacrifical para levar os pecados | Mt 20,28; Jo 1,29; Rm 3,24; 4,25 |
Is 53,9 | Sepultado com os ricos | Mt 27,57-60; Jo 19,38-42 |
Jn 1,17;2,10 | Depois de três dias na sepultura, Ressuscita | Mt 12,39-40; 16,21; 17,23; 27,64 |
São apenas algumas. Se fôssemos realmente estudar sobre messianismo necessitaríamos pegar livro por livro da categoria dos livros proféticos quanto ao anúncio a cerca do Messias.
Além de Jesus ser o Messias, Jesus é o SENHOR:
“Que toda a casa de Israel saiba por tanto que esse Jesus que vós crucificastes, Deus o outorgou como SENHOR E CRISTO”.
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