Jéssica Marçal
Da Redação
Da Redação
O
Papa Francisco reuniu-se na manhã desta segunda-feira, 22, com a Cúria
Romana, para os tradicionais votos de fim de ano. Ele falou do perigo de
algumas doenças que podem afetar tanto a Cúria quanto cada cristão,
propondo, assim, um exame de consciência a fim de preparar o coração
para o Natal. Ele também enfatizou que o Espírito Santo é capaz de curar
toda enfermidade.
A
imagem sobre a qual o Pontífice se concentrou em seu discurso foi a do
Corpo de Jesus, comparando a Cúria a um pequeno modelo da Igreja, ou
seja, um corpo que procura ser mais vivo, mais harmonioso e unido em si
mesmo e em Cristo.
O
Santo Padre reconheceu a complexidade da Cúria Romana que, justamente
por sua dinamicidade, não pode viver sem o relacionamento vital com
Cristo. Um membro da Cúria que não se alimenta disso acaba se tornando
um burocrata, um ramo que murcha e morre lentamente, disse.
“A
oração cotidiana, a participação assídua nos Sacramentos, de modo
particular na Eucaristia e na reconciliação, o contato cotidiano com a
palavra de Deus e a espiritualidade traduzida em caridade vivida são
alimento vital para cada um de nós”, indicou.
Francisco
lembrou que a Cúria é chamada a melhorar constantemente e a crescer em
comunhão, santidade e sabedoria para realizar sua missão. Porém, como
todo corpo, ela também está exposta a algumas doenças, que enfraquecem o
serviço a Deus.
O Santo Padre fez um “catálogo” dessas doenças que podem afetar a Cúria, elencando 15 itens:
1 – sentir-se imortal, imune ou até mesmo indispensável, negligenciando os controles necessários e habituais. “Uma Cúria que não faz autocrítica, que não se atualiza é um corpo enfermo”. É o “complexo dos eleitos, do narcisismo”
2 – a doença do “martalismo” (que vem de Marta), da ocupação excessiva, os que trabalham sem usufruirem do melhor. A falta de repouso leva ao stress e à agitação
3 – a doença do “empedramento” mental e espiritual, isso é, daqueles que têm coração de pedra. Quando
se perde a serenidade interior, a vivacidade e a audácia e nos
escondemos atrás de papeis, deixando de ser “homens de Deus”
4 – planejamento excessivo e funcionalismo, tornando o apóstolo um contador ou comercialista. “Quando
o Apóstolo planifica tudo minuciosamente e pensa que assim as coisas
progridem torna-se num contabilista”. É a tentação de querer pilotar o
Espírito Santo
5 – má coordenação, sem harmonia entre as partes do “corpo”.
6 – “Alzheimer espiritual”, ou seja, o esquecimento da história da Salvação, da história com o Senhor, do “primeiro amor”
7- rivalidade e orgulho, quando a aparência, as cores das vestes e insígnias de honra tornam-se o objetivo primário da vida. “Leva-nos a ser falsos e a viver um falso misticismo”
8– esquizofrenia existencial,
que é a doença dos que vivem uma vida dupla, fruto da hipocrisia típica
do medíocre e do progressivo vazio espiritual que licenciaturas ou
títulos acadêmicos não podem preencher
9 – fofocas, murmurações e mexericos. “É
a doença dos velhacos que não tendo a coragem de falar diretamente
falam pelas costas. Defendamo-nos do terrorismo dos mexericos”
10 – a doença de divinizar os chefes, que é a daqueles que cortejam os superiores esperando obter sua benevolência. “Vivem o serviço pensando unicamente àquilo que devem obter e não ao que devem dar”. Pode acontecer também aos superiores
11- indiferença para com os outros. “Quando se esconde o que se sabe. Quando por ciúme sente-se alegria em ver a queda dos outros em vez de o ajudar a levantar”
12 – doença da “cara fúnebre”,
de pessoas carrancudas que pensam que para serem sérias é preciso
pintar a face de melancolia, de severidade e tratar os outros com
rigidez, dureza e arrogância. “O
apóstolo deve esforçar-se por ser uma pessoa cortês, serena, entusiasta
e alegre e que transmite alegria…”. “Como faz bem uma boa dose de são
humorismo”
13 – a doença do acumular,
quando o apóstolo procura preencher um vazio existencial no seu coração
acumulando bens materiais, não por necessidade, mas para se sentir
seguro
14 – doença dos círculos fechados, onde a pertença ao grupinho se torna mais forte que aquela ao Corpo e, em algumas situações, ao próprio Cristo
15 – a doença do lucro mundano, do exibicionismo. “Quando o apóstolo transforma o seu serviço em poder e o seu poder em mercadoria para obter lucros mundanos ou mais poder”.
“Irmãos,
tais doenças e tentações são naturalmente um perigo para cada cristão e
para cada cúria, comunidade, congregação, paróquia, movimento
eclesial…e podem atingir seja em nível individual seja comunitário”,
disse o Papa, lembrando que apenas o Espírito Santo é capaz de curar
toda enfermidade.
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